Tipos O+, O-, B- e B+ são os mais críticos e situação pode impactar em
cancelamento de cirurgias realizadas pelo SUS, informa Fundação Pró-Sangue
Os Bancos de Sangue da capital paulista precisam urgentemente de doações.
Segundo a Fundação Pró-Sangue, instituição vinculada à Secretaria da Saúde do
Estado de São Paulo, os estoques estão extremamente baixos e têm registrado forte
queda desde meados de julho, quando as baixas temperaturas registradas pelo
inverno afastaram os candidatos das unidades de coleta, impactando no volume de
bolsas.
Atualmente, a fundação opera com cerca de 22% da reserva necessária para dar
atendimento a mais de 100 instituições pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Caso
esse quadro não seja revertido a tempo, pode levar ao cancelamento de
cirurgias.
A situação dos tipos de sangues do tipo O+, O-, B- e B+ é ainda mais
preocupante, já que estão em estado de emergência, ou seja, garantem o
abastecimento por menos de um dia. Já as bolsas de sangue A- e A+ estão em
nível crítico, conseguindo atender à solicitação dos hospitais por apenas um
dia.
De acordo com o clínico geral Kauê de Cezaro dos Santos, diretor do Hospital
Municipal de Cajamar, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas
"Dr. João Amorim", diariamente, milhares de pessoas vítimas de
traumas graves, pacientes cirúrgicos e portadores de câncer, entre outros,
podem se beneficiar com as transfusões sanguíneas.
O especialista explica que uma doação pode ser revertida em diversas
modalidades de transfusão, como plaquetas e hemácias, por exemplo. Dessa forma,
o sangue doado por uma pessoa pode salvar até quatro vidas.
“Doar sangue significa ter a chance de ofertar o direito de vida ao próximo. O
sangue é como se fosse o combustível do corpo. Ele leva o oxigênio às células
e, assim, garante a nutrição adequada dos órgãos e tecidos. Na ausência dele,
há dificuldade de os sistemas do corpo funcionarem corretamente”, explica.
A Fundação Pró-Sangue
afirma que a situação é de fato preocupante, já que o volume diário de doações
durante as últimas semanas tem sido insuficiente para manter os estoques em
nível adequado de abastecimento. E conta com o apoio dos voluntários para que
cirurgias não sejam canceladas.
Pandemia
Além do inverno, outro agravante para a diminuição no número de doações foi a
pandemia da Covid-19. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde,
em 2020, o número de doações caiu cerca de 10% no país.
“Observamos uma queda relevante na quantidade de bolsas nos hemocentros neste
período. Acreditamos que a situação pandêmica e os lockdowns aplicados nos
estados determinaram a redução de pessoas nos hemocentros, impedindo, assim, a
manutenção dos estoques”, destaca o Dr. Kauê.
O médico afirma que é necessário explicar às pessoas o impacto que a doação
pode trazer à vida dos necessitados. Segundo ele, o conhecimento e a empatia
são partes fundamentais neste processo. “Saber o quanto podemos impactar na
vida de uma pessoa, com esse gesto de amor que é a doação de sangue, é
imprescindível.”
Além do benefício de ajudar alguém que precisa, doadores de sangue também podem
receber alguns direitos especiais, entre eles meia-entrada em estabelecimentos
culturais e atividades recreativas e o direito a atendimento prioritário em
filas de banco, assim como idosos, deficientes e gestantes, segundo a Lei n°
219/09.
Qualquer pessoa pode doar sangue?
Para doar, é necessário ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 quilos e
estar em boas condições de saúde. Gripes e resfriados, ingestão de bebidas
alcoólicas, extrações dentárias ou acupuntura pedem um tempo maior para
que a doação possa ser realizada e devem ser tidos antes do ato.
Gestantes ou mulheres em fase de amamentação não podem doar, assim como
usuários de drogas, pessoas expostas a doenças sexualmente transmissíveis e com
diagnóstico de hepatite após os dez anos de idade.
Além disso, procedimentos como tatuagens, maquiagem definitiva e
micropigmentação – procedimento estético que utiliza agulhas – exigem 12 meses
para que a doação seja feita, tal como situações nas quais há maior risco de
adquirir IST’s.
“Antes da doação, os voluntários passam por uma entrevista que analisa as
possibilidades de doação ou não naquele momento. Todas as informações obtidas
são mantidas em sigilo”, explica o médico.
Candidatos à doação que apresentaram infecção pela Covid-19 são considerados
inaptos por um período de 30 dias após a recuperação clínica completa.
De acordo com o Dr. Kauê, voluntários que tiveram contato direto domiciliar ou
profissional com casos suspeitos ou confirmados de contaminação devem aguardar
14 dias após o último dia de contato para realizar a doação de sangue. Isso também
serve para profissionais de saúde que trabalham diretamente com pacientes.
Além disso, a vacinação contra o Coronavírus também pode influenciar no período
de doação. Candidatos que receberam a Coronavac, da Sinovac/Butantan, podem
doar 48 horas após cada dose, enquanto os que foram vacinados com a
AstraZeneca, da Fiocruz/Oxford, e com a Comirnaty, da Pfizer/BioNTech, exigem
um período de 7 dias após cada dose.
A doação pode ser feita mais de uma vez ao ano, sendo até quatro doações ao
longo de 12 meses para homens, com um período de 60 dias entre uma e outra, é
de até três doações ao ano para mulheres, com um espaço de 90 dias entre elas.
No site www.prosangue.sp.gov.br, é possível ter acesso aos hemocentros mais próximos para a
doação de sangue, além de descobrir os tipos sanguíneos mais necessitados no
momento.
No ato da doação, é necessário apresentar documento oficial com foto recente,
que permita a identificação do candidato.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
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