Planejar as compras, construir uma rotina básica de alimentação, buscar o bem-estar emocional e praticar de atividades físicas são algumas dicas para o equilíbrio
Durante a pandemia, houve um aumento de casos de
transtornos alimentares. Foi a conclusão do estudo da Universidade de
Minnesota, Estados Unidos, que coletou os dados entre abril e maio de 2020 e
publicou em março deste ano. As doenças relacionadas à alimentação atingem 9%
da população mundial e podem repercutir de forma negativa na saúde
psiquiátrica. “Em uma situação tão absurda de mortes, incertezas e uma realidade
totalmente nova e alheia à antiga, é difícil manter o bem-estar emocional. E
quando o bem-estar emocional se abala, ele pode desencadear diferentes reações
dependendo do caso e da pessoa, algumas positivas e outras nocivas ao corpo,
como os transtornos alimentares, que são doenças psiquiátricas graves em que
existe uma preocupação excessiva e persistente em relação à alimentação e ao
peso”, explica a psicóloga clínica Karin Kenzler.
A influência da pandemia nos distúrbios alimentares
se dá uma vez que os pensamentos e ações características se potencializam com a
maior disponibilidade de comida em casa, a menor intensidade de atividades
físicas e o aumento do tempo livre. Coisas que se tornaram comuns para algumas
pessoas nesse período. Além disso, a preocupação e a ansiedade que a pandemia
desencadeia pode se tornar um gatilho para esses transtornos e também colaborar
para esse aumento.
Os distúrbios mais comuns são: anorexia nervosa.
que se caracteriza como a distorção da imagem corporal, medo excessivo de
engordar e consumo demasiado baixo de alimentos, comprometendo a saúde; Bulimia
nervosa, caracterizada por comer em excesso e realizar atividades
compensatórias após, como provocar vômitos, usar laxantes e diuréticos, fazer
lavagem intestinal ou praticar exercício físico em excesso; Transtorno de
compulsão alimentarBruno Germany_para Pixabay_imagem free
periódico, que são episódios de ingestão exagerada de
alimentos com presença forte de sofrimento psicológico, porém, nesta, não há as
atitudes compensatórias da bulimia.
A comparação que existe entre corpos “comuns” e os
corpos “padrões” existentes na sociedade também podem se tornar grandes
gatilhos para o desenvolvimento dos distúrbios alimentares. “Na maioria
das vezes, os fatores que moldaram aquele corpo padrão exibido por blogueiras,
atrizes e influencers não são considerados, como: cirurgias, uma dieta muito
restritiva, uma rotina pesada de treinos, biotipo diferente, entre outros”,
ressalta Karin. Além disso, também existem muitos filtros que mudam a
fisionomia da pessoa e aplicativos que conseguem modificar todo o corpo. “É
importante lembrar que nem tudo que é mostrado na internet é real. E que um
corpo esbelto não é sinônimo de saúde, assim como um corpo gordo não é sinônimo
de doença. São somente corpos diferentes que pertencem a pessoas que têm
rotinas e vidas distintas”, completa.
O essencial é ter equilíbrio nutricional para manter a saúde em dia, independentemente de ter ou não distúrbios alimentares. As dicas da psicóloga são: planejar as compras de alimentos; atenção aos sinais corporais, como honrar a fome e respeitar a saciedade; construir uma rotina básica de alimentação fracionada, que contemple todos os grupos de nutrientes; criar uma rotina de busca ativa pelo bem-estar emocional; investir em atividades amenas e agradáveis, como jogos, artesanato e música; prática de atividades físicas é imprescindível.
Fazer comparações e viver sempre em busca de um
corpo ideal pode causar muitas complicações para além de distúrbios
alimentares, como depressão, ansiedade e frustração. “Evite se
comparar; busque sempre melhores condições de saúde, tanto mental quanto
física; conte com profissionais de saúde na sua rotina e viva o agora
aproveitando o seu corpo do jeito que ele é”, orienta Karin.
Karin kenzler - Formada em psicologia pela PUC SP e pós graduada em psicopedagogia pela
Universidade Santo Amaro, Karin tem no currículo experiência profissional na
Alemanha, em psiquiatria de jovens e adultos e no Departamento de
Desenvolvimento Pessoal. No Brasil, trabalha com psicoterapia para casais,
famílias, adultos, adolescentes e crianças. Já atuou em psicóloga escolar,
atendimento clínico em Terapia Artística, projeto social com crianças e
adolescentes da favela e psicologia do esporte. Tem formação em Psiquiatria e
Psicoterapia de criança e adolescentes, Especialização em Psicanálise da
Criança, Extensão em testes e dinâmicas de grupo em Orientação Vocacional e
Extensão em Terapia de Casal e Família.
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