Já dizia Peter Drucker: “Não há nada tão inútil quanto fazer eficientemente o que não deveria ser feito.”
Ao
falarmos em Produtividade Tóxica separamos o indivíduo de suas ações e, por tal
afastamento, somos capazes de observar e criticar este padrão de comportamento.
Produtividade
Tóxica é o desequilíbrio na vida profissional e pessoal caracterizado pela
constante necessidade de “estar ocupado”; é a preocupação de se sentir
constantemente produtivo; é trabalhar muito além do necessário na execução de
tarefas.
Executar
um trabalho de forma imediata, empírica, incessante ou mecânica, gera a
sensação de autonomia, controle e competência, afinal, produzir o tempo todo é
bom. Se estamos constantemente executando tarefas e cumprindo prazos, isso quer
dizer que levamos nosso trabalho a sério, que somos “úteis” e estamos aptos a
resolver problemas, correto? Não.
A
Produtividade Tóxica é o resultado de tais práticas, que têm por característica
principal o excesso e excessos geram consequências. A hiper produtividade é
consequência da pressão pela obtenção de resultados, auto exigência,
insegurança e competitividade, que por sua vez gera altos níveis de ansiedade e
estresse, que provocam frustração, insatisfação constante, alimentação
compulsiva, inapetência, tremores, alteração da pressão arterial, crises de
choro sem motivo aparente, falta de motivação, preocupação excessiva e pode
levar ao desenvolvimento de doenças ocupacionais como a depressão e a síndrome
do esgotamento profissional.
Em
junho deste ano, o Blog Impacto – FGV EAESP publicou o resultado de um amplo
estudo realizado por Paul Ferreira, vice-diretor do Núcleo de Estudos em
Organizações e Pessoas da Escola de Administração de Empresas de São Paulo. A
pesquisa revelou que 43% dos trabalhadores brasileiros alegam estar com
sobrecarga de trabalho; 31% sofrem pressão por resultados e metas; 30% sentem
que precisam estar disponíveis o tempo todo; 22% sentem dificuldade de ter
desempenho em sua plena capacidade de trabalho; 12% relatam a falta de
flexibilidade na jornada de trabalho; 12% sentem desconforto em compartilhar
seus desafios com colegas da equipe ou com a liderança; 11% sentiram que seu
desempenho estava sendo julgado por conta de outras necessidades durante a
pandemia; 9% sentem falta de iniciativas de saúde mental e mais de 75% dos
participantes do estudo alegam que os benefícios oferecidos pelas empresas não
são suficientes ou apenas parciais para a manutenção da saúde mental.
De
acordo com a escritora espanhola especialista em psicologia do trabalho e das
organizações e mestre em recursos humanos, María Jesús Álava Reyes, “produzir
se torna tóxico porque esse ritmo não pode se manter ao longo do tempo e causa
estragos na saúde. Também cria um ambiente tóxico porque há um descompasso
entre o trabalho e o restante de sua vida.”
Entretanto,
é possível superar a rotina de excessos, o primeiro passo é reconhecer qual é o
impacto de sua rotina de trabalho em sua saúde e na sua vida pessoal, para
isso, proponho os seguintes questionamentos:
1-
Estabeleço metas irreais?
2-
Estou angustiado e sinto culpa relacionada ao trabalho?
3-
Me sinto ansioso em meu tempo ocioso?
4-
Meu sucesso parece sem sentido?
5-
Me sinto cansado e sem energia?
Lembre-se:
1-
O não cumprimento de ambiciosas expectativas auto impostas geram uma culpa
esmagadora. Defina e cumpra metas saudáveis para garantir que suas
responsabilidades de trabalho não se infiltrem e consumam todo o seu tempo pessoal.
2-
O problema não é sua carga de trabalho, é você. Livre-se do ciclo de auto
aversão por não ser tão focado, tão eficiente ou tão produtivo quando gostaria
de ser. Há uma grande diferença entre o que você faz e quem você é. Seu valor
não está enraizado em sua produtividade.
3-
Atividades de lazer e diversão são de extrema importância para o bem-estar
físico e mental. Dedique tempo a hobbies e paixões, não relacionadas ao
trabalho, que o façam se sentir bem. Programe-se para ao menos 10 minutos diários
de relaxamento e meditação. Reserve tempo para estar junto a seus entes
queridos.
4-
Não ofusque seus êxitos e realizações pelo desejo de fazer mais e mais. Celebre
cada uma de suas conquistas.
5- Saiba a hora de parar antes de atingir o ponto de fadiga. Excessos geram improdutividade. Crie uma rotina simples para sinalizar seu cérebro que é hora de sair do “modo trabalho”. (revise a agenda para o dia seguinte, organize documentos utilizados ao longo do dia, recolha copos e canecas de café de sua mesa de trabalho)
A produtividade deve ser positiva, pois seu objetivo final é gerar resultados.
Questionar pode nos levar a caminhos mais produtivo e assertivos. Trabalhe, produza, descanse e questione!
Elbio Petrucci – Instrutor de Gestão do Senac Goiás
(go.senac.br), Master Coaching Trainer, T&D em desenvolvimento humano
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