Especialistas explicam os fatores que mais desgastam o corpo e mente e como evitar o esgotamento emocional.
Com rotinas cada vez mais cheias e apressadas, muitas vezes acabamos não reservando o tempo necessário para cuidar da saúde do nosso corpo e mente. Após dois anos de pandemia a saúde mental ganhou destaque e tem se tornado prioridade. Neste Dia Mundial da Saúde que é comemorado anualmente no dia 7 de abril, ressaltamos a importância de cuidar da saúde mental. Já que de acordo com dados colhidos pela Universidade de São Paulo (USP), o Brasil lidera uma lista de 11 países com mais casos de depressão e ansiedade durante a pandemia.
Ainda na pesquisa, o Brasil é o país
que apresenta mais casos de ansiedade (63%) e depressão (59%); em segundo lugar
ficou a Irlanda, com 61% das pessoas com ansiedade e 57% com depressão, e em
terceiro aparecem os Estados Unidos, com 60% e 55%, respectivamente.
A psicóloga Bettina Correa, integrante
da Iron Saúde Digital, aponta que as principais queixas que ela percebeu nas
recentes sessões envolvem crises de ansiedade, insônia, compulsão alimentar
descontrolada, instabilidade emocional e Burnout. Ela lista abaixo e comenta
sobre cada um desses sintomas e o impacto na vida das pessoas.
Ansiedade
-- Muitos pacientes estão apresentando sintomas de ansiedade. Alguns manifestam
por meio de picos ou até mesmo crises de ansiedade aguda, enquanto outros por
meio de comportamentos compulsivos, como a compulsão alimentar.
Insônia
-- Uma das principais questões que vem chamando a atenção é a alteração do
padrão de sono, principalmente a insônia. A alteração na rotina o aumento do
uso de telas como TV, celular e computador, e até mesmo a ansiedade prejudica o
sono.
Compulsão
alimentar -- Com o aumento de ansiedade, piora
da qualidade do sono, o home office, muitas pessoas acabam comendo mais vezes
ao dia, especialmente doces e fast food.
Instabilidade
emocional -- É muito comum escutar das pessoas
ao nosso redor que “não sabem o que estão sentindo”. Acordam felizes, mas ao
longo do dia ficam irritados, tristes, eufóricos, angustiados, ansiosos, tudo
em menos de 24 horas.
Burnout --
Com a popularização do home office, a falta de contato social, a rotina dentro
de casa, o grande aumento no uso de tecnologias e o fato de a grande maioria
dos colaboradores não conseguir separar o momento de trabalho do momento
descanso. Esse esgotamento é uma das principais queixas dos pacientes no
consultório.
Segundo o filósofo clínico Beto Colombo, para evitar esse desgaste emocional é fundamental dividir os papéis existenciais, o especialista afirma que esse é um dos pontos principais para quem deseja equilibrar sucesso e qualidade de vida. “A mesma pessoa que é mãe, filha, religiosa, esportista, passa a ser empresária, executiva ou secretária quando chega ao seu local de trabalho. Em cada papel existencial que vivemos podemos ter uma velocidade diferente e é importante dividi-los para evitar que a nossa velocidade no trabalho, por exemplo, atropele as coisas em casa, como mãe, filha ou até esposa, se o companheiro tiver um trabalho que exige outro ritmo”, inicia.
A segunda dica compartilhada pelo
filósofo é saber dividir o tempo de cada tarefa de acordo com sua prioridade e
ter disciplina para respeitar seu próprio planejamento. “Se você trabalhar de
8h às 18h e tiver 10 tarefas para fazer, pode separar três e eleger a mais
urgente para resolver naquela semana ou dia. Mas é importante não se distrair
com coisas aleatórias durante esse período, levando em consideração o horário
de almoço e lanches da manhã e tarde, para evitar ter que cumprir o papel de
trabalhador por mais tempo. E o contrário também ajuda, como evitar falar de
trabalho durante a refeição”, afirma.
A terceira, mas não menos importante,
dica de Beto Colombo é tomar cuidado com metas utópicas: “Não estabeleça metas
impossíveis de serem alcançadas, se não irá acabar desanimando, estressando”. A
busca pela meta impossível pode causar esgotamento extremo e é aí que pode
surgir a Síndrome de Burnout, explica Bettina Correa. “Esse transtorno psíquico
é comum de ocorrer em profissionais que passam por muitos momentos de tensão,
pressão extrema e que exigem um grande envolvimento do indivíduo para realizar,
seja de forma física, emocional ou psicológica”, explica.
O ideal, segundo Bettina, é que a
pessoa que identifique qualquer sinal de esgotamento e estresse relacionado ao
trabalho já busque ajuda profissional antes mesmo do quadro se agravar. “Além
de tratar, é possível evitar esse transtorno buscando formas de alívio da
tensão, praticando atividade física, tendo momentos de lazer e socialização e
buscando uma boa qualidade de sono”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário