Novos
tratamentos apontam bons resultados para síndrome que afeta vários aspectos da
comunicação e do comportamento do indivíduo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido
popularmente como autismo, é uma síndrome que provoca problemas na comunicação,
na socialização e no comportamento. Diagnosticado geralmente entre os dois e
três anos de idade, atinge mais de 70 milhões de pessoas no mundo, segundo
dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que criou a data com o objetivo
de aumentar o número de informações para a população e, assim, reduzir a
discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas por esta síndrome
neuropsiquiátrica.
De acordo com o Center of Deseases Control and
Prevention (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, em uma
pesquisa realizada de dois em dois anos no País, existe hoje um caso de TEA a
cada 54 crianças de oito anos. No Brasil, os dados ainda são muito limitados,
mas informações do Censo Escolar mostram que o número de alunos com autismo que
estão matriculados em classes comuns aumentou 37,27% entre os anos de 2017 e
2018.
"O TEA envolve atrasos e comprometimentos do
desenvolvimento, seja da linguagem ou no comportamento social. Os sintomas
podem ser emocionais, cognitivos, motores ou sensoriais. Desde os primeiros
meses de vida, os sinais e sintomas já podem ser percebidos e as intervenções
devem ser iniciadas de imediato. O diagnóstico definitivo, em geral é
confirmado em idades variadas, baseado na evolução de cada caso. No entanto,
muitas crianças ainda são diagnosticadas tardiamente, seja por desinformação ou
resistência da família e dos médicos", explica o Dr. Jair Luiz de Moraes,
neuropediatra com vasta experiência no diagnóstico precoce do TEA.
Dr. Jair explica que há uma
série de diferentes manifestações do TEA, que têm em comum: maior ou menor
limitação na comunicação, seja linguagem verbal e/ou não verbal; e
comportamentos caracteristicamente estereotipados, repetitivos e com gama
restrita de interesses. "O grau de gravidade varia desde pessoas que
apresentam um quadro leve e com total independência e discretas dificuldades de
adaptação, até aquelas que serão dependentes para as atividades de vida
diárias, ao longo de toda a vida", explica.
Estudos com cannabis medicinal
Até o momento, o uso da cannabis medicinal
para o manejo de sintomas de TEA se baseia em relatos de casos ou ensaios
clínicos abertos, não controlados, e com número restrito de participantes. Seu
objetivo principal tem sido para o tratamento das comorbidades, principalmente
auto e heteroagressividade, hiperatividade, ansiedade e distúrbios do sono.
Uma publicação de outubro de 2019 do BMC
Psychiatry, periódico que reúne artigos sobre transtornos psiquiátricos,
apontou que existem três ensaios clínicos em larga escala e cinco estudos
pequenos que avaliaram o uso de cannabis para autismo. Um destes estudos,
realizado em Israel, avaliou a eficácia da cannabis rica em cannabidiol
em 60 crianças. A pesquisa constatou que 61% dos problemas comportamentais
entre os participantes foram muito melhorados, segundo relatos dos pais. Também
houve melhora nos níveis de ansiedade em 39% das crianças e 47% na comunicação.
"Tenho relatos no meu consultório de
melhoras efetivas em relação as comorbidades em pacientes com TEA,
imediatamente após a troca da medicação convencional, que muitas vezes provocam
diversos efeitos colaterais", reforça o neuropediatra, que desde 2019
passou a adotar produtos à base de cannabis em suas prescrições.
Direitos da pessoa com TEA
Para efeitos legais, os autistas são considerados
pessoas com deficiência. De acordo com a Lei nº 12.764/12, é direito da pessoa
com TEA o acesso a ações e serviços de saúde, incluindo identificação precoce,
atendimento multiprofissional, terapia nutricional, medicamentos e informações
que auxiliem no diagnóstico e no tratamento.
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