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sábado, 17 de setembro de 2022

Novos tratamentos trazem esperança de cura ao câncer de ovário

Setembro é o mês da conscientização do câncer de ovário. Doença é considerada a mais letal na ginecologia em todo o mundo 

 

Setembro tem a missão de sensibilizar as mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de ovário, uma doença que atinge mais de 300.000 mulheres em todo o mundo e mata mais de 207.000 pacientes por ano. O câncer de ovário é um dos mais letais, já que costuma ser descoberto em estágio avançado. No entanto, mais do que reforçar a importância da rotina ginecológica e da realização de exames preventivos, é preciso também trazer esperança às mulheres que foram diagnosticadas com a doença. Isso porque, novos tratamentos vêm acenando para uma possibilidade de cura desse tipo de câncer ou até mesmo para a sua remissão a longo prazo, transformando uma doença letal em crônica, oferecendo qualidade de vida às pacientes.

 O câncer de ovário é tratado com cirurgia e quimioterapia. Embora a quimio apresente uma boa resposta à doença, a recorrência do câncer de ovário é frequente, o que pode provocar a resistência à quimioterapia futura. Para o médico oncologista do Grupo SOnHe Leonardo Silva, os tempos mudaram e apesar deste cenário, os últimos 10 anos foram marcados pela introdução de novos tratamentos ao câncer de ovário, trazendo uma nova era no atendimento às pacientes. “Por meio de muita pesquisa, vem sendo possível testar um medicamento que bloqueia a ação de uma proteína que tem papel fundamental no crescimento do tumor. Associado à quimioterapia, o medicamento é capaz de diminuir ou interromper a velocidade de crescimento do câncer. Por meio de outro medicamento, também vem sendo possível corrigir defeitos no DNA, garantindo sobrevida às células atingidas pelo câncer e fazendo com que as pacientes respondam melhor ao tratamento, mantendo a doença estagnada por mais tempo. Um destes medicamentos, inclusive, acaba de ser incorporado aos rol de medicamentos cobertos pelos planos de saúde no Brasil (veja mais informações abaixo)”, explica o médico. Além da introdução de novos tratamentos para o câncer de ovário, outros procedimentos vêm sendo testados, tais como imunoterapia, vacinas, conjugados anticorpo-quimioterápico, terapia gênica, entre outros.

Apesar do cenário ser positivo e esperançoso no tratamento da doença, é importante alertar as mulheres para o crescimento da incidência do câncer de ovário. Pesquisadores do Observatório Global do Câncer (GLOBOCAN) estimam um aumento de 42% no número anual de casos de câncer de ovário até 2040, chegando a um total de 445.721 novos casos. No Brasil, o câncer de ovário é a sétima neoplasia maligna mais diagnosticada nas mulheres. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 6.650 novos casos serão diagnosticados a cada ano entre 2020 e 2022, o que representa 3% de todos os cânceres detectados nas mulheres brasileiras. Em 2017, o câncer de ovário foi a causa da morte de 3.879 mulheres no Brasil. Comparado a outros tipos de câncer, como o de mama por exemplo, as taxas de cura e sobrevivência a longo prazo são muito inferiores para as pacientes com câncer de ovário. A alta letalidade do câncer de ovário está associada à falta de diagnóstico precoce. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, o diagnóstico inicial é feito em apenas 15% dos casos. Embora o diagnóstico precoce seja fundamental, a ausência de exames específicos de rastreamento do câncer de ovário acaba fazendo com que muitas pacientes procurem os especialistas quando percebem sintomas como aumento no volume do abdome; dor abdominal/pélvica; dificuldade para se alimentar, sensação de empachamento; sintomas urinários e fadiga. “Por isso, é fundamental que as mulheres mantenham a rotina ginecológica com a realização de todos os exames solicitados pelo especialista. O monitoramento correto de eventuais alterações pode ajudar no diagnóstico e, principalmente, no tratamento”, reforça o oncologista.


Novo tratamento incluído no rol da ANS:

Em 30 de agosto de 2022, a Agência Nacional de Saúde (ANS), por meio da Resolução Normativa número 542, incluiu como obrigatória a cobertura pelos planos de saúde do tratamento com Olaparibe para mulheres com câncer de ovário. Trata-se de um medicamento da classe dos inibidores de PARP, ou seja, funciona como uma quimioterapia oral e que é recomendado para mulheres com câncer de ovário que apresentem mutação nos genes BRCA1 e/ou BRCA2, o que ocorre em cerca de um quinto dos casos. Além do câncer de ovário, o medicamento também é utilizado no tratamento de outros tipos de câncer, como mama e próstata. A Anvisa já havia aprovado seu uso para tratamento do câncer de ovário no Brasil, porém ainda não estava incluído na lista de medicamentos de cobertura obrigatória pelos planos de saúde, o que limitava enormemente o acesso a esse tratamento. “Agora, a luta é em busca da inclusão do remédio para pacientes do SUS”, aponta Dr. Leonardo Silva.

 

 

Leonardo Roberto da Silva - formado em Oncologia Clínica pela Universidade Federal Minas Gerais, é oncologista do Caism/Unicamp, com função docente junto aos residentes em Oncologia Clínica da Unicamp. É mestre em Oncologia Mamária pela Unicamp e doutorando na área de Oncologia Mamária pela FCM-Unicamp, com extensão na Baylor College of Medicine – Houston/Texas, EUA.  É membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO). Leonardo faz parte do corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e atua no Radium Instituto de Oncologia, no Hospital e Maternidade Madre Theodora e no Hospital Santa Tereza.

  

Grupo SOnHe

www.sonhe.med.br 


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