Para fazer frente à carência de mão de obra
qualificada no setor, empresa goiana cria programa que já formou cerca de 100
profissionais. Além de formar novos talentos, iniciativa paga salário durante
realização de curso, que tem duração de um ano
Se
algumas décadas atrás, o sonho do jovem no campo era ir para cidade em busca de
melhores oportunidades de trabalho, hoje o caminho é o inverso e o agronegócio
já atrai até quem não é do meio rural. De acordo com pesquisa do Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, a empregabilidade do setor
aumentou em 2022, tendo, no terceiro trimestre daquele ano, 19,07 milhões de
pessoas em atuação.
Goiás é destaque na geração de empregos no agro. Conforme Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged), o estado lidera a geração de empregos com
carteira assinada no agronegócio na região Centro-Oeste e é o segundo no
ranking nacional do segmento. Só em março deste ano, dado mais recente do
Caged, foram 4.814 vagas de saldo positivo. E mesmo com o surgimento
dessas milhares de oportunidades, o agro ainda tem vagas sobrando e carência de
mão de obra qualificada.
Para tentar fazer frente a esse problema, empresas como a goiana Pivot Máquinas
Agrícolas e Sistemas de Irrigação estão, não só estão constantemente com vagas
em aberto, mas também capacitando novos profissionais. Desde 2020, a companhia,
que é uma das líderes nacionais na comercialização de maquinário agrícola e
sistema de irrigação por pivô central, promove o Pivot Training, um programa de
recrutamento de novos talentos que seleciona jovens acima de 18 anos, dando um
curso técnico na área de manutenção agrícola. Os participantes do programa, que
tem duração de um ano, são contratados com carteira assinada e recebem um
salário mínimo.
“Desde o início do programa, já são mais de 100 jovens que foram contratados
como trainees e a grande maioria que concluiu o treinamento foram encaminhados
a uma das 12 lojas da Pivot, espalhadas pelos estados de Goiás, Minas e Bahia”,
informa a analista de recrutamento e seleção do Grupo Pivot, Polyana Borges de
Carvalho. Ela explica que para participar do programa não é necessário
experiência. “Pedimos apenas que a pessoa seja maior de 18 anos, tenha Ensino
Médio completo, apresente vontade de aprender uma nova profissão e more próximo
às cidades onde a Pivot possui lojas”, explica.
Diante de um agronegócio cada vez mais dinâmico e tecnológico, Polyana afirma
que o programa Pivot Training foi a melhor solução que a empresa encontrou para
contornar a dificuldade de se conseguir mão de obra qualificada. “Hoje, com a
forte expansão do agronegócio no mundo e diante de ferramentas como drones,
maquinários automatizados que usam até inteligência artificial em seus
sistemas, se requer cada vez mais uma qualificação profissional que décadas
atrás não existia”, ressalta a analista.
Jovens talentos
Integrante da primeira turma do Pivot Training, em 2020, o técnico em
manutenção de equipamentos agrícolas, Marcos Eduardo Moura Justino, que hoje
atua numa das lojas da Pivot em Goiânia, diz que o programa de capacitação foi
fundamental para ele. “Esse treinamento me ajudou de todas as formas
possíveis, porque com a teoria passada no treinamento, eu tive base para estar
atuando onde atuo hoje”, revela.
O técnico mecânico Victor Hugo da Silva Ferreira, faz parte da segunda turma do
Pivot Training. Ele conta que sempre gostou de mecânica, mas não tinha tido
ainda a oportunidade de atuar na área. “Quando era adolescente, eu trabalhei
num tipo de oficina que fazia reforma de bancos de carros, mas ainda não era o
que eu queria. Querendo trabalhar na área foi para a auto-elétrica de um primo,
eu acabei entrando no Senai para fazer um curso de técnico eletricista.
Lá conheci um professor, que anos depois, me indicou para atuar na área de
mecânica agrícola, que segundo ele, tinha muitas oportunidades de emprego e
oferece uma remuneração melhor”, relembra Victor Hugo, que trabalha na loja da
Pivot de Nova Crixás.
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