Atenção à saúde dos pés deve ser frequente entre os pacientes
Caracterizado pela falta de insulina no
organismo, o diabetes mellitus afeta 15,7 milhões dos brasileiros, segundo o
Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF), divulgado em 2021. E para
informar sobre a condição, tratamentos e prevenção, o Dia Nacional do Diabetes,
estabelecido em 26 de junho, é uma oportunidade de trazer à tona as
complicações que a doença traz aos portadores, como, por exemplo, o Pé
Diabético, que são alterações que podem provocar o aparecimento de feridas de
difícil cicatrização e, se não tratadas, podem evoluir para quadros graves.
De acordo com o cirurgião vascular e
membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular Regional
São Paulo (SBACV-SP), Dr. Guilherme Yazbek, os diabéticos podem ser acometidos
por alterações circulatórias, neurológicas e infecciosas. O diabetes
afeta as artérias que levam o sangue do coração às extremidades, causando seu
estreitamento pela deposição de cálcio na parede arterial. O aporte sanguíneo é
reduzido, o que causa a falta de oxigenação dos tecidos. As alterações
neurológicas levam à perda da sensibilidade nos membros, à diminuição da
sudorese e à falta da sensação de dor, e há casos onde ferimentos também são
presentes.
“O diabético tem uma deficiência
imunológica, ou seja, uma redução da defesa que faz com que ele tenha maior
suscetibilidade à infecção”, explica o médico. Desta forma, os diabéticos estão
propensos a sofrer com úlceras e infecções nos pés, principais causas de
amputações.
De acordo com o Dr. Yazbek, um trabalho
realizado no Rio de Janeiro aponta que a possibilidade de amputação é seis
vezes maior em pacientes diabéticos. O profissional ainda alerta para o
desenvolvimento de condições cardiovasculares nesses pacientes. “Ocorre maior
risco de doença coronariana ou cerebrovascular, ou seja, alteração
circulatória, tanto das artérias coronárias, que irrigam o coração, quanto das
artérias que irrigam o cérebro, que faz aumentar as chances de infartos e
derrames”, afirma.
Além da presença de feridas que não
cicatrizam, o Pé Diabético também pode ocasionar quadros infecciosos levando ao
inchaço, vermelhidão, dor, pele grossa e secreção nas feridas. A base para o
tratamento é o cuidado das lesões, com a realização de curativos e medicações
indicadas para a cicatrização das úlceras, além dos antibióticos quando
infeccionadas.
“Sabemos que, comumente, essas
alterações ocorrem principalmente naquele paciente que tem a doença por um
longo prazo e controle débil, ou seja, um diabetes não controlado. As medidas
educacionais, a dieta, além do controle com medicamentos são de grande
importância para evitar essas complicações”, esclarece o médico.
Com a cicatrização prejudicada, a
úlcera pode evoluir para casos irreversíveis. Além do controle dos níveis de
açúcar no sangue, o Dr. Yazbek recomenda que os diabéticos fiquem atentos a
alguns fatores em sua rotina:
- Manter uma dieta equilibrada;
- Realizar regularmente caminhadas e atividades
físicas;
- Não fumar;
- Examinar periodicamente os pés, visando a
superfície, a planta do pé e regiões entre os dedos;
- Higienizar os pés;
- Secar bem os pés, principalmente entre os
dedos. Recomenda-se o uso de talcos para evitar o aparecimento de
frieiras;
- Utilizar cremes hidratantes nos calcanhares;
- Não andar descalço;
- Evitar o uso de compressas de água quente ou
almofadas elétricas, que podem causar queimaduras;
- Utilizar sapatos confortáveis, de preferência
com bico redondo;
- Examinar atentamente o calçado antes de
utilizá-lo.
Com os cuidados necessários e a visita
regular a um médico habilitado, é possível evitar o desenvolvimento ou
progressão para casos graves. “É importante sempre estar ciente de que você tem
uma doença. Sabendo disso, seu cuidado evitará as complicações e aumentará a
qualidade de vida de todos os pacientes”, declara o profissional.
"Vivenciamos um aumento na
prevalência de obesidade e de diabetes no mundo, e em nosso país. Além disso,
durante a pandemia de Covid-19, muitos pacientes deixaram de procurar o serviço
de saúde, e estamos recebendo uma verdadeira avalanche de casos de isquemia
crítica em estado avançado, o que aumenta muito o risco de amputação.
Precisamos urgentemente investir em educação populacional, em prevenção
primária e garantir o acesso desses pacientes a centros especializados em
Cirurgia Vascular. Devemos lembrar que a aterosclerose é uma doença sistêmica,
que acomete os diversos territórios arteriais, e que esses pacientes possuem
alto risco de morte cardiovascular e alto custo de tratamento”, declara o
presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular –
Regional São Paulo, Dr. Fabio H. Rossi.
A SBACV-SP tem como missão levar
informação de qualidade sobre saúde vascular para toda a população. Para outras
informações acesse o site e siga as redes sociais da Sociedade (Facebook e Instagram).
Sociedade
Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo –
SBACV-SP www.sbacvsp.com.br
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