Celebrado
em 6 de junho, o Dia Nacional do Teste do Pezinho chama a atenção para a
importância de um dos exames de triagem neonatal mais efetivos para a detecção
de doenças raras no bebê, sejam de origem genética, metabólica ou infecciosa.
Introduzido no país em 1976, tornou-se obrigatório em 1992 e, hoje, pode ser
feito gratuitamente na rede pública e também é disponibilizado em clínicas e
laboratórios privados, em variações que podem rastrear até mais de cem
enfermidades.
“Chama-se
Teste do Pezinho porque é feito a partir da punção de uma amostra de sangue
obtida do calcanhar do bebê. A indicação é que seja feito entre o terceiro e o
quinto dia de vida da criança, pois as doenças que ele detecta não apresentam
sintomas no nascimento, e muitas podem resultar em sérios danos à saúde,
inclusive retardo mental”, explica a coordenadora técnica do Sabin Medicina
Diagnóstica, bioquímica Luciana Figueira.
Atualmente,
o Teste do Pezinho permite rastrear precocemente as seguintes condições:
hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, anemia falciforme, fibrose cística,
deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita. Mas, partir da Lei
14.154/2021, que entrou em vigor em maio deste ano, será ampliando para até 50
o rol de patologias identificáveis, a serem adicionadas em cinco etapas, até
2026.
Na rede
particular, é possível encontrar variações do exame em que, com a mesma coleta
de sangue, podem ser averiguados até cem tipos de enfermidades ou distúrbios
atípicos. O número varia de acordo com a versão escolhida pelo cliente. A opção
básica, embora tenha essa nomenclatura, pode identificar até 12 doenças raras.
Há também as versões "ampliada", "plus" e
"master", que reconhecem de 30 a 38 patologias. Já as alternativas
com o maior número de doenças detectáveis são o exame "expandido"
(até 60) e o "completo"(mais de 100).
"Para
ampliar o número de identificações, utilizamos diferentes métodos de análise
para o mesmo material biológico coletado, o que nos permite não apenas rastrear
as enfermidades, mas também aprimorar a precisão dos resultados", explica
Luciana Figueira. "Entre as condições verificáveis no Teste do Pezinho
Completo está a surdez congênita, que é adquirida durante a gestação, seja por
causa hereditária, doenças e uso irracional de medicamentos", completa. O
exame também pode rastrear infecção pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)
e a tirosinemia (falta de enzima para metabolizar o aminoácido tirosina), que
pode inclusive resultar em deficiência intelectual.
Segundo a
Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde (MS), 95% das doenças raras não têm
tratamento, porém, se diagnosticadas com antecedência, as sequelas podem ser
evitadas ou amenizadas com remédios e cuidados de reabilitação que garantem
melhor qualidade de vida aos portadores, além de evitar muitos óbitos. O MS
aponta ainda que o Brasil tem cerca de 13 milhões de pessoas com alguma doença
rara. A maioria, porém, recebe o diagnóstico tardiamente, por volta dos 5 anos,
quando já não é mais possível evitar ou tratar as consequências.
Exames
específicos
Caso o
Teste do Pezinho identifique alguma alteração, o primeiro passo a ser dado pelo
médico pediatra é a solicitação de um exame específico para a doença em
questão, e/ou direcionar a um especialista da área, que fará o acompanhamento
com os procedimentos mais adequados.
“O Teste do
Pezinho é um exame de triagem e qualquer criança que apresente quadro clínico
sugestivo de alguma patologia, deve, o mais breve possível, realizar avaliação
clínica e investigação laboratorial específica para o problema apresentado”,
orienta a coordenadora técnica do Sabin.
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