Diferente da união
estável, um contrato de namoro não prevê nenhum tipo de proteção jurídica, mas,
sim, estabelece que as partes vivem um relacionamento afetivo
Com o surgimento da pandemia da covid-19 e a
necessidade de isolamento social, muitos casais de namorados decidiram morar
juntos. E aí surge a dúvida: será que é preciso assinar algo? Como provar um
vínculo para facilitar o contrato de aluguel, por exemplo? Em meio a tantas
questões surgiu um termo curioso: o contrato de namoro.
De acordo com Débora Ghelman, advogada especialista em Direitos de Família e
Sucessões, e sócia do escritório Lemos & Ghelman, isso já é uma realidade.
“Trata-se de um documento firmado entre o casal com o objetivo de demonstrar
que o relacionamento afetivo não configura uma união estável, sendo apenas um
namoro”, adianta.
O contrato de namoro, então, demonstra que as partes concordam que vivem um namoro e não uma união estável – que é considerada uma das formas de família pela Constituição Federal. “A união estável possui os mesmos efeitos jurídicos que um casamento, ao passo que o namoro não possui nenhuma proteção jurídica. Então o contrato de namoro objetiva dar mais segurança jurídica ao casal de namorados, dificultando que, após o término do relacionamento, uma das partes alegue que vivia uma união estável e acione a justiça para pleitear seus direitos”, esclarece Débora.
Diferença de união estável
A grande diferença entre namoro e união estável é que, apesar de ambos serem
relacionamentos afetivos, públicos, contínuos e muitas vezes duradouros, na
união estável o objetivo de constituir família é imediato, ao passo que no
namoro é futuro. “A união estável possui proteção constitucional, sendo
equiparada ao casamento. Portanto, em caso de uma separação poderá haver
partilha de bens e direito a alimentos. Além disso, caso um dos companheiros
faleça, o outro será seu herdeiro e poderá receber pensão por morte. Já o
namoro não possui nenhum efeito jurídico, ou seja, o término desse
relacionamento não gera nenhum direito ao ex-namorado no que diz respeito ao
Direito de Família e Sucessões”, explica Bianca Lemos, advogada e sócia da
Lemos & Ghelman.
Por que fazer um contrato de namoro?
O contrato de namoro estabelece que as partes reconhecem que vivem um
relacionamento afetivo caracterizado como namoro e que no momento não têm a
intenção de constituir família. Isso pode facilitar o contrato de um aluguel,
por exemplo, e dá mais segurança jurídica aos envolvidos caso desejem se
separar depois.
“Sempre recomendamos incluir uma cláusula nesse contrato prevendo qual será o
regime de bens caso o namoro se transforme numa união estável”, completam as
advogadas. Vale lembrar que o contrato de namoro pode ser realizado tanto em
cartório por meio de uma escritura pública ou contrato particular, sendo muito
importante o auxílio de um advogado especializado em Direito de Família para
melhor orientar o casal.
Lemos & Ghelman Advogados
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