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quinta-feira, 15 de junho de 2023

Envelhecer com Saúde – Ilusão ou Possibilidade?

 
Hoje as possibilidades são muitas e experts em antienvelhecimento acreditam que a chave da boa saúde é a manutenção de níveis adequados de produção de energia celular. Assim, entender como o corpo produz energia pode, obviamente, nos trazer vantagens, do ponto de vista de podermos ser facilitadores ou auxiliadores do processo, para que a produção desse “bem” se mantenha em excelente performance. Sim, pois a primeira coisa que observamos é que existe uma relação muito íntima entre a diminuição da produção de energia celular, o envelhecimento e as doenças.

Já é possível medirmos a produção de energia celular, e o médico Dr. Frank Shallenberger observou que pacientes jovens podem ter uma produção energética tão pequena quanto uma pessoa de 80 anos. Por outro lado, o contrário também é verdadeiro, pessoas mais velhas, até mesmo com 90 anos, podem ter excelente produção de energia celular e exibir extraordinária saúde e vitalidade. No entanto, a diminuição da produção de energia começa muito cedo, em torno dos 30 – 40 anos de idade, sem que haja qualquer indício de que o processo iniciou.

Embora tenhamos conhecimento, fatores como estilo de vida, dieta alimentar e o hábito de fumar têm enorme influência sobre quando os sintomas do envelhecimento surgirão. Mas muito antes de notarmos os sinais, o processo já começou e os sintomas estão a caminho. A questão aqui não é se, mas, sim, quando. 

Sintomas relacionados ao envelhecimento não são causados por nenhuma doença ou condição psicológica. Na medicina convencional você pode ter muitos sintomas e, ainda assim, ser considerado saudável para a idade que tem.

É muito comum sentirmos que alguma coisa não está bem, como uma dor de cabeça, dores nas costas, falta de energia, fadiga, enfim qualquer sintoma estranho ao bem-estar geral. Daí vamos ao médico, fazemos exames e tudo parece estar bem e o médico diz: “Você está ótimo!” E você sai de lá feliz, quase acreditando que está tudo bem mesmo, mas o fato é que os incômodos e sintomas continuam...

 Exemplos de sintomas atribuídos ao envelhecimento natural:

● Ansiedade e depressão                                                          

● Diminuição da memória                                         

● Diminuição do nível de energia                                

● Diminuição da função do sistema imunológico   

● Pele seca, enrugada                                                     

● Diminuição do desejo/função sexual                      

● Distúrbios urinários e da bexiga                               

● Ganho de peso e aumento da gordura corporal  

● Fraqueza, cansaço

 ● Diminuição do equilíbrio

● Diminuição da concentração

● Distúrbios digestivos

● Perda de Cabelo

● Insônia

 ● Dor nas juntas/músculos

 ● Problemas de visão e audição

No entanto, segundo Shallenberger a causa primária de todos esses sintomas, doenças, alergias, fadiga, infecções, obesidade e até mesmo o processo de envelhecimento é devido a diminuição da produção de energia celular. Segundo o médico, é possível prevenir, tratar e curar todas as doenças. Até mesmo os chamados sintomas do envelhecimento podem ser minimizados. O segredo – Energia!

Mas quem fabrica energia é o corpo, convertendo o oxigênio que respiramos em dióxido de carbono. Lembram das aulas de ciência? Pois é, não dá para ir ao supermercado e comprar energia, certo? O processo de produção de energia celular é relativamente complexo, mais ao mesmo tempo simples e perfeito. Envolve trilhões de células existentes no corpo, moléculas de oxigênio, hidrogênio, açúcar, gordura, vitaminas, minerais e aminoácidos, que participam de um processo enzimático gerando enorme quantidade de energia. Em torno de 60% dessa energia é usada para produzir calor, e 40% é usada nas demais reações fisiológicas e bioquímicas do corpo.

