Prevalência global
da doença é de 9,3%, sendo que mais da metade dos adultos não estão
diagnosticados; médica explica como atividade física pode ajudar a prevenir
este mal
A praticidade do mundo contemporâneo levou as
pessoas a adotarem hábitos cômodos, mas nem tão saudáveis. Para quê caminhar
alguns quarteirões se é possível pegar um taxi? Para quê subir alguns andares
de escada se existe o elevador? Pois é desta forma que os costumes atuais e a
ausência total de exercícios físicos estão levando os indivíduos ao extremo
sedentarismo, o que vem aumentando o risco do desenvolvimento de doenças
crônicas, como o diabetes.
“O diabetes é uma enfermidade na qual o corpo não
produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz.
Já a insulina é um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue;
nosso corpo precisa desse hormônio para utilizar a glicose, que obtemos por
meio dos alimentos, como fonte de energia”, explica Dra. Lívia Salomé, médica
especialista em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard e
vice-presidente da Regional Minas Gerais do Colégio Brasileiro de Medicina do
Estilo de Vida (CBMEV).
Quando a pessoa tem diabetes, o organismo não
fabrica insulina e não consegue utilizar a glicose adequadamente. O nível de
glicose no sangue fica alto - a famosa hiperglicemia – e, se esse quadro
permanece por longos períodos, pode haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e
nervos.
Conforme a Dra. esclarece, existem dois tipos
principais de diabetes: o tipo 1, em que há ausência de produção de insulina
pelo pâncreas (ele pode ocorrer em todas as idades), e o tipo 2, que responde
por 95% dos casos da doença e acomete principalmente adultos com mais de 40
anos. “Sua incidência vem crescendo em todo mundo por causa de diversos
fatores, entre eles, o envelhecimento populacional e, principalmente, o estilo
de vida atual, com sedentarismo marcante e alimentação inadequada”, diz a
médica. Segundo ela, este cenário está presente sobretudo nos países
ocidentais, como Brasil e Estados Unidos, onde estatísticas mostram que a
obesidade não para de crescer e tem se apresentado cada vez mais cedo, já na
infância.
Dados da International Diabetes Federation (IDF)
dão conta de que existem 463 milhões de adultos com diabetes em todo o mundo, o
que significa uma prevalência global de 9,3%, sendo que mais da metade (50,1%)
dos adultos ainda não estão diagnosticados. “As evidências sugerem que o
diabetes tipo 2 pode ser prevenido com diagnóstico precoce e acesso aos
cuidados adequados. Isso evitaria ou retardaria complicações em pessoas que
vivem com a doença”, reflete a especialista em estilo de vida.
Estudos mostram que as atividades físicas são
capazes de reduzir o risco de desenvolvimento do diabetes tipo 2 em até 60%. “O
bom condicionamento físico melhora a ação da insulina no organismo, reduz o
risco de morte por doença cardiovascular, ajuda no controle do peso e do
colesterol, diminui os sintomas depressivos e aumenta a qualidade de vida.
Todos esses benefícios são proporcionais à intensidade do exercício ou à
capacidade aeróbica do indivíduo”, elucida Dra. Lívia, lembrando que o
sedentarismo, por sua vez, é um dos principais fatores de risco para doenças do
coração, assim como para o desenvolvimento da obesidade e do diabetes.
Juntamente com os exames periódicos, a prática de
exercícios regulares prolonga a expectativa de vida. “Não precisa ser muito: 20
minutos de caminhada diária são suficientes”, ensina ela. Já para as pessoas
acima dos 60 anos de idade, é importante também conciliar exercícios de
fortalecimento muscular, já que a perda de massa muscular é um problema sério
nesta fase de vida.
Segundo a IDF, o diabetes está entre as dez
principais causas de morte, sendo que quase metade delas ocorre em pessoas com
menos de 60 anos. A previsão é que o número total de pessoas portadoras da
doença aumente para 578 milhões em 2030 e para 700 milhões em 2045. “Se
levarmos em consideração que o diabetes é uma enfermidade que podemos evitar ou
postergar, os números são realmente assustadores. Infelizmente, o combate ao
sedentarismo é hoje um problema de saúde pública no Brasil”, conclui Dra.
Lívia.
Dra. Lívia Salomé -
Graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem especialização
em Clínica Médica e certificação em Medicina do Estilo de Vida pelo American
College of Lifestyle Medicine. Atualmente, é vice-presidente da Regional Minas
Gerais do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida (CBMEV).
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