Precisa falar algo, mas não sabe como? Pode ser difícil mesmo, sinal que o assunto importa para você! Tudo que mexe e remexe e tira a nossa paz está sinalizando uma necessidade de transformação e de ser verbalizado.
Não ter a conversa e tentar fingir que essa questão
não importa, poderá piorar a situação para própria pessoa, inclusive engolir
sapos, temas ou situações pode prejudicar a saúde mental e física, já está
comprovado.
“O pior de não iniciar essas conversas pessoais,
profundas e que tocam nas vulnerabilidades e medos, é não ter a conversa. Ao
não exacerbar a temática, o indivíduo nunca poderá saber o resultado ou iniciar
um processo de mudança, ainda que o desfecho não seja previsível”, explica
Diana Bonar, facilitadora em Comunicação Não Violenta.
Segundo a especialista, alguns elementos são
importantes para ter em mente. Entre os quais, é entender que o que torna uma
conversa desafiadora é a imprevisibilidade que ela traz. Não saber a reação da
outra pessoa, a sua mesma, os caminhos que ela pode percorrer e o resultado
final. Tudo isso permeia o senso de segurança, estabilidade e previsibilidade
das pessoas envolvidas, trazendo tensão, ansiedade, frustração e tristeza.
Para Diana, entrar em uma conversa deste tipo é
importante saber lidar com o imprevisível da vida. E surfar as ondas de
incômodo e do "não saber" que irão surgir no meio do caminho.
“É muito importante ter em mente, que não é sobre
NÃO SENTIR ou NÃO INCOMODAR, mas desenvolver competências emocionais e
comunicacionais para auxiliar o trato com esses momentos”, enfatiza.
De acordo com suas pesquisas literárias no assunto
e sua própria experiencia de vida pessoal e profissionais ao longo de quase
duas décadas, Diana apresenta algumas considerações antes de iniciar esse papo
reto:
- Entenda: uma conversa sensível é
sobre duas ou mais almas humanas. E envolve uma complexidade muito grande.
Tenha afeto e zelo por você e pela outra pessoa. Como nos ensina Karl Yung
"Quando tocar uma alma humana, seja apenas mais uma alma humana";
- Revele: logo de início, da sua
forma, o valor que a relação teve/ou ainda tem para você. Mostre que enxerga a
outra pessoa. Isso diminui a reatividade de quem lhe ouve e traz a pessoa para
um campo de diálogo, e não de batalha;
- Mostre: a sua intenção e como você
se sente com isso. Mesmo se não houver clareza, comunique o seu caos, confusão,
insegurança;
- Sinta: se precisar chorar, chore.
Deixe as emoções aparecerem e se dissiparem como uma respiração, que vai e vem.
Represar fortes emoções não será o melhor caminho;
- Busque: comunicar suas
necessidades. Revele o que é importante para VOCÊ, ainda que a outra pessoa
rejeite ou não concorde. Você não poderá mentir para você mesma. Deixe quem
você é aparecer, ainda que seja com imperfeições e falibilidade;
Escute: escute. escute. Escute por trás da expressão corporal, escute por trás
dos questionamentos, escute por trás das críticas e julgamentos. Permita que a
outra pessoa também se revele, ainda que você não goste ou não concorde;
Antes de finalizar, a especialista em CNV, destaca
que a conversa é como uma dança: possivelmente a questão abordada não se
encerrará em um único ciclo de diálogo. A compreensão mútua é um processo.
Respeite os seus tempos e voltem a bailar. Se for
necessário, interrompa ou saia da conversa. A raiva e a mágoa nos fazem dizer e
fazer coisas cruéis. Não se permita agir assim, porque dará mais trabalho
depois. Desejo que você respire nesta reflexão. Que supere o medo do
imprevisível. Que acesse a sua vulnerabilidade”, encerra Diana Bonar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário