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quinta-feira, 22 de junho de 2023

Diversidade no estágio é valioso para a sociedade

Veja como esse aspecto é importante e traz benefícios para a população

 

Atualmente, a diversidade é um tema bastante discutido e o mundo avançou muito nesse sentido. Entretanto, infelizmente, o cenário ainda está bem longe do ideal. Os mais variados tipos de preconceitos estão presentes em todas as esferas da sociedade e, no universo corporativo, não é diferente. Portanto, os líderes devem se manter ligados para melhorar e evoluir nesse aspecto. Nesse contexto, é essencial incentivar essa prática desde a contratação dos estagiários. 

Sendo assim, o indicado aos gestores é a busca por equipes de alta pluralidade racial, de gênero, religiosa, inclusão da comunidade LGBTQIAP+, pessoas com deficiência (PcDs)  e, se possível, de várias regiões e até países. Dessa forma, esses indivíduos têm a chance de ingressar no mundo corporativo, ganhar experiência e mostrar seu valor. 

Quando um jovem formado em escola pública e família de baixa renda, chega a um alto cargo ou uma posição de destaque na sua profissão, influencia outros milhões na mesma situação. Essa esperança é muito valiosa e, portanto, não basta apenas falar do assunto, é preciso aplicá-la no cotidiano. 

Nesse sentido, o estágio é uma peça essencial para o desenvolvimento da nação. Afinal, só está apto para a modalidade quem estiver matriculado em uma instituição de ensino superior, profissional, médio e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos - EJA. 

Além de manter o pessoal nas salas de aula, o programa também ajuda financeiramente. Isso porque a corporação deve ofertar uma bolsa-auxílio. Dessa maneira, o integrante pode utilizar esse valor para pagar os estudos, complementar a renda familiar, sustentar o lar, aplicar em projetos pessoais, investir em novas competências, entre outros. De qualquer forma, estará ajudando a economia a girar. Ao dar essa chance para indivíduos pertencentes a minorias sociais, cria-se um “efeito dominó” e cada vez mais essa parcela da população estará inserida nas companhias. Consequentemente, a probabilidade de alcançarem cargos mais altos no futuro fica maior.

 

O papel das mulheres pretas no mundo corporativo 

A diversidade e a inclusão são assuntos essenciais e devem ser discutidos diariamente em qualquer empresa. No entanto, cada uma aborda e implementa esses temas de maneiras diferentes. Para obter uma visão mais abrangente, a pesquisa "Benchmarking: Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil 2022", conduzida pela Blend Edu, identificou as 11 ações mais comuns nos programas internos das companhias: 

1.   campanhas e ações de comunicação para potencializar o diálogo inclusivo interna e externamente

2.   eventos para promover a temática

3.   grupos de afinidade para os colaboradores

4.   canal de denúncias para reportar casos preconceito

5.   treinamentos para o grupo

6.   realização de pesquisas sobre o assunto

7.   monitoramento dos índices colhidos

8.   recrutamento e seleção de minorias

9.   capacitação dos líderes

10.               política interna sobre pluralidade

11.               participação em redes empresariais de diversidade

 

Logo, algumas medidas são tomadas, mas é o suficiente? O Brasil é reconhecido por sua variedade, tanto cultural quanto racial e isso influencia diretamente os diferentes perfis presentes no mercado. Com 56% da população brasileira composta por pessoas negras, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, sendo a maioria na sociedade, é surpreendente em estudos sobre comportamento de consumo mencionar tão pouco esse público, parecendo ausente.

 

Essa é a questão levantada por Adriana Alves, coordenadora do programa Aceleradora de Carreiras do Comitê de Igualdade Racial no Grupo Mulheres do Brasil, em seu TEDx "A melhor forma de rasgar dinheiro". Ela exemplifica como as companhias perdem oportunidades ao ignorar uma parcela significativa dos compradores:

 

"Isso é o custo do racismo no país. Apenas em 2022, as brasileiras pretas movimentaram 704 bilhões de reais, mesmo com uma renda mensal per capita 40% menor em relação às brancas, devido à desigualdade econômica racial. Além disso, 61% dos negros comprariam mais de marcas as quais os representassem, até mesmo trazendo protagonismo para eles em campanhas publicitárias. Ao analisar esses dados, fica claro como o mercado precisa prestar mais atenção a esse público se deseja aumentar a receita e ampliar o alcance do negócio".

 

Os conselhos das organizações representam os espaços onde as decisões são efetivamente tomadas e eles são compostos principalmente por homens brancos. Apenas 16% das instituições no Brasil têm mulheres liderando a administração, de acordo com o estudo "Mulheres na Liderança" da Teva Índices. Segundo a Fundação Getúlio Vargas - FGV, a participação das colaboradoras negras diminuiu durante a pandemia. Apenas metade desse grupo estava empregado (51,2%).

 

No entanto, a diversidade está diretamente relacionada ao aumento da lucratividade dos negócios. Existem pesquisas conceituadas, como as de Harvard, comprovando esse fato. Essa movimentação e inclusão da heterogeneidade nas empresas podem trazer grandes oportunidades de negócios. 

 

A igualdade de gênero é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas - ONU. Conforme levantamento da LHH, essa equidade contribui, em média, com 21% para o lucro e impacta a imagem da marca junto aos clientes e à sociedade. Os locais com elevação na presença feminina em até 30% nos cargos mais altos tiveram elevaram em 15% a rentabilidade. 

 

O desafio está em encontrar maneiras práticas de tornar o ambiente corporativo mais diversificado. Um dos primeiros passos é promover discussões e abordar o tema em todas as esferas organizacionais, a fim de criar uma cultura bem estabelecida. Afinal, quando há uma homogeneidade excessiva de pensamentos, as chances de encontrar soluções efetivas para problemas são menores em comparação a ter ideias diferentes trabalhando juntas para resolver tais questões.

 

Não há idade máxima para estagiar

 

Com um mercado cada vez mais concorrido, profissionais com idades mais avançadas buscam por novas carreiras e muitos decidem começar do zero uma nova história. No entanto, ao tentarem ingressar em um estágio, passam dificuldades. Bastante gente me pergunta sobre a faixa etária limite para a modalidade, entretanto, isso não existe. Se você é um estudante regularmente matriculado e tem 20, 40, 50 ou até 70 anos, está apto.

 

Os recrutadores devem ter alguns cuidados, como a utilização de linguagem adequada e divulgação correta da vaga. Contar com uma plataforma de fácil uso, treinamentos assertivos e um grupo diverso também trazem efeitos positivos. Setores como a tecnologia, por exemplo, carecem de mão de obra qualificada e tem um grande número de sujeitos migrando para a área. Essas pessoas precisarão de uma oportunidade para vivenciar na prática a teoria da sala de aula.

 

São várias vantagens adquiridas quando se tem um membro mais experiente no quadro. Ele terá valores sólidos e anos enfrentando adversidades empresariais, solucionando problemas e também fracassando. Tudo isso tem relevância e fará a diferença na hora de tomar uma decisão delicada ou elaborar uma nova estratégia.

 

Portanto, abra as portas do seu negócio para esse pessoal motivado, ávido por mostrar seu potencial e contribuir para o desenvolvimento. Dessa forma, além de fortalecer sua equipe, você estará colaborando com a economia e a educação do Brasil. Essa luta é de todos nós. Conte com a Abres!

 

Carlos Henrique Mencaci - presidente da Associação Brasileira de Estágios - Abres


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