A doença ocular que, além de questões estéticas prejudica a visão, tem múltiplas causas e afeta tanto crianças como adultos. Na infância, a atenção com os sinais e o cuidado com o excesso de exposição às telas de aparelhos eletrônicos podem aumentar as chances de sucesso do tratamento
O estrabismo, que é a perda do alinhamento dos
olhos, afeta hoje cerca de 4% da população. Popularmente conhecido como
"vesgueira”, ele ocorre tanto em crianças, como em adultos. Especialmente,
por ser uma doença ocular bastante delicada que, além da questão estética, pode
prejudicar a visão, o estrabismo ainda desperta muitas dúvidas em pacientes e
pais.
“Embora a pergunta ‘Como curar o estrabismo’
seja um pouco capciosa, esse é um tema que sempre precisa ser discutido, mesmo
porque, embora ela exista, a cura é multifatorial. Ou seja, está totalmente
relacionada à individualidade do fator desencadeante de cada caso. Isso porque
essa doença pode ocorrer por diversos fatores e componentes. Pode ser
hereditário, ocorrer após algum trauma ou até mesmo por uma alteração hormonal,
na tireóide”, ressalta Dra Anelise Bregalda Nomura, oftalmologista e diretora
médica da Alpha Diagnose.
O estrabismo de infância, o mais comum, afeta 1% a
3% das crianças e tem maior incidência nas nascidas prematuras, com doenças
sistêmicas como paralisia cerebral, síndromes genéticas, e com histórico
familiar. Além disso, um estudo da BioMed Central (BMC) Ophthalmology também
mostra que crianças que utilizam smartphones por cerca de quatro horas por dia,
durante quatro meses têm maior risco de desenvolver a condição.
Inclusive, os números apontam para um aumento dos
casos de estrabismo ao longo de 2020 e 2021, o que pode estar relacionado ao
isolamento social e a alta exposição às telas de aparelhos eletrônicos, afinal
até mesmo as atividades escolares foram transferidas para o computador.
Assim como os fatores desencadeantes, as
consequências do estrabismo também variam e a mais preocupante delas é a baixa
acuidade visual, causada pela supressão de um dos olhos, principalmente do que
está desviado. Desta forma, quando se fala de tratamento, na infância, o
primeiro passo é o uso do tampão ocular para minimizar as perdas da visão. Isso
tem que ser feito até os sete anos, fase na qual a criança desenvolve a
plasticidade cerebral. Em seguida é preciso avaliar a estética, que é a
correção do famoso “olho tortinho”. Nesse caso, normalmente o indicado é
cirurgia. Porém, existem situações em que o uso do óculos e de lentes de
contato podem ajudar no alinhamento dos olhos, durante o uso.
“Vale lembrar que o tampão, não elimina a
correção estética e vice e versa. É até por isso que na idade adulta a cirurgia
de estrabismo tem exclusivamente fins estéticos e não visa corrigir a função
visual”, enfatiza.
Nos casos em que o quadro é originado pós trauma, é
preciso primeiro corrigir a parte lesionada e depois tomar as demais decisões.
Já quando a doença tem origem hormonal, primeiro é preciso cuidar da parte
endocrinológica e depois avaliar qual a melhor forma de fazer a correção no
músculo. Além disso, alguns casos muito específicos podem ser tratados com
toxina botulínica, também conhecida como botox. No entanto, o efeito é
temporário e dura cerca de seis a oito meses.
Em relação às chances de sucesso do tratamento e a
cura do estrabismo, a Dra. Anelise salienta que é importante ter ciência
que se trata de uma cirurgia bastante delicada, pois ela mexe nos músculos dos
olhos. E pode ser que o resultado não seja 100% esperado, pois às vezes, o
desvio é pequeno ou muito grande e não dá para corrigir tudo em um único
procedimento. E, mesmo com o resultado satisfatório, o estrabismo pode voltar,
pois o músculo pode retomar a função dele após um tempo.
“Conseguimos sim melhorar a qualidade da visão com
tampão, desde que seja feita em tempo hábil e os sinais sejam percebidos na
infância. E a correção estética, seja cirúrgica, com óculos ou lente de
contato, deve acontecer no tempo correto e indicado pelo oftalmologista. O advento
da tecnologia e o aprimoramento de técnicas, obviamente são pontos positivos no
processo de cura. No entanto, é preciso estar ciente da importância do
oftalmologista desde o nascimento”, finaliza a especialista.
Alpha Diagnose
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