Risco
de suicídio aumenta em tempos de Covid-19, alerta o Seconci-SP
Isolamento
social prolongado, medo do desemprego e de contrair a doença são gatilhos para
as pessoas que sofrem de depressão e têm pensamentos de morte
Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), todos os anos mais pessoas morrem como resultado de
suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama. Por ocasião da campanha do Setembro Amarelo e do
Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10/9), a psiquiatra do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), dra.
Amara Alice Darros, alerta sobre o agravamento dos riscos em tempos de
pandemia.
“O isolamento social prolongado, o medo
de contrair a doença, perdas familiares, crises conjugais e as questões
socioeconômicas advindas dessa pandemia mundial são gatilhos que podem levar
uma pessoa, que sofre de depressão e ansiedade, a ver o suicídio como única
solução para se livrar de todo esse sofrimento. E há aqueles casos também de
pessoas que passaram a apresentar quadros de depressão e pânico, em decorrência
desse cenário de pandemia”, afirma dra. Amara.
Infelizmente, ainda há um estigma em se
falar sobre esse assunto, que é recoberto de preconceito, assim como a ida ao
psiquiatra, considerado “médico de louco”. “A triste consequência é que muitas
pessoas sofrem de problemas de saúde mental e ficam sem o tratamento adequado
por isso. Este é um tema delicado e não se deve julgar ou criticar e sim
acolher e orientar a pessoa a procurar ajuda especializada”.
A dra. Amara destaca que é preciso
falar abertamente sobre o suicídio, visando conscientizar a população e assim
conseguir reduzir os índices. Para se ter ideia, esta é a segunda causa de
morte entre os jovens de 15 a 29 anos, ficando atrás apenas dos acidentes de
trânsito.
Outro mito é o de que o paciente ficará
dependente das medicações. “Estamos falando de um tratamento como qualquer
outro e, o mais importante, assim como ocorre em casos de diabetes e
hipertensão, a pessoa não pode suspender a medicação por conta própria. Só o
médico poderá avaliar quando é o momento de fazer uma retirada progressiva dos
medicamentos”, orienta.
A psiquiatra ressalta que as pessoas
não são culpadas de ter esses pensamentos de morte. “Trata-se de uma disfunção
neuroquímica, um processo inflamatório do sistema nervoso central, que leva a
uma disfunção hormonal, podendo estar associado à história familiar e à memória
genética”.
A especialista lembra que o Seconci-SP
conta com equipe médica preparada para atender esses pacientes. “Temos também
dois grupos de apoio, composto por equipe multidisciplinar, um voltado para
dependentes químicos e outro para pessoas que sofrem de ansiedade e depressão.
Essa interação entre os participantes é muito rica e traz formas de lidar
melhor com esses problemas”.
Porém
diante de uma situação crítica e emergencial, a recomendação é se dirigir a um
pronto-socorro, que disponha de psiquiatra ou ligar para o Centro de
Valorização da Vida (CVV), no número 188.
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