Toda produção de energia começa pelas plantas e o sol. Através do processo chamado fotossíntese estas convertem o dióxido de carbono, presente no ar atmosférico, e transformam em oxigênio. Enquanto isso, os seres humanos e os animais inalam oxigênio produzido pelas plantas e convertem em gás carbônico, que é devolvido à natureza. Durante este processo o corpo fabrica energia aeróbica, ou seja, na presença de oxigênio.

Ao examinarmos um pouco mais de perto o que acontece com o oxigênio que inalamos conseguimos entender melhor a importância do processo de fabricação de energia pelas células. Assim, ao inspirarmos, a primeira etapa da utilização do oxigênio é feita pelos pulmões.  Aí o oxigênio se liga ao ferro, presente na hemoglobina (célula sanguínea) e é transportado para todas as células do corpo.

Uma vez oxigenado o sangue viaja por centenas de quilômetros de artérias e arteríolas até alcançar os pequeníssimos capilares, e é aí que a hemoglobina vai realmente liberar o oxigênio para que este seja usado pelas células. Porém, isso só será possível na presença de uma enzima chamada 2,3 DPG. Caso não haja enzima suficiente o oxigênio não é liberado da hemoglobina e esta volta ao coração, carregando o oxigênio que deveria ter sido usado pelas demais células do corpo.

Ora, ao observamos a trajetória do oxigênio após inalação, vemos as inúmeras oportunidades que temos de participar de forma ativa, como auxiliadores na produção máxima de energia, que nos garantirá boa saúde e retardamento do processo de envelhecimento. Por exemplo, pessoas que não têm o hábito de se exercitar regularmente ou têm elevados níveis de insulina ou diabetes, têm níveis menores de 2,3 DPG. Isso faz com que as células não tenham oxigênio suficiente, ainda que os pulmões, o coração e as artérias estejam em perfeitas condições. A quantidade de oxigênio dissolvido no sangue pode ser normal, no entanto esse oxigênio não consegue entrar nas células, onde estão as verdadeiras fábricas de energia – uma organela chamada mitocôndria. E esta precisa do oxigênio para a produção máxima de energia aeróbica.

Lembrando, então, que o oxigênio se liga à hemoglobina do sangue e vai ser entregue nas células. Portanto, quanto mais hemoglobinas temos mais oxigênio será distribuído pelo corpo. Porém, o cigarro e outras formas de poluição atmosférica se ligam à uma certa porcentagem de hemoglobinas e interferem na capacidade que estas têm de carregar a moléculas de oxigênio. Por exemplo, fumar um único cigarro reduz a capacidade da hemoglobina carregar o oxigênio por 48 horas. Doenças do pulmão como asma, bronquite e enfisema diminuem a habilidade do sangue de pegar o oxigênio nos pulmões.

Outro fato que também interfere na captação do oxigênio a nível dos pulmões é a respiração errada. Não é de se admirar que a prática de Ioga, que envolve exercícios e respiração é, reconhecidamente, benéfica à saúde.

Depois dos pulmões o oxigênio segue viagem e chega ao coração. Este vai bombear o sangue para todas as partes do corpo, e aqui dois fatores são importantes no funcionamento do coração para uma boa oxigenação de órgãos e células: a taxa de batimentos cardíacos e o volume de sangue bombeado. Infelizmente, ambos parâmetros diminuem com a idade, no entanto programas de exercícios e tratamentos naturais precoces, como controle hormonal, também ajudam a manutenção e bom funcionamento do coração.

Não sei se chamou a sua atenção, mas você notou como podemos participar do bom funcionamento e produção de energia pelo corpo? E como fazer exercícios traz enormes benefícios à saúde? Sim, eu sei, isso não é novidade, mas você entende o porquê? Espero que eu tenha conseguido deixar um pouco mais claro! 



Florence Rei - formada em Química pela Oswaldo Cruz em São Paulo, graduada pela Faculdade de Medicina OSEC em Biologia e formada em Microscopia Eletrônica. Atualmente vive na Flórida (USA) e desde 2019 vem atuando como pesquisadora independente e escritora.
florence.rei.florence@gmail.com

 

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