O Projeto Germina
realiza o acompanhamento de 500 bebês, a partir de três meses de vida, para
investigar fatores que favorecem seu desenvolvimento cognitivo e emocional
Divulgação
Os primeiros 1.000 dias são cruciais na vida
infantil. É neste período que funções executivas e de linguagem da criança são
estimuladas, o que terá um papel essencial para atingir o potencial de
desenvolvimento e viver uma vida plena. Contudo, pesquisas apontam que mais de
250 milhões de crianças no mundo não alcançam este potencial devido à exposição
a vários fatores de risco. Para identificar quais são os fatores de risco e
também os que favorecem o bom desenvolvimento cognitivo e emocional, um grupo
de pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) criou o Projeto
Germina, que irá monitorar 500 crianças, a partir dos três meses
de vida, durante um período de três anos.
Liderado pelo Dr. Guilherme Polanczyk, Professor
Associado de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da Faculdade de Medicina
da USP e membro do comitê Científico NCPI, o Projeto Germina nasceu
da união de 15 grupos de pesquisa de diferentes áreas do conhecimento da
Universidade de São Paulo. São elas genética, microbiologia, nutrição,
fonoaudiologia, pediatria, psicologia, psiquiatria de crianças, neurociência do
desenvolvimento, matemática e estatística. Toda esta equipe fará um mapeamento
do desenvolvimento de 500 bebês a partir de três meses de vida, por meio de
encontros regulares, até completarem três anos de idade.
“As experiências nos primeiros 1.000 dias de vida
afetam o cérebro das crianças, podendo levar tanto ao comprometimento quanto
favorecendo o desenvolvimento das funções executivas e nas habilidades de
linguagem. Porém, algumas crianças, mesmo quando expostas a condições adversas
de vida, apresentam um desenvolvimento ótimo e são consideradas resilientes”,
explica o Dr. Guilherme.
"Esse estudo tem por objetivo determinar, com
o apoio de várias ferramentas, como sequenciamento genético, microbioma,
eletroencefalograma, testes e brincadeiras, quais são esses fatores positivos e
negativos. Desta forma, será possível criar e embasar ações e políticas
públicas que estimulem o desenvolvimento saudável e diminuam os riscos de
exposição das crianças a elementos que possam ser prejudiciais ao seu
futuro", complementa o pesquisador.
As funções executivas e linguagem são habilidades
fundamentais para um desenvolvimento saudável. Bem desenvolvidas, aumentam a
chance de a criança ter saúde física, cognitiva e mental ao longo da vida,
reduzir o ritmo de envelhecimento, além de uma maior produtividade e prosperidade.
Estima-se que, na vida adulta, cerca de 80% da população com funções executivas
subdesenvolvidas na infância necessita de alguma forma de assistência social ou
econômica.
Período de monitoramento
De forma gratuita, o trabalho de monitoramento dos
500 bebês será feito, inicialmente, aos três meses de vida. Em seguida, serão
feitas outras quatro avaliações, a última aos 3 anos de idade. Nestes
encontros, realizados em um dos centros de pesquisa do projeto na cidade de São
Paulo, serão feitas perguntas sobre o comportamento e habilidade das crianças,
sobre o ambiente em que vivem, avaliação do desenvolvimento motor, cognitivo,
emocional, além de um encefalograma. Também serão coletadas amostras de saliva
e fezes do bebê.
Ligado a um consórcio internacional de
pesquisadores de todos os continentes, o Projeto Germina é financiado pela
Wellcome Trust-Leap, agência de fomento independente, que visa apoiar diversas
áreas do conhecimento em busca de descobertas inovadoras sobre vida, saúde e
bem-estar.
“Este estudo pretende investigar crianças de todas
as classes sociais. O objetivo do Projeto Germina é alcançar famílias
e seus bebês de diversos extratos da sociedade, para que possamos entender o
desenvolvimento de crianças com características diferentes, assim como os
riscos e benefícios envolvidos na evolução das funções executivas e habilidades
de linguagem”, afirma o Dr. Guilherme Polanczyk.
A pesquisa teve início em janeiro de 2022. Os
participantes terão acesso aos dados sobre o desenvolvimento do bebê, as
análises de microbioma e sequenciamento de genoma. Além disso, contribuirão com
um estudo que tem potencial para inovação científica e relevância para a saúde
pública, favorecendo o desenvolvimento de intervenções aplicadas ao contexto
das crianças brasileiras.
Para participar da pesquisa, os pais interessados
podem se inscrever pelo site do Projeto Germina (https://www.projetogermina.com.br/)
ou através das redes sociais: no Instagram, @projetogermina, e no Facebook, https://www.facebook.com/projetogermina/.
Sobre o Projeto Germina
O Projeto Germina é um projeto de pesquisa
realizado por 15 grupos de diferentes áreas de conhecimento da USP (Universidade
de São Paulo). O estudo, que é financiado pela agência de fomento independente
Wellcome Trust-Leap, irá avaliar 500 crianças a partir de três meses de idade,
mapeando o desenvolvimento das funções executivas e de linguagem, até
completarem três anos.
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