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quinta-feira, 2 de setembro de 2021

 

Risco de suicídio aumenta em tempos de Covid-19, alerta o Seconci-SP

Isolamento social prolongado, medo do desemprego e de contrair a doença são gatilhos para as pessoas que sofrem de depressão e têm pensamentos de morte

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama. Por ocasião da campanha do Setembro Amarelo e do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10/9), a psiquiatra do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), dra. Amara Alice Darros, alerta sobre o agravamento dos riscos em tempos de pandemia.

“O isolamento social prolongado, o medo de contrair a doença, perdas familiares, crises conjugais e as questões socioeconômicas advindas dessa pandemia mundial são gatilhos que podem levar uma pessoa, que sofre de depressão e ansiedade, a ver o suicídio como única solução para se livrar de todo esse sofrimento. E há aqueles casos também de pessoas que passaram a apresentar quadros de depressão e pânico, em decorrência desse cenário de pandemia”, afirma dra. Amara.

Infelizmente, ainda há um estigma em se falar sobre esse assunto, que é recoberto de preconceito, assim como a ida ao psiquiatra, considerado “médico de louco”. “A triste consequência é que muitas pessoas sofrem de problemas de saúde mental e ficam sem o tratamento adequado por isso. Este é um tema delicado e não se deve julgar ou criticar e sim acolher e orientar a pessoa a procurar ajuda especializada”.

A dra. Amara destaca que é preciso falar abertamente sobre o suicídio, visando conscientizar a população e assim conseguir reduzir os índices. Para se ter ideia, esta é a segunda causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos, ficando atrás apenas dos acidentes de trânsito.

Outro mito é o de que o paciente ficará dependente das medicações. “Estamos falando de um tratamento como qualquer outro e, o mais importante, assim como ocorre em casos de diabetes e hipertensão, a pessoa não pode suspender a medicação por conta própria. Só o médico poderá avaliar quando é o momento de fazer uma retirada progressiva dos medicamentos”, orienta.

A psiquiatra ressalta que as pessoas não são culpadas de ter esses pensamentos de morte. “Trata-se de uma disfunção neuroquímica, um processo inflamatório do sistema nervoso central, que leva a uma disfunção hormonal, podendo estar associado à história familiar e à memória genética”.

A especialista lembra que o Seconci-SP conta com equipe médica preparada para atender esses pacientes. “Temos também dois grupos de apoio, composto por equipe multidisciplinar, um voltado para dependentes químicos e outro para pessoas que sofrem de ansiedade e depressão. Essa interação entre os participantes é muito rica e traz formas de lidar melhor com esses problemas”.

Porém diante de uma situação crítica e emergencial, a recomendação é se dirigir a um pronto-socorro, que disponha de psiquiatra ou ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV), no número 188.

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