Metaverso, lives, avatares, calls, home - ou até anywhere - office. Tudo leva a crer que o futuro é touchless. Mas será mesmo? Especialmente para as empresas de tecnologia, a necessidade de trabalhar presencialmente já é ponto considerado por alguns profissionais para analisar a participação ou não no processo de seleção para uma vaga de emprego. Com a possibilidade de trabalhar da sala de casa no Brasil para uma empresa que fica do outro lado do mundo, até mesmo o modelo híbrido acaba sendo descartado por muitos talentos da área.
Uma pesquisa da Microsoft sobre tendências no
trabalho, com dados de 31 mil pessoas em 31 países, mostrou que, no mundo todo,
51% dos trabalhadores híbridos têm vontade de mudar para o regime totalmente
remoto. Mas, para provar que ainda não há consenso nesse assunto, 57% dos
profissionais remotos também consideram mudar para o híbrido.
Não há como negar que nossas relações, e isso
inclui - e muito - o ambiente de trabalho, nunca mais serão as mesmas. O futuro
está aí e ele é tecnológico e inteligente. Não há mais espaço para o formato
“chegar, sentar, trabalhar e sair”. Sempre no mesmo lugar, sempre no mesmo horário,
sem analisar se isso faz sentido para as tarefas que você executa e para as
ferramentas que você dispõe. Mas existe um lado do trabalho remoto que pouca
gente admite publicamente: ele não é produtivo da mesma forma para todos e nem
a melhor opção em todos os momentos da sua trajetória e projetos profissionais.
Há inclusive estudos que mostram que mesmo o
crescimento da produtividade não é ponto pacífico nesse assunto. Uma pesquisa
do Instituto Becker Friedman, da Universidade de Chicago, mostrou que, enquanto
houve um aumento de 30% nas horas de trabalho durante a pandemia, a
produtividade caiu 20%. E não se trata apenas do quanto se produz. Mas também
de como se produz.
Empresas são feitas de pessoas. E pessoas não vivem
completamente sem contato. A ida ao escritório beneficia atividades sociais
como reuniões de times, solução de problemas e conversas entre os colegas.
Também fortalece a cultura da empresa e permite identificar de maneira mais
imediata gargalos de processos. A verdade é que o contato pessoal é
imprescindível para a recuperação do ritmo e do entrosamento nos ambientes
profissionais. Aos poucos, vamos lembrando como muitas soluções criativas e
sugestões práticas surgem de conversas espontâneas lado a lado.
E isso não nos torna menos high-tech. O ambiente
coletivo é parte da formação de um time, não sozinho. Mas dentro de uma
estratégia maior, que pensa nas particularidades de cada membro da equipe e
suas necessidades, principalmente dentro de um contexto de pós-pandemia. A
mesma pesquisa da Microsoft mostrou que 71% dos profissionais entrevistados
declararam que a preocupação com o bem-estar é maior agora do que antes da
pandemia. E não há melhor forma de praticar a empatia do que, de fato, conviver
com o outro.
Não é ter que escolher entre o agasalho confortável
ou o terno apertado. É perceber que há um caminho do meio. Em que podemos tirar
proveito de tudo que a tecnologia nos proporciona, mas lembrar que o low touch
também não nos cabe em todos os momentos.
Márcio Viana - CEO da TOTVS
Curitiba
Nenhum comentário:
Postar um comentário