As alterações do clima do planeta são conhecidas como mudanças climáticas e ocorrem devido ao conjunto de fatores naturais ou antrópicos que provocam o aquecimento global, que é real e já está acontecendo.
Embora há muito tempo já se discuta
sobre o aquecimento global em reuniões internacionais e
intergovenamentais e vários acordos já tenham sido feitos, pouco se nota quanto
às ações práticas e visíveis. Muitos de nós esperam atuação dos governantes e
esquecem que o planeta também é nossa casa e precisa do nosso cuidado enquanto
cidadão. Menos danos e mais cura.
Segundo o Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), painel da Nações Unidas (ONU), as
ações humanas são as principais causas da mudança do clima e seus efeitos são
extremos. A queima de combustíveis fósseis libera grandes quantidades de gases
poluentes que intensificam o efeito estufa, o que eleva a temperatura,
alterando o clima em todo o planeta.
De acordo com o IPCC, com o aumento da
temperatura em 1,5ºC, nós enfrentaremos impactos relacionados à água, à energia
e ao solo, o que se torna mais intenso em áreas que já enfrentam eventos
naturais de seca. Essas terras secas abrigam cerca de 35% dos hotspots de
biodiversidade do mundo. Em regiões áridas e semiáridas, por exemplo, o aumento
de temperatura associado a secas mais prolongadas e chuvas mais escassas
empobrecem o solo, deixando-o mais exposto e suscetível às intempéries. Há
perda de biodiversidade, degradação de habitat, empobrecimento do solo,
rompimento de cadeias alimentares e alteração no ecossistema.
Dessa forma, observa-se um processo
ocorrendo com mais intensidade em áreas mais secas da Terra, a desertificação.
Eventos de seca são temporários e também ocorrem em áreas úmidas, porém no
processo de desertificação, as terras secas são degradadas física, química e
biologicamente. Pesquisas apontam que 6% das terras secas entraram em
desertificação e 20% estão em risco no mundo, o que pode prejudicar até 3,2
bilhões pessoas. A desertificação é uma questão ambiental e um dos maiores
desafios atuais.
Alguns fatores impulsionam a
desertificação sob as mudanças climáticas, como a erosão causada por lavouras e
expansão da terra cultivada de modo não sustentável, desmatamento, expansão
urbana, extrativismo, aumento da temperatura superficial dos oceanos que altera
o regime de chuvas e incêndios que reduzem a cobertura florestal.
Como este processo nos atinge? 94% do
nordeste brasileiro é suscetível à desertificação. Estima-se que 50% da área
foi degradada devido às secas prolongadas e ao desmatamento para agricultura, o
que aumenta o risco de extinção de diversas espécies da fauna e da flora
brasileira, além de impactar a demanda por comida. Entretanto, outras áreas,
até mesmo no nordeste, podem experimentar alagamentos e deslizamentos de terra.
Esse contraste se deve ao agravamento dos fenômenos meteorológicos extremos e
ao solo pobre sem cobertura vegetal.
Em 1995, a ONU criou o Dia Mundial de
combate à Desertificação e à Seca (17 de junho), a fim de conscientizar a
população internacional sobre os efeitos danosos que a seca pode provocar a
nível regional e global. Reduzir o consumo de produtos, comprar alimentos de
produtores locais, melhorar o processo de produção/transporte de alimentos e
evitar o uso de automóveis são algumas ações simples que contribuem para redução
do consumo de água, do desperdício de comida, do avanço de grandes monoculturas
e redução da emissão de gases do efeito estufa.
Neste dia internacional, vamos refletir
sobre como nossas ações impactam o nosso planeta. Não há mais tempo de espera. O
secretário-geral da ONU, António Guterres, reafirma: “a biodiversidade está em
declínio, as concentrações de gases de efeito estufa aumentam e a nossa
poluição pode ser encontrada desde as ilhas mais remotas até aos picos mais
altos. Temos de fazer as pazes com a natureza”.
Tahysa Mota Macedo - professora de Biologia do Ensino Médio do Colégio Presbiteriano
Mackenzie (CPM), campus Higienópolis, e dra. em Botânica pelo Museu
Nacional-UFRJ.
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