Ao migrar da visão Newtoniana de universo, aquela que compreende a natureza e a humanidade, pela ótica materialista e mecanicista, para uma visão vibracional, o ser humano passa a ser compreendido como um complexo vibracional uno, inteiro e indivisível.
A partir dessa visão, baseando-me na Ciência do
Sentir, os sentimentos são compreendidos como a experiência vibracional que a
pessoa sente da própria vibração que é enquanto ser humano e daquela que
resulta da sua interação com o meio. Acrescenta-se que são mais de 500
possibilidades de sentimentos que, interagindo entre si, constituem uma
complexidade impossível de ser separada, onde se um sentimento é ativado, a
imagem de um efeito dominó, vários outros são ressoados.
Assim, no nomeado “ódio do bem”, a
confirmação de que o sentimento de ódio estará a serviço do bem vai depender
dos outros sentimentos que juntos estarão sendo ativados e, também, de como
serão usados pela pessoa que o sente. Um possível uso construtivo do
ódio, que poderia servir de alicerce para uma atitude de garra, seria
quando, ao ativar o ódio, a pessoa fizesse ressoar dentro de si a força e,
assim, ela decidisse investir na coragem, ousadia, persistência.
Entretanto, um possível uso destrutivo do
ódio, que poderia se revelar em atitudes de tirania, seria quando, ao
ativar o ódio, a pessoa fizesse ressoar dentro de si a vingança e, assim, ela
decidisse investir na crueldade, desprezo, dominação, entre outros. No que
tange ao “ódio do bem”, se este sentimento é usado em nome de um ideal
que se propõe a benefícios, ele estaria ativando o sentimento de amor naquela
pessoa que o sente. Todavia, a questão que se apresenta é que o amor
também pode, assim como o ódio, ter um uso construtivo ou destrutivo.
Um possível uso construtivo do amor, que
poderia se revelar em atitudes de autonomia, seria quando, ao ativar o
amor, a pessoa fizesse ressoar dentro de si a confiança e, assim, ela decidisse
investir na esperança, no otimismo ou na prosperidade.
Entretanto, um possível uso destrutivo do
amor, que poderia se revelar em atitudes intransigentes, seria
quando, ao ativar o amor, a pessoa fizesse ressoar o ciúme e, assim, ela
decidisse investir na posse, no apego, no orgulho, etc. Sendo assim, o que irá
determinar se os sentimentos de uma pessoa estarão a favor do que é ou não
construtivo será o uso que, de modo a nortear as suas ações, ela irá fazer
deles.
O que tem sido observado na prática do “ódio do bem”
são agressões que, se iniciando em diversos xingamentos desrespeitosos, podem
chegar a atitudes de violência tanto física quanto moral, muitas vezes até
extremadas. Fato é que o “ódio do bem” tem se apresentado com uma
prática impregnada de intolerância, arrogância e prepotência.
Acrescenta-se ainda que é uma prática que se valida
ao espelho, ou seja, as pessoas só aceitam a existência dos pares iguais,
devendo, a qualquer preço, ser banido o que se apresenta diferente. Desta
forma, não fica difícil considerar que esse tipo de ódio se afina pelo amor narcísico
e, juntos, formam uma complexidade afetiva ódio-amor.
Complexidade ódio-amor que impõe o funcionamento
robótico, ou seja, aquele que, enquadrando as pessoas em um único programa de
pensar, elimina as diferenças e anula a individualidade. Em sendo assim a
prática do “ódio do bem” objetiva transformar as pessoas em cópias
espelhadas umas das outras, a desumanizar o humano e a promover, ao impedir a
expansão pelas diferenças, a atrofia pessoal.
Portanto, entendo o “ódio do bem’’ como
sendo o reflexo em espelho do "amor do mal”, ou seja, daquele amor que
agregado ao ódio, juntos e misturados, formam uma complexidade que incorpora a
tonalidade narcisista. Tonalidade essa que leva a pessoa a sentir-se ferida por
aquele que não lhe é igual, a arrojar-se em um ideal que, de forma
autoritária, investe na transformação das pessoas em réplicas
humanoides, ou seja, na anulação do ser humano como ser sensível, criativo
e pensante.
Beatriz Breves - psicóloga,
psicanalista, física e psicoterapeuta. Sua especialidade é a Ciência do Sentir
e os mais de 500 sentimentos listados durante 35 anos de pesquisa.
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