92% dos brasileiros
com a doença já atingiram um estágio indetectável, ou seja, não transmitem mais
o vírus, afirma Ministério da SaúdeShutterstock
Em celebração ao
Dezembro Vermelho, campanha que marca a luta contra o HIV e outras Infecções
Sexualmente Transmissíveis, especialista do CEJAM - Centro de Estudos e
Pesquisas "Dr. João Amorim" esclarece as principais questões sobre
tratamentos, prevenção, expectativas de vida e relacionamentos com pessoas de sorologias
diferentes.
Mais de 40 anos se
passaram desde a detecção dos primeiros casos de HIV/Aids no Brasil. De lá para
cá, muitas foram as conquistas em relação à doença, que passam por tratamentos
mais efetivos, disponibilizados de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de
Saúde) desde 1996, até inúmeros métodos anticonceptivos, que visam diminuir a
possibilidade de contágio.
Segundo o Ministério
da Saúde, no Brasil, 92% das pessoas em tratamento já
atingiram o estágio indetectável, ou seja, não transmitem o vírus e conseguem
manter a qualidade de vida, sem a manifestação dos sintomas da Aids.
De acordo com a
infectologista Tassiana Rodrigues Galvão, que atende nos hospitais Estadual
Francisco Morato e Municipal de Cajamar, ambos gerenciados pelo CEJAM, nos
últimos anos, os tratamentos tiveram evoluções extremamente favoráveis,
tornando-se mais toleráveis, com barreiras genéticas maiores.
"Hoje em dia, uma
pessoa que tem o diagnóstico em um período mais tranquilo da doença e faz uso
dos medicamentos corretamente tem a mesma expectativa de vida de uma pessoa sem
o vírus."
A médica conta que
alguns estudos populacionais indicam que homens soropositivos, que se tratam
corretamente, conseguem viver até por mais tempo que outros sem a doença.
"Isso acontece
porque, na rotina do paciente que vive com HIV, estão as visitas frequentes ao
médico, além de exames que devem ser feitos a cada seis meses. Quando
avaliamos, por exemplo, a população masculina entre 40 e 50 anos, que,
normalmente, só procura atendimento para descobrir algo quando já tem muitos
sintomas, o acompanhamento acaba sendo um ponto positivo", afirma a
especialista.
Diferenças entre PrEP
e PEP
Além oferecer os mais
avançados tratamentos disponíveis, o SUS também coloca à disposição da
população estratégias e tecnologias avançadas à prevenção, como a PrEP
(Profilaxia Pré-Exposição), uma combinação de medicamentos antirretrovirais que
reduzem consideravelmente as probabilidades de infecção.
Seu uso amplia o
acesso ao diagnóstico precoce e às ações específicas para populações-chave,
como profissionais do sexo, casais com sorologias diferentes, homens que fazem
sexo com outros homens e que possam ter uma exposição mais intensa, população
privada de liberdade e usuários de álcool e outras substâncias.
Dra. Tassiana explica
que, além destes mencionados, a PrEP é indicada para pessoas que fazem o uso
constante da PEP (Profilaxia Pós-Exposição), que é a junção de duas medicações
administradas ao longo de 28 dias em pessoas que tiveram alguma exposição
considerada de risco, como profissionais de saúde que tenham algum acidente com
fonte desconhecida ou pacientes HIV positivos, vítimas de violência sexual,
relações casuais desprotegidas ou ainda quando há o rompimento do preservativo.
Seu uso deve ser iniciado em até 72 horas após o incidente.
"Se você tem uma
vida sexual ativa, não tem um parceiro ou parceira fixos e pratica relações
ocasionais com pessoas das quais não conhece a sorologia, é necessário usar
camisinha, procurar saber sobre a PrEP e, caso haja alguma falha em relação ao
preservativo, buscar a PEP em até 72 horas."
A médica chama a
atenção para a importância da testagem, que pode ser feita em qualquer Unidade
Básica de Saúde ou durante campanhas de prevenção. "É importante conversar
sobre saúde sexual, procurar atendimento com um bom clínico geral ou mesmo
infectologista. A prevenção é o foco mais importante."
Vida normal
Dra. Tassiana destaca
que, diferentemente da época na qual surgiu, o HIV não é uma sentença de morte.
"Pessoas que convivem com o vírus e fazem o tratamento corretamente podem
ter uma vida normal e saudável, inclusive se relacionando com pessoas que não
têm a infecção."
Esse tipo de
relacionamento é chamado de relação soro-diferentes - quando só uma das pessoas
tem HIV.
"É uma relação
super possível graças à possibilidade da PrEP, que pode ser utilizada pelo
paciente negativo continuamente. Além disso, a pessoa que tem o vírus, mas
encontra-se com a carga viral indetectável por mais de seis meses, seguindo com
o tratamento correto, não transmite. Muitos casais vivem durante anos,
inclusive com a opção de usar ou não o preservativo", explica.
Nestes casos, no
entanto, é necessário consultar um especialista para acompanhamento do caso.
"Hoje em dia, graças aos tratamentos e profilaxias realizados no momento
do parto, é possível que uma mulher HIV positivo engravide normalmente sem que
transmita o vírus para o bebê", finaliza a médica.
CEJAM
- Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim"
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