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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Entenda o mito da moleira fechada no bebê

A craniossinostose não sindrômica pode ser corrigida com cirurgia coberta pelo SUS

 

Craniossinostose ou cranioestenose é uma deformidade craniana causada pelo fechamento precoce de uma ou mais suturas cranianas, que servem para determinar o crescimento e remodelamento do crânio. “As suturas não têm nada a ver com a moleira popularmente conhecida. A moleira, chamada de fontanela, são espaços amolecidos que existem no crânio do bebê cuja função é acomodar os ossos do crânio durante a passagem da cabeça pelo canal do parto”, explica o Dr. Ricardo Santos de Oliveira, neurocirurgião pediátrico, explicando que a ‘moleira fechada’ é um mito. A craniossinostose pode causar compressão cerebral, deformidade estética e está relacionada a aspectos psicossociais (rendimento escolar, convívio social, comportamento).

 

As suturas - O crânio é uma caixa composta por diversos ossos e tem como função principal proteger o cérebro, além de vários outros órgãos que ocupam essa região do corpo. Essa “caixa” de ossos precisa crescer para que, dentro dela caiba o cérebro da criança, que também está se desenvolvendo e precisa de espaço. O crescimento do crânio depende do desenvolvimento cerebral e das chamadas suturas cranianas, que são como “rachaduras” compostas por uma membrana especial e que permitem que o osso cresça naquela região. Uma vez que o osso cresce, essas rachaduras se fecham e se fundem com os ossos em volta.

Numa situação normal, as suturas começam a se fechar por volta dos 2 meses e o fechamento total de completa por volta dos 35-39 meses.

 

Causas e incidência - Algumas mutações genéticas podem estar relacionadas a casos de craniossinostose, mas quando a relação é não sindrômica (sem fator genético), essa deformidade craniana pode ser classificada em escafocefalia, trigonocefalia, plagiocefalia ou braquicefalia, e isso varia de acordo com o tipo de fechamento da sutura craniana. A craniossinostose tem incidência de 1 a cada 2.000-3.000 nascimentos. As causas não sindrômicas correspondem a 90% das craniossinostoses.

 

Coberto pelo SUS, o tratamento é cirúrgico e visa corrigir a deformidade craniana, promovendo o crescimento do encéfalo sem restrições, e melhorar as condições funcionais. 


“Para a cirurgia, considero ideal que a criança tenha pelo menos 6kg de peso e idade acima de 3 meses. Quanto mais tarde operar, mais difícil será a maleabilidade óssea”, explica o neurocirurgião com vasta experiência em deformidades craniofaciais.

 


Dr. Ricardo de Oliveira - Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Doutor em Clínica Cirúrgica pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorados pela Universidade René Descartes, em Paris na França e pela FMRPUSP. É orientador pleno do programa de pós-graduação do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRPUSP e médico assistente da Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Também é docente credenciado do Departamento de Cirurgia e Anatomia na pós-graduação e tem experiência na área de Medicina com ênfase em Neurocirurgia Pediátrica e em Neurooncologia, atuando principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: neoplasias cerebrais sólidas da infância, glicobiologia de tumores cerebrais pediátricos e trauma crânio-encefálico. É presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica (2019/2021). Foi o neurocirurgião pediátrico principal do caso das gêmeas siamesas do Ceará. Atua com consultórios em Ribeirão Preto e em São Paulo no Instituto Amato.

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