Psicóloga
alerta para as diferenças entre a depressão e o baby blues
O nascimento de um
bebê é um momento cercado de alegria, mas, para muitas mães, a situação é
diferente. Segundo uma pesquisa realizada pela Fiocruz, uma em cada quatro
mulheres apresenta sintomas de depressão após o nascimento do bebê.
A depressão é o principal
e mais comum transtorno mental no pós-parto. É uma condição que engloba fatores
hormonais, associados à queda do nível de estrógeno e progesterona que ocorre
no período após o parto; aspectos físicos, como a alteração do sono, má
alimentação; e fatores emocionais/psicológicos, que vêm com a intensa mudança
na rotina da mulher.
Os principais sintomas
do quadro depressivo pós-parto são tristeza, choro, falta de disposição,
sentimento de culpa, falta de apetite ou compulsão alimentar, preocupação
exagerada com o bebê ou falta de conexão afetiva com o filho, perda do
interesse da mãe em realizar atividades que antes gostava, autocuidado
precário, entre outros. E alguns fatores como pobreza, exposição à violência
doméstica e carência de apoio familiar e social intensificam o impacto na saúde
mental feminina.
Segundo Myriam Albers,
psicóloga da Clínica Maia, o momento do parto é rodeado de inseguranças e
expectativas, o que pode gerar ansiedade e estresse na mãe. A psicóloga
ressalta que observar os sintomas é uma forma de diferenciar a depressão
pós-parto do conhecido baby blues, que atinge 80% das mulheres e costuma
regredir em cerca de 15 dias.
"Com o nascimento
do bebê, poderá ocorrer um período de tristeza, desencadeado por alterações
hormonais, privação do sono, mudanças drásticas na rotina, mas estes sintomas
tendem a desaparecer em poucos dias. É o que chamamos de baby blues.
Assim que a mãe se adapta à nova rotina e reorganiza seus horários de
alimentação, sono e cuidados com o pequeno, o fenômeno perde força e some
espontaneamente", conta a especialista.
Já a depressão
pós-parto é lenta, gradativa e duradoura, ela vai comprometendo a saúde
emocional da mulher e requer tratamento especializado. De acordo com a
psicóloga, o (a) companheiro (a), familiares e pessoas próximas precisam
observar mudanças visíveis no comportamento e nas expressões, pois a mãe pode
não verbalizar a tristeza, ela vai demonstrar nas atitudes.
"Falas como ‘não
estou dando conta’, percepção de que a mulher está sempre dormindo ou sempre
acordada, o tempo todo se sentindo triste, e que não está conseguindo se
cuidar, sem vontade, por exemplo, para tomar banho ou mesmo fazer as unhas; se
ela demonstra também desinteresse pelos cuidados com o bebê, e tudo isso
presente depois de meses após o parto, são sinais de depressão", explica
Myriam.
A psicóloga chama
atenção ainda para um outro sintoma observado na depressão pós-parto: a
ansiedade. Caracterizada pela perda de controle e ataques de pânico, o problema
pode desencadear comportamentos obsessivos na mãe. Então, ao invés de
apresentar desinteresse, aqui ela pode passar a ter um cuidado exagerado com o
filho: a mãe o alimenta a todo instante, coloca agasalhos demais ou não dorme,
porque precisa observar se o bebê continua respirando.
Nesse tipo de
depressão - e também no aparecimento de baby blues - a busca por
profissionais qualificados (psiquiatra e/ou psicólogo), assim que surgem os
primeiros sintomas, possibilita uma recuperação menos sofrida, com uma perda
menor na qualidade de vida tanto da mãe quanto do bebê, e das pessoas com as
quais eles convivem.
"O tratamento
especializado consiste em estabelecer uma relação saudável com esse novo
momento na vida da mulher, da família. É essencial conhecer a doença, visando
um diagnóstico precoce, e desenvolver ferramentas emocionais para viver melhor
e aproveitar os momentos desta nova fase", completa a profissional.
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