Com a Copa do
Mundo se aproximando, muitas pessoas se sentem inspiradas a iniciar uma
atividade física, e é justamente neste momento que os cuidados cardiológicos se
tornam ainda mais necessários
Enquanto informações da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC) estimam que no Brasil existem mais de 14 milhões de cardiopatas,
o estudo “Copa do Mundo de Futebol como Desencadeador de Eventos
Cardiovasculares”, da Universidade de São Paulo (USP), publicado na Copa
anterior, explica que as ocorrências de infarto aumentam de 4% a 8% entre
brasileiros, durante o campeonato. Pensando nisso, o grau de preocupação e
cuidado dos especialistas está cada vez maior.
Segundo a Dra. Paola Smanio, cardiologista do
Fleury Medicina e Saúde, marca do Grupo Fleury, a atividade física, se
realizada com segurança, reduz o risco de doenças cardiovasculares e, também,
de outras enfermidades metabólicas e degenerativas. “Quem sofre de problemas no
coração, pressão alta, obesidade, diabetes e outras comorbidades necessita de
cuidados especiais para a prática de atividades físicas e a cautela deve ser ainda
maior durante a Copa do Mundo, principalmente, nos dias de jogos do Brasil,
quando o grau de ansiedade e estresse emocional fica mais elevado, podendo ser
um fator de risco adicional”.
Dados da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH)
mostram que a pressão arterial elevada já atinge 30% da população adulta.
Com a prática esportiva adequada, bem orientada e com regularidade, pode -se
observar a diminuição do percentual de gordura corpórea, que auxilia no
controle tanto dos níveis de triglicerídeos, quanto nos de glicemia no sangue.
“As atividades físicas interferem positivamente na função cardiovascular,
controle dos níveis da pressão arterial, aumento do HDL-colesterol,
triglicerídeos, melhor controle do peso corporal, diabetes e na liberação de
neurotransmissores como endorfinas e serotonina que nos ajudam no controle do
estresse”, ressalta a médica.
Para esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto “atividades
físicas, coração e Copa do Mundo”, a Dra. Paola responde abaixo
algumas perguntas.
1. Como realizar exercícios
físicos de forma segura?
Inicialmente, deve-se passar por uma avaliação
médica, quando será recomendado a realização de exames diagnósticos
complementares simples de rotina, se necessário até uma avaliação
multidisciplinar poderá ser incluída.
2. Qual o grupo de pessoas
deve ter mais cuidado para iniciar uma atividade física?
As pessoas com comorbidades como portadores de
doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e obesidade, entre
outros.
3. Qual o tipo de exercício físico
é recomendado para pessoas que ainda não têm o hábito?
É sempre importante iniciar e ir aumentando a
intensidade e frequência da prática aos poucos e escolher uma modalidade em que
o prazer esteja presente, sempre respeitando o limite da capacidade aeróbica e
muscular de cada um. Além disso, deve-se prestar atenção na vestimenta e
hidratação adequada de acordo com cada estação do ano.
4. Que tipo de exames são
necessários para uma avaliação médica antes da prática dos exercícios?
A avaliação médica independente da faixa etária,
sempre deverá ser realizada por todos que pretendem iniciar uma atividade
física, incluindo anamnese (entrevista com o paciente) e exame físico. Quanto
aos exames complementares como eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma
e exame de sangue, serão recomendados de acordo com o perfil de risco traçado
que inclui idade, hereditariedade, fatores de risco e doenças pré-existentes.
Se necessário, conforme cada caso, poderão ser solicitados outros exames mais
complexos.
5. Quem deve fazer esses
exames? Tem alguma faixa etária mais indicada?
Ressalto que todos devem passar por uma avaliação
com exame clínico e complementares para que o perfil de risco seja determinado.
De acordo com a faixa etária, há maior predomínio de algumas causas de eventos
cardiovasculares que devem ser investigados. Abaixo dos 35 anos, em geral,
deve-se afastar doenças estruturais, congênitas e valvulares. Após os 35 anos a
principal causa de eventos está mais associada à doença arterial coronária, entretanto,
é a partir dos 40 anos que o risco passa a ter incremento. Qualquer pessoa pode
estar sujeita a passar por uma intercorrência médica durante a atividade
física, até mesmo os mais jovens, pois há casos nos quais as cardiopatias
congênitas evoluem sem sintomas e durante a prática de exercícios físicos podem
causar uma morte súbita.
6. Uma pessoa com problemas no
coração pode realizar atividades físicas normalmente? Quais exercícios ou
atividades físicas indicadas?
Depende. Para portadores de algumas doenças
cardíacas estruturais, congênitas ou de maior gravidade o esforço pode estar
contra-indicado, mas na maioria das vezes a atividade física é até benéfica. O
ideal é ser acompanhada em serviços especializados de reabilitação
cardiovascular e atividade física supervisionada, em que cada cardiopata será
submetido a exames direcionados a sua patologia e receberá orientação médica
sobre o nível de esforço a realizar. Assim, é possível decidir qual o tipo,
intensidade e tempo de atividade física ideal.
7. Quanto à emoção dos jogos,
qual a recomendação para os cardíacos?
Para aqueles que são muito estressados e ansiosos,
recomendo que realizem uma avaliação com seu clínico ou cardiologista antes dos
jogos da Copa do Mundo, visando uma adequação, inclusão ou mudança de conduta
terapêutica. É importante buscar a estabilidade do ponto de vista clínico e
emocional, podendo até ser necessário o uso de medicamentos que diminuam o grau
de ansiedade e estresse.
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