Você já viveu ou está passando pela experiência de compartilhar a mesma casa com o seu "ex" ou com a sua "ex"? É possível que casais separados vivam felizes e em harmonia debaixo do mesmo teto? A separação/divórcio na quarentena está desconfortável? Você não consegue dar o passo definitivo e pôr fim ao casamento?
Nas
últimas décadas, o modelo tradicional de família tem dado lugar a novas
configurações e, com isso, mudaram também as formas tradicionais de matrimônio,
bem como das separações/divórcios. Em geral, o processo começava com o
distanciamento físico de um dos pares, que deixava o lar, e os trâmites corriam
por meses ou anos até que o divórcio fosse concluído.
Atualmente,
nem todos seguem as tradições, pelo menos no que se trata de separação.
Antigamente, quando um relacionamento chegava ao fim, cada um ia pro seu lado e
pronto! Normalmente os filhos permaneciam com as mães e muitos dos pais
formavam uma nova família e até mesmo desapareciam! Mas hoje em dia, para
alguns casais, não é bem assim que acontece.
Falar
em casais divorciados vivendo sob o mesmo teto chega a dar calafrios em algumas
pessoas. No entanto, não raro, muitos casais escolhem essa configuração. Mas
existem três situações distintas.
Na
primeira situação estão aqueles que decidem continuar "Juntos Por
Opção". Geralmente o fazem porque querem economizar dinheiro para investir
na educação e lazer dos filhos e/ou para continuar a investir nos próprios
estudos e carreira. Um ponto importante tem sido a oportunidade de atuar juntos
no processo de educação dos filhos. Como esses "ex" vão acertar os
ponteiros depende do que foi acordado entre as partes. Normalmente, eles
dividem igualmente as despesas, as tarefas da casa e o cuidado com os filhos.
Se vão ou não levar namorados ou namoradas em casa depende do combinado, mas em
geral levam para casa pessoas que estão no status de 'relacionamento sério'.
Mas não é uma regra. Há casais mais liberais para os quais relacionamentos
casuais não são um problema.
Em
outra situação estão aqueles que estão "Unidos No Sufoco". São os
que, em geral, gostariam de usufruir cada qual o seu espaço. Mas, por questões
financeiras, não conseguem sobreviver sozinhos. Os contratos nesse caso são
mais complicados, pois esses parceiros, muitas vezes, precisam ainda manejar
questões com dívidas e desemprego de um dos pares ou de ambos. Por não terem
uma situação definida e estável, há dificuldades para cumprir acordos, o que
vai demandar muitas conversas, paciência e empatia a fim de encontrar a
harmonia do lar. Há ex-casais, inclusive, que encontram o ponto de equilíbrio e
passam a viver juntos por opção. O tempo e a criatividade são grandes aliados
nesse processo.
Já
os "Reféns Do Medo" são casos geralmente graves e tristes. Um dos
pares impõe uma relação de abuso ao outro, quer seja material, de violência
física, psicológica, sexual, ou tudo isso junto, usando de manipulação,
chantagem e/ou ameaça para obrigar o outro a manter as coisas como sempre
foram. Apenas o algoz se beneficia, sempre. Geralmente os acordos não são
cumpridos pelo abusador ou pela abusadora, e, não raro, a vítima se vê obrigada
a deixar a casa e arcar com inúmeros prejuízos materiais e emocionais. Se você
está vivendo uma relação assim, procure ajuda terapêutica urgente e se
necessário, o amparo legal. Quanto antes melhor!
Para
quem ainda está vivendo debaixo do mesmo teto, como tem sido a relação nessa
fase de isolamento social? Muitas pessoas, incluindo eu mesma, pensávamos que
seria a pandemia da "sofrência". Imagine ficar em isolamento com
alguém cuja presença nos incomoda! De fato, foram inúmeros os casos de pessoas
atingindo o limite do estresse. Mas, surpreendentemente, alguns relatos
apontaram questões positivas. Por exemplo, uma mulher contou que os dois
trabalhavam muito, mal se encontravam e raramente conversavam. Com a pandemia,
ela pôde notar que alguns pontos dos quais sempre se queixava já não faziam
parte do repertório de defeitos do "ex". E ela está repensando a
possibilidade de tentarem novamente.
Há
de tudo! Não existe experiência igual. Mas lembre-se, você não está sozinho.
Boa
sorte!
Gisela Gusmão - colaboradora do site Idivorcei (http://www.idivorciei.com.br);
Psicóloga, Psicanalista e Terapeuta de Casal e Família.
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