Acordar muito cedo
para ir à escola pode prejudicar rotina de sono e, com isso, tornar aprendizado
menos produtivo
Crédito: Envato
Acordar às 6h da manhã, todos os dias, e ter
concentração e disposição para aprender é uma tarefa que exige mais que
disciplina. É preciso ter tido horas suficientes de sono para que o organismo
consiga ser produtivo nas primeiras horas do dia. E isso quem diz é a
neurociência, cada vez mais inteirada de como funciona e como aprende o cérebro
humano.
Dormir mal é ruim, mas dormir pouco, ainda que esse
sono seja de qualidade, não é solução, afirmam especialistas. E isso não vale
apenas para aprender melhor no dia seguinte, mas também para consolidar os
aprendizados com que se teve contato ao longo do dia anterior. O doutor em
neurociência Fernando Louzada explica que “a consolidação da memória depende de
boas noites de sono. O cérebro, ao contrário do que se pensava, não desliga
quando dormimos, mas permanece ativo. Essa atividade cerebral está a serviço,
dentre outras coisas, da consolidação da memória e das nossas experiências”.
Do ponto de vista da pedagogia, a observação
empírica confirma o que a ciência hoje começa a provar metodologicamente:
crianças que dormem bem aprendem melhor. Para a consultora pedagógica do
Sistema de Ensino Aprende Brasil, Vanessa de Souza Fernandes, esse é um fato
com o qual os professores já estão acostumados. “Muitas vezes, crianças que não
têm um bom desempenho escolar são justamente aquelas que parecem sonolentas
durante boa parte do dia. Isso pode acontecer por uma série de fatores, mas é
ponto pacífico que a qualidade do sono influencia diretamente a aprendizagem”,
opina. Louzada vai além: observar as horas de vigília, ou seja, quando se está
acordado, dá pistas importantes para identificar a qualidade do sono. “Quando a
criança está sonolenta ou irritada, esses podem ser sinais de que ela não está
dormindo adequadamente.”
Horário escolar pode estar
prejudicando aprendizado
Embora o horário de aulas seja o mesmo há décadas,
ao menos no Brasil, já não são poucos os especialistas que dizem que ele está
prejudicando a qualidade do ensino. De acordo com um levantamento da Academia
Americana de Pediatria, cerca de 28% dos estudantes pegam no sono durante as
aulas pelo menos uma vez por semana. Além disso, 20% deles também dormem
enquanto fazem as tarefas escolares. Para a instituição, as aulas do período
matinal deveriam começar pelo menos às 8h20.
Não há um padrão de sono que deva ser seguido por
todas as pessoas, invariavelmente. Isso muda de acordo com a faixa etária e com
o ritmo individual. Adultos, por exemplo, precisam em média de oito horas de
sono por noite, enquanto adolescentes precisam de cerca de nove horas. Mas isso
é uma média. O problema com o horário da escola é que ele é o mesmo para todos,
independentemente do ritmo pessoal. “Se o adolescente precisa dormir em média
nove horas diárias e a escola o obriga a estar lá às 7h ou 7h30 da manhã, então
ele vai acordar às 6h e deveria ir dormir por volta das 21h. Sabemos que isso é
impossível. Eu não conheço nenhum adolescente que durma nesse horário”,
ressalta Louzada. Ir dormir tão cedo ficou ainda mais difícil depois das telas
e redes sociais.
Mas nem tudo está perdido, segundo o especialista.
Para melhorar as condições de aprendizagem, mesmo sem poder contar com uma
mudança imediata no horário de aulas, algumas medidas podem ser adotadas. A
primeira delas é criar um ambiente tranquilo à noite, com pouca iluminação e
poucos estímulos, como telas, filmes ou séries. Estabelecer uma rotina também
ajuda, principalmente com crianças pequenas. Louzada ainda indica conversar com
os estudantes sobre a importância do sono e tentar ajustar os horários de
repouso para aqueles em que a criança ou adolescente consegue descansar melhor.
Fernando Louzada participa do episódio 43 do
podcast PodAprender, produzido pela Editora Aprende Brasil, cujo tema é “A
influência do sono no aprendizado”. Todos os episódios do PodAprender estão
disponíveis gratuitamente no site do Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br),
nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos
principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.
Sistema de Ensino Aprende
http://sistemaaprendebrasil.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário