Uma guerra em pleno século 21 é tão inútil como qualquer outra. Hoje, porém, a velocidade de propagação das notícias é quase em tempo real. Mesmo assim, o ceticismo quanto à credibilidade das notícias veiculadas brota como derivação, muitas vezes, de linhas políticas e interesses econômicos velados. O contra ataque dos céticos vem como onda gigante das redes digitais para confrontar as narrativas “oficiais”.
E
a imprensa?
A
combinação de mudanças sociais, políticas, econômicas e tecnológicas redefiniu
o trabalho da imprensa, que passa por um doloroso e gradual processo de
adaptação a essa nova realidade. As redes sociais e suas ferramentas
digitais colocaram em xeque o poderio e a audiência dos meios tradicionais de
comunicação e o monopólio da produção e distribuição da informação. Os meios de
comunicação, tradicionais difusores das notícias, ganharam um concorrente
exponencial. Em passado não muito distante, a mídia era o filtro que
interpretava e organizava a realidade para o público.
Indignação
em rede
A
indignação explode nas redes digitais e na mídia tradicional com os atos de
censura que o presidente russo Vladimir Putin e outras lideranças políticas,
impõem ao Facebook, Twitter e Telegram. A imprensa russa já estava sob
censura e a população tem visão precária e distorcida dos fatos relativos à
invasão da Ucrânia. Isto ilustra a relevância das redes como fonte alternativa
de informação, mas ainda não pode ser tida como uma rota de fuga para a
combalida verdade.
Acalorados
debates que ocupam as plataformas, bloqueios e banimentos são alvo de
brados enfáticos e até de intervenções do alto escalão do Judiciário, não só no
Brasil, apesar de que opiniões diversas fazerem parte de qualquer processo.
Vale lembrar da frase do iluminista francês Voltaire (1694-1778), “Eu discordo
do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”,
certamente esquecida nesses dias de cancelamentos, perseguições e
censura.
E
agora?
Para
que o Jornalismo da Era da Informação possa manter seus desígnios e talvez até
sobreviver, é importante que as velhas técnicas de apuração permaneçam válidas:
pesquisa, fontes, checagem dos fatos, exposição do contraditório e
contextualização dos dados. Foi esse o caminho que garantiu a credibilidade da
imprensa a ponto de ser considerada o Quarto Poder e não importa o algoritmo,
esse modelo é soro caseiro e percebido pelos públicos muito rapidamente.
“Na
guerra, a verdade é a primeira vítima”
Frase
que teria sido exclamada por Ésquilo, dramaturgo grego que viveu há 2.500 anos,
tiros contra a verdade são implacáveis. Mesmo que a tecnologia democratize o
acesso e a distribuição de informações para quem estiver conectado, no âmbito
jornalístico, o “tiro” contra a primeira vítima em um cenário de conflito,
ou seja, a verdade, não pode ser desferido pelos “soldados da
informação”.
A vítima de antes e de agora
A manipulação e censura sobre as notícias da guerra estão para as derivadas da crise sanitária, na qual ainda estamos, como fato consumado. Mais uma vez brotam indignações seletivas, e pior, o cerceamento do direito à informação, que será sempre uma violência. Será sempre inaceitável, independentemente das questões políticas, econômicas, religiosas, filosóficas ou geográficas, em uma sociedade democrática. A mídia tem a missão de ser uma espécie de guardião inclusivo, inclusive para quem está fora da web, garantindo que a verdade seja blindada dos atentados de ocasião em qualquer realidade.
Claudio
Odri - empresário e jornalista.
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