Um período muito aguardado para cristãos e judeus é a Páscoa. Apesar de significados teológicos diferentes, é uma época de profunda reflexão e respeito. Neuropsicóloga Leninha Wagner explica que o sentido da data vai muito além do que a tradição já impregnada na sociedade de valorizar o coelho e o chocolate.
Mais
uma Páscoa está se aproximando. A palavra, originada do hebreu “pessach”,
significa “passagem”. A festa é celebrada por judeus há milhares de anos para
comemorar a libertação e êxodo do Egito, após 300 anos de sofrimento como
escravos. Porém, tal data carrega também o lado cristão, que celebra a dor,
sofrimento, mas comemora a passagem para um lugar melhor, ou seja, um recomeço.
Diante
do atual cenário pandêmico e considerando as dores da humanidade, a
neuropsicóloga Leninha Wagner é taxativa: “Sempre depois de um período de
sofrimento, avaliamos, já com a devida distância do fato ocorrido; e
constatamos que é preciso mudar, renascer”.
Além
das doutrinas religiosas, Leninha reforça que “podemos nos inspirar na mitologia
grega, na lenda de Quiron O Curador Ferido, que passou de Centauro Guerreiro a
Curador. Certa vez, em batalha ao lado de seu melhor amigo Hércules, eles
mataram o monstro Hidra de Lerna com cabeças envenenadas. Acidentalmente o
amigo feriu Quiron na coxa com uma das flechas saturadas de sangue do
monstro. Embora imortal, ele não conseguia curar a si mesmo, ficando condenado
a viver em sofrimento. Ferido e com um ponto sensível que doía ao ser tocado,
reconheceu que possuía uma vulnerabilidade”, detalha.
Os
ferimentos de Quiron, completa a neuropsicóloga, o transformaram num curador
ferido. “Aquele que, por meio de sua própria dor, é capaz de compreender a
dor dos outros. Ele representa a parte ferida de cada um, simbolizada por
alguma deficiência, limitação ou problema, que o torna benevolente em
relação aos que o cercam, pois entende-lhes o sofrimento com compaixão”.
O
relato desta história grega se aplica nos dias atuais, onde as famílias
precisam se isolar e não podem passar o próximo fim de semana juntos: “Assim
somos nós diante da Celebração da Páscoa ainda em plena Pandemia. Reconhecendo
que estamos todos feridos, sensíveis, vulneráveis. Que podemos ressurgir da
nossa própria dor com o firme propósito de ter relações mais saudáveis, mais
recíprocas, mais gentis”, destaca.
Afinal,
Leninha ressalta que, “só pode curar quem entende de dor, por carregar sua
própria chaga interna. Estamos em busca de um novo e melhor momento. Nossa
ambição incessante agora, deve ser em busca de aumentar nosso império interior,
dilatar as fronteiras do eu, ampliando o horizonte existencial”.
Diante
disso, “quando desfrutamos dos nossos recursos internos, que somente a nós
pertence. Oferecemos o nosso melhor ao outro e recebemos o mesmo conteúdo de
valor. Aliás, com o passar do tempo, novos caminhos devem ser considerados”,
acrescenta a neuropsicóloga.
E
como renascer em meio a este cenário tão difícil? Para Leninha Wagner, “Mudar é
saudável! Troque as coisas de lugar, repense suas prioridades, valorize quem
esteve com você, quem se importou. Faça novos planos, trilhe novos caminhos, e
libere espaço para o perdão, e neste lugar plante sementes de bons e novos
sentimentos. É tempo de renovação, de ressurreição!
Mova-se,
comova-se, envolva-se no sentimento de transformação que essa data proporciona
e que esse tempo exige: compaixão e solidariedade”, finaliza.
Crédito -
MF Press Global
Nenhum comentário:
Postar um comentário