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domingo, 20 de junho de 2021

Uma em cada quatro mulheres apresenta sintomas de depressão pós- parto, aponta estudo

Psicóloga alerta para as diferenças entre a depressão e o baby blues


O nascimento de um bebê é um momento cercado de alegria, mas, para muitas mães, a situação é diferente. Segundo uma pesquisa realizada pela Fiocruz, uma em cada quatro mulheres apresenta sintomas de depressão após o nascimento do bebê.

A depressão é o principal e mais comum transtorno mental no pós-parto. É uma condição que engloba fatores hormonais, associados à queda do nível de estrógeno e progesterona que ocorre no período após o parto; aspectos físicos, como a alteração do sono, má alimentação; e fatores emocionais/psicológicos, que vêm com a intensa mudança na rotina da mulher.

Os principais sintomas do quadro depressivo pós-parto são tristeza, choro, falta de disposição, sentimento de culpa, falta de apetite ou compulsão alimentar, preocupação exagerada com o bebê ou falta de conexão afetiva com o filho, perda do interesse da mãe em realizar atividades que antes gostava, autocuidado precário, entre outros. E alguns fatores como pobreza, exposição à violência doméstica e carência de apoio familiar e social intensificam o impacto na saúde mental feminina.

Segundo Myriam Albers, psicóloga da Clínica Maia, o momento do parto é rodeado de inseguranças e expectativas, o que pode gerar ansiedade e estresse na mãe. A psicóloga ressalta que observar os sintomas é uma forma de diferenciar a depressão pós-parto do conhecido baby blues, que atinge 80% das mulheres e costuma regredir em cerca de 15 dias.

"Com o nascimento do bebê, poderá ocorrer um período de tristeza, desencadeado por alterações hormonais, privação do sono, mudanças drásticas na rotina, mas estes sintomas tendem a desaparecer em poucos dias. É o que chamamos de baby blues. Assim que a mãe se adapta à nova rotina e reorganiza seus horários de alimentação, sono e cuidados com o pequeno, o fenômeno perde força e some espontaneamente", conta a especialista.

Já a depressão pós-parto é lenta, gradativa e duradoura, ela vai comprometendo a saúde emocional da mulher e requer tratamento especializado. De acordo com a psicóloga, o (a) companheiro (a), familiares e pessoas próximas precisam observar mudanças visíveis no comportamento e nas expressões, pois a mãe pode não verbalizar a tristeza, ela vai demonstrar nas atitudes.

"Falas como ‘não estou dando conta’, percepção de que a mulher está sempre dormindo ou sempre acordada, o tempo todo se sentindo triste, e que não está conseguindo se cuidar, sem vontade, por exemplo, para tomar banho ou mesmo fazer as unhas; se ela demonstra também desinteresse pelos cuidados com o bebê, e tudo isso presente depois de meses após o parto, são sinais de depressão", explica Myriam.

A psicóloga chama atenção ainda para um outro sintoma observado na depressão pós-parto: a ansiedade. Caracterizada pela perda de controle e ataques de pânico, o problema pode desencadear comportamentos obsessivos na mãe. Então, ao invés de apresentar desinteresse, aqui ela pode passar a ter um cuidado exagerado com o filho: a mãe o alimenta a todo instante, coloca agasalhos demais ou não dorme, porque precisa observar se o bebê continua respirando.

Nesse tipo de depressão - e também no aparecimento de baby blues - a busca por profissionais qualificados (psiquiatra e/ou psicólogo), assim que surgem os primeiros sintomas, possibilita uma recuperação menos sofrida, com uma perda menor na qualidade de vida tanto da mãe quanto do bebê, e das pessoas com as quais eles convivem.

"O tratamento especializado consiste em estabelecer uma relação saudável com esse novo momento na vida da mulher, da família. É essencial conhecer a doença, visando um diagnóstico precoce, e desenvolver ferramentas emocionais para viver melhor e aproveitar os momentos desta nova fase", completa a profissional.


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