Brasil saiu da
oitava para a 16º posição entre os países com mais cidadãos detidos ou expulsos
pelas autoridades fronteiriças
Dados do Serviço de Alfândega e Proteção de
Fronteiras dos EUA mostram que, em 2022, foram registrados 37.385 encontros com
brasileiros tentando entrar ilegalmente em solo americano –queda de 53,6% sobre
os mais de 80 mil flagrantes de 2021.
Encontro é um termo técnico dos órgãos de fronteira
que se refere a dois tipos distintos de evento: a detenção, que acontece quando
os imigrantes são levados sob custódia para aguardar julgamento; e a expulsão,
quando eles são imediatamente devolvidos para seu país de origem ou último país
de trânsito.
O Brasil foi a 16º nação mais flagrada na fronteira
dos EUA em 202, bem abaixo da oitava colocação do ano anterior, que registrou o
maior volume de brasileiros tentando fazer a travessia ilegal.
“Quando Donald Trump deixou a presidência dos EUA,
em 2021, muitos brasileiros correram para a fronteira americana achando que sua
política anti-imigrante seria substituída por algo muito diferente, o que não
aconteceu necessariamente. Embora a nova administração seja, de fato, muito
mais preocupada com as questões humanitárias e migratórias, qualquer mudança
mais estrutural no sistema de imigração depende de ampla articulação política,
e simplesmente não há consenso ainda entre os partidos Democrata e Republicano
sobre como resolver essa questão”, analisa o advogado Felipe Alexandre,
sócio-fundador da AG Immigration – escritório especializado em green cards para os
EUA e com sede em Washington, DC.
Alexandre destaca que o perfil do brasileiro que
pede asilo ou tenta entrar ilegalmente nos EUA é o de uma pessoa de classe
socioeconômica geralmente mais baixa, que não encontra no País uma perspectiva
de curto ou médio prazo para melhorar de vida. “Temos visto muitos casais
jovens, com ou sem filhos, sendo detidos na fronteira acreditando que nos EUA
está a solução para seus problemas”.
Crise imigratória nos EUA
O recuo nos encontros com brasileiros, porém, é
exceção à regra. Em dezembro, por exemplo, os EUA registraram 301.625
tentativas de travessia ilegal, atingindo um novo recorde pelo terceiro mês
consecutivo. Com isso, o volume total de 2022 superou os três milhões de
encontros – 33,5% acima da quantidade de 2021 (2,2 milhões), a maior até então.
Os países que mais tiveram cidadãos flagrados na
fronteira americana foram México, Cuba, Nicarágua, Guatemala e Honduras.
O fluxo crescente de imigrantes entrando
ilegalmente nos EUA, especialmente pela fronteira Sul, desencadeou diversas
crises políticas para a administração do presidente Joe Biden desde que ele
assumiu.
Não à toa, em janeiro deste ano, Biden anunciou uma
série de medidas para restringir a entrada de imigrantes que buscam asilo nos
EUA, criando inclusive um programa especial para cidadãos de Nicarágua, Cuba e
Haiti. Além disso, também foi disponibilizado um aplicativo para que os
estrangeiros possam agendar suas entrevistas nos portos de entrada do país,
evitando o tumulto de pessoas na fronteira.
“São medidas que podem apaziguar a política,
especialmente com vistas à disputa presidencial de 2024, mas que não resolvem o
dilema econômico dos EUA: o país depende fortemente da mão de obra estrangeira.
E hoje existem mais vagas abertas nas empresas do que pessoas desempregadas. Ou
seja, dificultar demais a entrada de imigrantes poderá ter um efeito perverso
sobre o crescimento americano”, comenta o CEO da AG Immigration, o empresário Rodrigo
Costa.
Nacionalidades mais flagradas
na fronteira dos EUA em 2022
- México:
815.273
- Cuba:
313.488
- Nicarágua:
217.091
- Guatemala:
216.518
- Honduras:
195.346
- Venezuela:
180.400
- Colômbia:
171.492
- Ucrânia:
133.528
- El
Salvador: 85.997
- Índia:
74.224
AG Immigration
Nenhum comentário:
Postar um comentário