A pandemia incitou a digitalização
da experiência e escancarou as transformações no modo de ser e saber já em
curso desde o final do século XX. Ao exigir o uso coletivo da tecnologia como
mediadora das relações e do ensino, o isolamento social massificou uma pergunta
que nós, educadores, temos feito há algum tempo: Quais são as melhores formas
de promover o conhecimento nesse mundo de saberes fluidos e em metamorfose
permanente?
Pensando como reitora,
professora e permanente aluna, invoco o conhecimento disruptivo o como âmago
das minhas reflexões. Sei que despir-se da Pedagogia Tradicional exige esforço
para aqueles educados sob a narrativa da repressão travestida de ensinamento.
Pouco tempo nos separa da palmatória - que só virou crime no Brasil nos anos de
1980. Contudo, precisamos encarar que os novos que meios de aprender
reivindicam transversalidade. Felizmente, nas últimas quatro décadas a
pedagogia integrou a subjetividade, as interações humanas e a lógica digital na
construção uma nova forma de conhecimento.
O jeito de apreender o
mundo é via experiência e o conteúdo é multidisciplinar, digital e,
paradoxalmente, inclui os afetos. Parece simples, mas é um desafio imenso para
toda a sociedade. Em meio a tantas possibilidades, como selecionar as melhores
tendências de ensino agora impactadas pelo contexto pandêmico? Compartilho
algumas metodologias que considero eficientes para o hoje que se apresenta.
A prática como base
metodológica do ensino não é novidade. Mas ganhou destaque e nova roupagem por
ser peça-chave da inovação. No universo da aceleração, colocar a mão na massa
enquanto se embasa na teoria resulta na transformação de estudantes em
empreendedores participantes de negócios de alto impacto econômico. E deve ser
regra. No mercado de trabalho de hoje, experimentar o conhecimento é sinônimo
de formar-se. Vale ressaltar que ensinar também converter-se em aprender já que
a relação docente-aluno também está em transição. Em um cenário ideal, o
encontro viabiliza a relação mentor-aprendiz, cabendo a alternância de papéis.
Aprender com a existência digital da juventude 4.0 é uma maneira inovadora de
(re)formar o professor. Essa é uma das riquezas do processo educativo
contemporâneo que tenho provado em minha carreira permanentemente.
Já a construção de
parcerias de escolas e faculdades com empresas é outra atualização de formato
pedagógico promissor. Provocar alunos a desenvolverem projetos e entregarem
produtos reais ajuda a identificar possíveis talentos e ainda fortalece a
relação dos estudantes com o mercado. Construir e alimentar uma rede de
relacionamentos estratégica e ascendente é legado para toda a carreira.
Há ainda programas de
ensino híbrido que primam pelo conhecimento técnico e pela Inteligência
Artificial (AI) da mesma forma que fortalecem a autoestima, a solução de
problemas, a empatia, a resiliência e outros aprendizados da inteligência
emocional (EI), desejáveis a profissionais e preciosos para crescimento
pessoal.
No inovador formato de
educação Glocal (conhecimento global de aplicação local) a oferta de expertise
para pensar no macro como meio de executar o micro. Uma grade curricular que
disponibiliza conteúdos, práticas e experiências com vista em identificar e
desenvolver as potencialidades de cada um é um incremento que considero
interessantíssimo no escopo educativo.
Então, existe uma
metodologia mais adequada? Acredito que muitas. Entretanto, alerto que antes de
definir um método é preciso abrir-se para experiência. Entender o novo
arcabouço que compõe o aprendizado é o melhor começo. Pensar a educação como
exercício social e não apenas como um modo, amplia as possibilidades de acerto.
E aceitar que toda forma de ensinar está em constante transformação porque se
trata de um fenômeno social é uma urgência coletiva. E, dessa forma, todos
devem comprometer-se com uma revolução do ensino que acontece cada dia. Esse é
o caminho mais eficaz para não perderemos gerações para a ignorância. Estou
certa que apesar da instabilidade generalizada que assola o mundo por causa do
Coronavírus o povo brasileiro conseguirá colocar em a prática da renovação do
conhecimento.
Geneviève Polingue -
Economista, especialista em Inovação em Educação e CEO da SKEMA Business School.
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