Setembro é o mês
da conscientização do câncer de ovário. Doença é considerada a mais letal na
ginecologia em todo o mundo
Setembro tem a missão de sensibilizar as mulheres
sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de ovário, uma doença que
atinge mais de 300.000 mulheres em todo o mundo e mata mais de 207.000
pacientes por ano. O câncer de ovário é um dos mais letais, já que costuma ser
descoberto em estágio avançado. No entanto, mais do que reforçar a importância
da rotina ginecológica e da realização de exames preventivos, é preciso também
trazer esperança às mulheres que foram diagnosticadas com a doença. Isso
porque, novos tratamentos vêm acenando para uma possibilidade de cura desse
tipo de câncer ou até mesmo para a sua remissão a longo prazo, transformando
uma doença letal em crônica, oferecendo qualidade de vida às pacientes.
O câncer de ovário é tratado com cirurgia e
quimioterapia. Embora a quimio apresente uma boa resposta à doença, a
recorrência do câncer de ovário é frequente, o que pode provocar a resistência
à quimioterapia futura. Para o médico oncologista do Grupo SOnHe Leonardo
Silva, os tempos mudaram e apesar deste cenário, os últimos 10 anos foram
marcados pela introdução de novos tratamentos ao câncer de ovário, trazendo uma
nova era no atendimento às pacientes. “Por meio de muita pesquisa, vem sendo
possível testar um medicamento que bloqueia a ação de uma proteína que tem
papel fundamental no crescimento do tumor. Associado à quimioterapia, o
medicamento é capaz de diminuir ou interromper a velocidade de crescimento do
câncer. Por meio de outro medicamento, também vem sendo possível corrigir
defeitos no DNA, garantindo sobrevida às células atingidas pelo câncer e
fazendo com que as pacientes respondam melhor ao tratamento, mantendo a doença
estagnada por mais tempo. Um destes medicamentos, inclusive, acaba de ser
incorporado aos rol de medicamentos cobertos pelos planos de saúde no Brasil
(veja mais informações abaixo)”, explica o médico. Além da introdução de novos
tratamentos para o câncer de ovário, outros procedimentos vêm sendo testados,
tais como imunoterapia, vacinas, conjugados anticorpo-quimioterápico, terapia
gênica, entre outros.
Apesar do cenário ser positivo e esperançoso no
tratamento da doença, é importante alertar as mulheres para o crescimento da
incidência do câncer de ovário. Pesquisadores do Observatório Global do Câncer
(GLOBOCAN) estimam um aumento de 42% no número anual de casos de câncer de
ovário até 2040, chegando a um total de 445.721 novos casos. No Brasil, o
câncer de ovário é a sétima neoplasia maligna mais diagnosticada nas mulheres.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 6.650 novos casos serão
diagnosticados a cada ano entre 2020 e 2022, o que representa 3% de todos os
cânceres detectados nas mulheres brasileiras. Em 2017, o câncer de ovário foi a
causa da morte de 3.879 mulheres no Brasil. Comparado a outros tipos de câncer,
como o de mama por exemplo, as taxas de cura e sobrevivência a longo prazo são
muito inferiores para as pacientes com câncer de ovário. A alta letalidade do
câncer de ovário está associada à falta de diagnóstico precoce. Para se ter uma
ideia, nos Estados Unidos, o diagnóstico inicial é feito em apenas 15% dos
casos. Embora o diagnóstico precoce seja fundamental, a ausência de exames
específicos de rastreamento do câncer de ovário acaba fazendo com que muitas
pacientes procurem os especialistas quando percebem sintomas como aumento no
volume do abdome; dor abdominal/pélvica; dificuldade para se alimentar,
sensação de empachamento; sintomas urinários e fadiga. “Por isso, é fundamental
que as mulheres mantenham a rotina ginecológica com a realização de todos os
exames solicitados pelo especialista. O monitoramento correto de eventuais
alterações pode ajudar no diagnóstico e, principalmente, no tratamento”,
reforça o oncologista.
Novo tratamento incluído no
rol da ANS:
Em 30 de agosto de 2022, a Agência Nacional de
Saúde (ANS), por meio da Resolução Normativa número 542, incluiu como
obrigatória a cobertura pelos planos de saúde do tratamento com Olaparibe para
mulheres com câncer de ovário. Trata-se de um medicamento da classe dos
inibidores de PARP, ou seja, funciona como uma quimioterapia oral e que é
recomendado para mulheres com câncer de ovário que apresentem mutação nos genes
BRCA1 e/ou BRCA2, o que ocorre em cerca de um quinto dos casos. Além do câncer
de ovário, o medicamento também é utilizado no tratamento de outros tipos de
câncer, como mama e próstata. A Anvisa já havia aprovado seu uso para
tratamento do câncer de ovário no Brasil, porém ainda não estava incluído na
lista de medicamentos de cobertura obrigatória pelos planos de saúde, o que
limitava enormemente o acesso a esse tratamento. “Agora, a luta é em busca da
inclusão do remédio para pacientes do SUS”, aponta Dr. Leonardo Silva.
Leonardo
Roberto da Silva - formado em Oncologia Clínica pela Universidade Federal Minas Gerais, é
oncologista do Caism/Unicamp, com função docente junto aos residentes em
Oncologia Clínica da Unicamp. É mestre em Oncologia Mamária pela Unicamp e
doutorando na área de Oncologia Mamária pela FCM-Unicamp, com extensão na
Baylor College of Medicine – Houston/Texas, EUA. É membro titular da
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da Sociedade Americana de
Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO).
Leonardo faz parte do corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia
e Hematologia e atua no Radium Instituto de Oncologia, no Hospital e
Maternidade Madre Theodora e no Hospital Santa Tereza.
Grupo SOnHe
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