Especialista do
CEJAM explica sintomas, diagnóstico e formas de tratamento, além de dar dicas
de como evitar a picada do carrapato-estrela
Nos últimos dias, os óbitos do piloto Marcelo Costa
(42), da dentista Mariana Giordano (36) e de Evelyn Santos (28) reforçaram o
alerta a respeito da febre maculosa, doença causada por uma bactéria chamada Rickettsia
rickettsii, transmitida pela picada do carrapato-estrela. Os três,
que estiveram na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, em
Campinas (SP), receberam diagnósticos positivos para o caso.
“Os animais artrópodes são comuns em áreas rurais do país, principalmente em
locais com mata e vegetação. No interior de São Paulo, existem casos com certa
recorrência. O carrapato-estrela, geralmente, aparece em cavalos, capivaras e
animais de pasto. No entanto, até mesmo os cachorros que vivem em áreas de
fazendas podem ser infectados”, afirma Dra. Rebecca Saad, coordenadora do SCIH
(Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do CEJAM - Centro de Estudos e
Pesquisas "Dr. João Amorim".
Apesar disso, nem sempre a doença é contraída a partir do contato direto com
animais que estão com o carrapato. Muitas vezes, pela proximidade com a
pastagem ou mata, onde eles estiveram, já é possível ser vítima de picadas.
“Algumas doenças infecciosas, como dengue e
hantavirose, têm sintomas semelhantes, o que gera dúvidas. No caso da
febre maculosa, dor de cabeça, dor no corpo, dor abdominal, vômito, febre e
possíveis áreas de sangramento são habituais. Porém, o que mais chama a atenção
nesses casos são os pontinhos vermelhos que começam a aparecer no corpo e que
podem ir aumentando de tamanho", explica a infectologista.
Em nota, o Instituto Adolfo Lutz informou que, em 2023, já foram registrados 12
casos de febre maculosa no estado de São Paulo, com a confirmação de seis
óbitos até o momento.
"O mais importante é que os médicos sejam muito bem treinados, porque é
uma doença endêmica que, como vimos, pode levar à morte. Por isso, é necessário
que os profissionais da saúde estejam cientes disso e examinem cuidadosamente
os pacientes com sintomas", enfatiza a especialista.
Inicialmente, o diagnóstico é clínico para agilizar os cuidados e, em seguida,
confirmado por meio de exames de sangue, como o de Reação de Imunofluorescência
Indireta (RIFI), que detecta a presença de anticorpos contra a bactéria no
corpo, e o de Técnica de Biologia Molecular (PCR), que detecta o material
genético da bactéria.
Além deles, é possível diagnosticar a doença por meio do Exame de
Imunohistoquímica, que detecta a bactéria a partir de biópsias de lesões na
pele, e pelo isolamento da bactéria a partir do sangue, fragmentos de tecidos
ou órgãos.
Tanto o diagnóstico quanto o tratamento são relativamente simples, sendo
necessário apenas o uso de antibiótico, oferecido de forma gratuita pelo
Sistema Único de Saúde (SUS).
"Se o diagnóstico e tratamento forem realizados nos primeiros 2 ou 3 dias
após a pessoa contrair a doença, há uma grande chance de uma boa recuperação.
Contudo, se esse período passar e o diagnóstico não for feito, a doença se
torna grave, com risco de mortalidade", reitera Dra. Rebecca.
Além do risco de óbito, a febre maculosa também pode deixar sequelas no sistema
motor e neurológico e causar encefalite em alguns pacientes, conforme
mencionado pela médica.
Como evitar a doença?
Ao visitar áreas rurais, é importante evitar o uso de shorts, chinelos e roupas
que exponham muito o corpo. Assim, é recomendado priorizar calças e botas para
dificultar o acesso do carrapato à pele. Não só isso, o uso de repelente também
é uma forma de se proteger, pois a substância conhecida como DEET
(N,N-dietilmetatoluamida) previne a picada do carrapato-estrela.
Para aqueles que vivem e trabalham nas áreas de risco, a especialista deixa um
alerta: “É importante que fiquem atentos aos sinais do corpo. Agora, mais do
que nunca, é essencial estar sempre se observando, para que, em caso de picada
pelo carrapato, seja possível removê-lo o mais rápido possível e obter todo o
apoio médico necessário".
Além disso, segundo a médica, evitar caminhar em áreas e parques onde há
presença de capivaras e cavalos também é uma forma de preservar a saúde e
evitar a doença.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
cejam.org.br/noticias
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