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quarta-feira, 2 de junho de 2021

Mulheres com doença inflamatória intestinal devem redobrar cuidados para engravidar, alerta especialista

Foto Lucas Mendes


Não há problema com fertilidade, entretanto, especialista alerta para completa remissão da doença


Cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo têm Doença Inflamatória Intestinal (DII), de acordo com o Ministério da Saúde. Neste grupo estão mulheres em idade fértil que desejam ser mães. Ao se preparar para a concepção, estas mulheres devem ter alguns cuidados com relação a doença para que o período gestacional ocorra bem para a mãe e o bebê. Uma das coisas a se ter em mente é a completa remissão (momento em que a doença não manifesta sintomas).

Segundo a gastroenterologista do Hospital Brasília e do Núcleo Especializado de Doenças Intestinais Complexas (NEDIC) Renata Filardi, geralmente a fertilidade da mulher que possui DII não é diferente das outras mulheres. “Em situações específicas pode haver uma diminuição da fertilidade da mulher que tem DII. Aquelas que tiveram que retirar todo o intestino grosso e usam bolsa ileal podem ter fibrose nas trompas uterinas, o que dificulta a implantação do óvulo”, explica.

A médica aponta outros fatores que podem interferir na fertilidade da mulher com DII como a própria atividade da doença e fatores psicológicos (transtornos de humor ou ansiedade) que levam ao medo ou a falta de vontade de engravidar. Assim, é preciso que a mulher com a condição busque primeiro a remissão para engravidar.

De acordo com Renata Filardi, a remissão da doença é o momento em que a mulher está sem atividade inflamatória durante a gestação, ou seja, sem queixas clínicas, além da atividade de inflamação no sangue e nas fezes estar com valores controlados, assim como exames de colonoscopia ou exames de imagem também sem sinais de inflamação ativa. “Isso vai além de apenas uma melhora clínica, que é somente a diminuição de sinais e sintomas. Uma vez que a paciente esteja com doença em remissão por um período de 3 a 6 meses considera-se segura sua gravidez, com alta possibilidade de boa evolução e de bons resultados para o bebê até o parto”, acrescenta a médica.

A atividade inflamatória da DII durante a gestação apresenta alguns riscos tanto para a mãe como para o bebê. Para a grávida, há o risco de trombose e um aumento do risco da necessidade de cesariana. Para o neném, se a gestante estiver com a DII em atividade, há um aumento de duas a três vezes na chance da criança vir a nascer com baixo peso, em parto prematuro ou ainda de ocorrer um aborto espontâneo. Mas vale lembrar: quando a doença é tratada e controlada, a gestação pode acontecer de forma tranquila e saudável para ambos, com riscos de complicações reduzidos e semelhantes aos de outras grávidas que não apresentam DII.

A especialista faz outro alerta importante: “Não acredite na frase, que é um mito e nos atrapalha muito na condução de mulheres com DII que querem engravidar: ‘engravide porque aí sua doença inflamatória vai ficar mais branda’, isso não é verdade”. Ao contrário, informa a médica, cerca de 70% das mulheres que engravidam com a DII em atividade podem experimentar uma piora no quadro.

Assim, a gastroenterologista aconselha que o tratamento seja seguido a risca, com o acompanhamento de exames regulares. Assim, a mulher com DII conseguirá ter uma gravidez tranquila e realizar o sonho da maternidade.


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