Psicóloga Monique
Stony explica que vida conjugal costuma ficar abalada nos primeiros anos, mas é
possível manter a chama do amor acesa
Quando um casal tem um filho é bastante comum que a
vida conjugal fique abalada nos primeiros anos após o nascimento. Alguns
estudos apontam, inclusive, que um a cada cinco casais terminam seu
relacionamento em até um ano após a chegada da criança. Geralmente, isso
acontece porque existe uma incongruência grande de interesses e expectativas
entre os parceiros nos primeiros meses após a chegada dos filhos.
Enquanto a mulher está tentando sobreviver ao caos
no pos-parto e puerpério, tentando dar conta das alterações hormonais, físicas
e emocionais do período e com foco em garantir a sobrevivência do filho, os
impactos para a vida dos parceiros tendem a ser significativamente menores.
De acordo com Monique
Stony, psicóloga e executiva de Recursos Humanos, e autora do livro “Vença
a Síndrome do Degrau Quebrado”, lançado recentemente pela Editora Gente, é mais
difícil para os homens mensurar tudo o que a mulher está passando. Suas rotinas
de compromissos tendem a voltar ao que eram antes dos filhos, e, com isso, vem
a expectativa de resgatar a atenção no relacionamento com suas parceiras.
“O homem geralmente se sente abandonado, tentando
encontrar seu espaço nessa relação, agora com novos integrantes. A
responsabilidade pela criação e pelos cuidados das crianças normalmente pesa
para o lado das mulheres. A sobrecarga das atividades domésticas aumenta,
principalmente para elas, assim como a exaustão. As diferenças entre os
parceiros ficam mais aparentes e os ruídos no relacionamento, que já existiam
antes dos filhos, ficam insustentáveis”, explica.
Mas como agir para manter acesa a chama do
relacionamento com todas essas mudanças? Segundo Monique,
é importante resgatar o conceito da “Pirâmide de Maslow”. “Existe uma
hierarquia das necessidades humanas. Enquanto a mulher estiver sofrendo com
privação do sono, exausta sem conseguir se alimentar ou tomar um banho direito,
dificilmente ela vai ter desejo por seu parceiro. Então as necessidades da base
da pirâmide precisam ser atendidas primeiro. Com muita comunicação, empatia e
aliança na relação, é possível fazer acordos sobre divisão de tarefas e
responsabilidades em casa, além de pedir a ajuda de terceiros para aliviar a
carga da família”, sugere.
A psicóloga acredita que a chama se mantém quando
existe sentimento de parceria e cumplicidade entre o casal. “Enquanto a mulher
sentir que não está sendo apoiada, que está sobrecarregada, que não pode contar
com seu parceiro, naturalmente isso vai impactar no seu interesse por ele”,
diz.
Ela explica que também é comum ver diferenças se
tornarem evidentes quando os desafios com os filhos se apresentam, como por
exemplo na forma de educar, na forma de se alimentar, nos hábitos de vida, no
pensamento sobre religião, sobre política ou sobre formas de se relacionar. “A
melhor maneira de lidar com isso é ter este tipo de conversa antes mesmo da
chegada dos filhos, entendendo que cada um tem a sua perspectiva, mas buscando
um ponto de entendimento comum. Depois que os filhos nascem, então é importante
estar aberto a ouvir e respeitar a perspectiva do outro, tendo clareza de quais
são os pontos negociáveis para você e quais não são, para tentar chegar a um
acordo”, revela.
Além disso, a especialista reforça a importância de
se destinar um um tempo só para o casal, a fim de manter os laços estreitos. “É
importante que o casal também saiba se priorizar, buscando momentos sem filhos.
Para isso, estabelecer uma rotina para as crianças torna-se fator fundamental
para abrir espaço. Por exemplo, após os filhos dormirem, o casal pode ter
algumas horas no fim do dia para namorarem ou assistirem a um filme juntos, em
casa mesmo”, diz.
Também vale planejar ocasiões, como um jantar fora
no final de semana, quando as crianças estarão na casa dos avós, ou praticar um
esporte juntos uma vez por semana. “Cumplicidade, intencionalidade e
criatividade fazem a diferença para manter a chama acesa no relacionamento após
a chegada dos filhos”, conclui.
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