Patologia atinge cerca de sete milhões de
brasileiras em idade produtivaAdobe Stock
A endometriose é a maior causa da infertilidade
feminina, de acordo com estudo realizado pela Associação Brasileira de
Endometriose (SBE). A patologia, que afeta cerca de sete milhões de brasileiras
em idade reprodutiva, entre os 13 e 45 anos, pode causar a infertilidade em,
aproximadamente, 50% das portadoras da condição que, na maioria dos casos,
desconhecem os sintomas do problema.
De acordo com Dr. Renato de Oliveira,
ginecologista especialista em reprodução humana da Criogênesis, mesmo
com a alta do assunto após o diagnóstico da cantora Anitta, a doença segue
envolta de dúvidas e desinformação. “Ao contrário do que muitas mulheres
imaginam, a condição pode ser assintomática, acometer diferentes regiões do
corpo, não se caracterizando somente pelas cólicas menstruais”, afirma.
O especialista explica que a endometriose é
ocasionada quando o tecido que reveste o útero encontra-se fora da cavidade
uterina. “O endométrio é a parte interna do útero que cresce ao longo do ciclo
menstrual da mulher, visando a implantação do embrião e, consequentemente, a
gravidez. Quando isto não ocorre, acontece a descamação, popularmente conhecida
como menstruação. Algumas vezes, esse revestimento se implanta nos ovários,
tubas uterinas, e demais regiões, podendo ocasionar dor, diarreia, perda de
sangue na urina no período menstrual, dor ao urinar, semelhante a uma infecção
de urina, porém, com exames normais e aderências entre os órgãos abdominais”,
destaca.
A doença pode ocorrer desde a primeira até a última
menstruação, sendo as cólicas menstruais o principal sintoma. Isto pode
atrapalhar, em alguns momentos, a realização das atividades rotineiras, além de
dores durante a relação sexual. “Quando as cólicas menstruais são tão intensas
que interferem na rotina do dia a dia, devemos investigar se não há causas de
doenças ginecológicas envolvidas no processo como miomas, adenomiose, ou
endometriose”, esclarece Dr. Renato.
Infertilidade
Uma das principais preocupações das pacientes
diagnosticadas com endometriose é a infertilidade. “Dentre as causas de
infertilidade do sexo feminino, 20% ocorrem pela endometriose. A grande questão
é identificar qual paciente com a condição conseguirá obter uma gravidez
espontânea, uma vez que nem todas diagnosticadas serão inférteis”, diz.
Além disso, quando se fala em infertilidade, não
podemos esquecer do importante impacto da idade na capacidade reprodutiva. “De
um modo geral, a fertilidade feminina tende a diminuir, naturalmente, após os
35 anos. Assim, o diagnóstico de endometriose deve ser um sinal para não
postergar muito o desejo de reprodução ou pensar na preservação da
fertilidade”, alerta.
Tratamento
A endometriose é uma doença crônica que regride
espontaneamente com a menopausa, em razão da queda na produção dos hormônios
femininos. “Mulheres mais jovens podem investir em medicamentos que suspendem a
menstruação, como comprimidos anticoncepcionais, DIU hormonal, implante
subcutâneo, injetáveis trimestrais e, em casos selecionados, os análogos do
GnRH. Nos casos em que o tratamento com medicações não é suficiente para
aliviar os sintomas ou melhorar a qualidade de vida, ou há a identificação de
obstruções intestinais pela endometriose, considera-se a cirurgia”, explica.
Se a mulher com endometriose pretende engravidar, é
indispensável a procura por um especialista para conhecer os tratamentos
adequados. “Os métodos de reprodução assistida, por exemplo, são uma das
alternativas. Em alguns casos, a fertilização in vitro (FIV), técnica realizada
com o encontro do oócito e do espermatozoide fora do corpo feminino, ou seja,
em laboratório, existe a possibilidade da formação tanto de um maior número de
embriões, para quem já deseja a gravidez, quanto a possibilidade de
criopreservar (congelar) apenas os oócitos, gametas femininos, pensando em
preservar a fertilidade para o momento mais adequado, uma vez que a
endometriose possui a característica de ser proliferativa e recidivante, ou
seja, mesmo que se opere, pode voltar em um período médio de 6 meses”, conclui.
Criogênesis
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