Precisamos sensibilizar os nossos dirigentes para que adotem políticas públicas que favoreçam o crescimento do País e a eliminação do desemprego, por uma questão social e uma questão econômica, de fortalecimento do mercado interno.
Comumente referida no plural, políticas
públicas, é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através
de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos. De uma forma ainda mais
abrangente, pode-se considerar as Políticas Públicas como "o que o governo
escolhe fazer ou não fazer” e que no caso, podem mudar a vida do País. O
desafio do crescimento passa pelo desafio do investimento. Precisamos portanto,
de políticas públicas que favoreçam o crescimento do País.
Não há outra saída. O setor de máquinas, por sua
vez, vive um momento de crescimento, ainda que possamos considerar que esse
crescimento se dá em base de números muito baixos, ainda assim, o setor cresce.
Enquanto em 2020 sofremos um processo de
readequação, com a pandemia acelerando o processo de transformação no padrão de
produção (novas tecnologias, inovação, regulação, modelo de negócio...) e
alterando o funcionamento da sociedade, com isolamento social, fechamento
de fronteira e consumo eletrônico, nossas pesquisas indicaram em janeiro
bons índices de crescimento , fazendo com que começássemos 2021 com as
esperanças renovadas, especialmente pela possibilidade mais presente da
vacinação.
As vendas da indústria brasileira de máquinas e
equipamentos totalizaram no mês de janeiro R$ 12,5 bilhões, resultado 38,5%
superior ao registrado no mesmo mês de 2020, e o melhor para um mês de janeiro
desde 2015, quando o setor havia faturado R$ 13,2 bilhões.
Da receita total de R$ 12,5 bilhões, R$ 9,6 bilhões
foram de vendas para o mercado interno brasileiro, resultado 50,8% superior a
janeiro de 2020. Dentre os segmentos que sinalizaram aumento nas vendas,
destaque para máquinas agrícolas com avanço nas empresas de todos os portes.
Outro segmento que tem colaborado para a alta das vendas internas é máquinas
para infraestrutura, incentivado, em grande medida, pelo andamento do Programa
de Parcerias de Investimento (PPP).
De outro lado, o cenário internacional também está
oferecendo boas alternativas, especialmente pelo pacote fiscal anunciado pelos
EUA, que certamente terá impactos positivos para o nosso setor, na medida em
que 10% do nosso setor é representado pela economia americana.
Os impactos desse pacote certamente serão sentidos
em toda a economia mundial, o que certamente gera expectativas otimistas ,
principalmente quando levamos em consideração a moderação que temos observado
no cenário geopolítico.
Soma-se a essa perspectiva otimista, a recuperação
consistente da China e uma menor aversão ao risco. O que traz um certo
alento ao setor, uma vez que em 2020, o cenário nacional na chegada da pandemia
trouxe um aumento de desemprego e do endividamento. Em 2021, no entanto,
vivemos uma realidade de preocupações com a recuperação sustentada, levando em
conta o timing da vacinação e as dificuldades fiscais, que se constituem em uma
grande problema para o País . Primeiro porque não existe a PEC da Calamidade e
o governo está limitado a 44 bilhões de reais, menos de 5% do que foi gasto do
ano passado que foi autorizado pela PEC 86, então vai haver dificuldade porque
vai haver uma quantidade de recursos muito menor do que foi no ano passado.
Dessa forma, o momento que vivemos exige que as
políticas públicas sejam políticas estimulativas com a possibilidade de mudança
da política monetária. E é exatamente nesse momento que estamos vivendo que
destacamos a importância dos investimentos e da reorganização da economia a
partir de uma indústria moderna e desenvolvida para criar novos empregos e
alavancar serviços sofisticados. Para isso, precisamos de investimentos no
Brasil. O nosso baixo patamar da taxa de investimento compromete a
produtividade, limita a competitividade e retarda o crescimento econômico.
Os investimentos possuem a capacidade de
reorganizar a economia brasileira, lembrando que somente através de
investimentos o Brasil vai criar novos empregos. E o investimento no Brasil
está travado como nunca na história do País.
Se analisarmos os últimos 30 anos, a média
dos investimentos no Brasil foi de 18% do PIB, o que é muito pouco, se
considerarmos a média mundial de países pobres e emergentes que é de 24% do
PIB. E de acordo com vários economistas, para que o Brasil tenha um crescimento
sustentável acima de 3% ao ano do PIB precisa ter uma taxa de investimentos
acima de 24% do PIB. Esse é o nosso grande desafio, uma vez que a média
dos últimos 30 anos foi de 18% do PIB., enquanto que após 2015 até 2020 a nossa
taxa de investimentos está na ordem de 15% do PIB, o que é inimaginável num
país como o Brasil.
Essa taxa é tão baixa que ela não repõe a
depreciação dos ativos do Brasil. Isso é uma demonstração inequívoca de que o
Brasil está sendo sucateado, porque não está conseguindo repor os ativos
existentes. Então esse é o grande desafio do Brasil, já que todos sabemos que
sem investimentos o Brasil não vai voltar a crescer e a ter produtividade.
A falta de investimentos, além de comprometer
a nossa produtividade, vai limitar a nossa competitividade e vai retardar o
nosso crescimento econômico, então consideramos esse o grande desafio
para a criação de políticas públicas, além da necessidade de
investimentos públicos também. Na infraestrutura mundial, a média dos
investimentos públicos 4,5% é feito pelos estados. No Brasil não é diferente.
Se analisarmos a nossa média história, na infraestrutura brasileira
sempre foi aplicado em torno de 4,5% do nosso PIB.
No entanto, isso caiu para 1,5% do PIB,
porque os estados, municípios e a união não têm espaço fiscal para fazer
investimentos. Então esse é um grande desafio: como investir em infraestrutura?
Acreditamos que com a aprovação de projetos que
tragam maior segurança jurídica, previsibilidade regulatória e aprovação de
marcos regulatórios isso talvez seja possível, ou seja, talvez o desafio do
crescimento a partir de políticas públicas que favoreçam o investimento possa
se tornar uma realidade.
João Carlos Marchesan - administrador de empresa,
empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ.
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