Expedições aos biomas brasileiros objetivam ampliar banco inédito de microrganismos funcionais |
A Biotrop, empresa de produtos biológicos e naturais, iniciou expedições aos biomas brasileiros para ampliar seu banco inédito de microrganismos funcionais. A ideia é construir a base do futuro dos bioinsumos, desenvolvendo novos produtos (o "next-next")
O Brasil é o país com a maior biodiversidade do
planeta e grande parte da capacidade da produção agropecuária brasileira está
relacionada à essa riqueza natural formada por centenas de espécies de seres
vivos.
Para contribuir ainda mais com a sustentabilidade e
competitividade da agricultura, teve início o Projeto Nimbles
(termo que significa ser ágil, ou ir direto ao ponto) - iniciativa da Biotrop,
empresa de soluções em tecnologia biológica, que pretende construir a maior
coleção funcional de microrganismos do Mundo. As novas descobertas serão
utilizadas principalmente para o desenvolvimento de soluções biológicas para o
controle de doenças e pragas em lavouras e para a promoção de crescimento das
plantas.
O Projeto Nimbles se parece muito com uma
aventura de ficção, onde pessoas entram na mata nativa em busca de algo inédito
que possa ser a solução para algum problema, ou ainda servir como meio de
transformação de uma realidade. Apesar de parecer somente algo divertido e
aventureiro, trata-se de um trabalho científico muito sério em busca de novos e
incríveis microrganismos, através da coleta de fungos e bactérias dos solos dos
biomas brasileiros, que serão estudados e selecionados para beneficiar a
agropecuária nacional no futuro próximo.
O projeto está sendo desenvolvido a partir de
expedições de uma equipe multidisciplinar de profissionais, com agrônomos,
biólogos e microbiologistas. Segundo Juliana Marcolino Gomes, bióloga,
geneticista e coordenadora de inovação e da área de Botânicos da Biotrop, que
lidera os trabalhos, os microrganismos que servem de base para as formulações
atuais já são estudados e caracterizados, portanto, as novas amostras serão o
futuro dos bioinsumos.
A primeira expedição já aconteceu na Mata
Atlântica, na região de São Luiz do Purunã, no Paraná, no final de outubro. Com
um intervalo entre as expedições, a próxima está prevista para fevereiro,
também na Mata Atlântica, desta vez no Ecossistema Mangue, conforme explica
Juliana. “Iniciamos no bioma Mata Atlântica porque é um dos mais biodiversos,
mas vamos realizar etapas nos outros cinco biomas brasileiros: Amazônia,
Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa”, comenta.
Modelo inédito
Com tanta diversidade na natureza é normal pensar
que uma grande lista de gêneros e espécies possa trazer soluções biológicas
para a agricultura. Mas, no Projeto Nimbles, quantidade não é significado
de qualidade. Por isso, o propósito da Biotrop com a iniciativa é construir a
maior coleção funcional, algo inédito neste tipo de pesquisa aplicada. Dessa
forma, o banco de microrganismos irá oferecer as características e funções
necessárias para inovar na formulação de produtos biológicos. “Nossa expectativa
é encontrar microrganismos novos, mas também integrantes de espécies já
conhecidas, mas que apresentem características únicas, próprias de cada
isolado/estirpe”, explica a coordenadora.
Etapas
O trabalho da expedição é conduzido de maneira a ter
baixíssimo impacto nos ambientes que estão sendo visitados. Além das
autorizações dos órgãos responsáveis para que os profissionais adentrem nas
áreas preservadas, eles se movimentam a pé nas trilhas e retiram apenas
amostras do solo onde estão os componentes minerais e biológicos (os
microrganismos).
Já no laboratório da Biotrop, em sua sede de
Curitiba (PR), os microrganismos são isolados e separados. Assim é mantida a
pureza de suas características. Em seguida é feita a criopreservação, que
garante a sua estocagem de forma viável e a utilidade dos microrganismos por
muito tempo. Na próxima etapa, as amostras passam pela caracterização
morfofisiológica e no final pela caracterização funcional que inclui
informações bioquímicas e genéticas.
O microbiologista Douglas Gomes, gerente de
Pesquisa e Inovação da Biotrop, explica que além da construção de um banco
funcional de microrganismos - que será o futuro dos bioinsumos da empresa -, o
Projeto se destaca pela utilização sustentável da biodiversidade. “O direcionamento
que estamos dando ao Nimbles também é inédito porque fazemos
o levantamento do microbioma de todas as áreas visitadas e temos um raio-x de
tudo que está presente nas amostras. Com isso, conseguimos entender as funções
mais proeminentes dessas áreas. Como finalidade científica tem muito valor”,
destaca.
Números
Em cada expedição, que dura pelo menos uma semana,
os profissionais coletam milhões de microrganismos. Após as etapas seguintes,
de isolamento e caracterização, são selecionados centenas deles para compor o
banco funcional. Estima-se que em apenas 1 grama de solo existam de 1 milhão a
1 bilhão de microrganismos, portanto, é neste material que a equipe da Biotrop
se concentra quando está a campo.
Biotrop
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