27% dos compradores de
marcas de luxo ainda querem manter a rotina de comprar fisicamente nas lojas,
porém precisam sentir que estão seguros
Responsabilidade
social será um fator de desempate entre as marcas preferidas
Em pesquisa inédita
com consumidores de mercado de luxo no Brasil, a Hibou, empresa de pesquisa e
monitoramento de mercado e consumo, levantou dados que mostram a mudança de
hábito desse público. Em tempos de pandemia, o luxo virou consumo não
essencial, desfiles e semanas de moda foram cancelados, grifes tiveram de
reinventar a forma de se comunicar. "A pergunta que estava no ar era: será
que isso mudou para sempre? A resposta é sim, não em relação a redução do
consumo mas definitivamente nos critérios de escolha e formato de compras, que
migrou para o online e cada vez mais se consolidará por lá", diz Ligia
Mello, coordenadora da pesquisa.
A indústria de luxo
movimenta milhões e gera empregos importantes dentro da sociedade, desde a
produção dos insumos, design das coleções até as lojas que comercializam suas
peças diariamente em lojas de rua ou shoppings por todo o Brasil. "É necessário
ter esse olhar sobre qualquer indústria, porque o luxo se baseia em qualidade e
estilo e por isso vai continuar existindo, mas as marcas agora precisam se
engajar com mais proximidade e trazer consigo mais responsabilidade social e
ambiental - fatores que os consumidores estão mais de olho" diz Ligia.
Neste estudo, após
cruzamento de algumas pesquisas proprietárias e análises personalizadas dentro
do target de alto padrão, a Hibou levantou um conteúdo baseado na opinião dos
entrevistados e na visão de mercado com foco nos negócios e no retorno a uma
rotina diferente daquela a que estavam acostumados. A pesquisa foi realizada
com mais de 500 consumidores brasileiros de classe social A, sendo 78% mulheres
e 22% homens, heavy buyers de roupas e acessórios de alto padrão, em maio de
2020, em formato de questionário digital.
46% do público
consumidor de luxo, não tiveram redução financeira neste período, contra apenas
34% dos brasileiros na amostra geral. 56% definiram claramente o impacto
negativo que o não contato pessoal e físico fez na sua rotina. 49% não se
identificam com os serviços e negócios do seu bairro e 20% nem sequer tentou
uma nova relação de consumo. Para 72% a grande preocupação na pandemia foi a
saúde da família, portanto alimentação, saúde mental e outras atividades
precisaram ser repensadas.
O lar ganhou novo
significado para esse público. Para 68% a sala de estar e 61% a cozinha tomaram
novas proporções, onde a família -mesmo sem se desconectar do celular-está mais
próxima e interativa. Já pensam em possíveis ajustes de viagens e atividades de
final de ano. 53% passaram a se preocupar com o próprio bem-estar, ampliando o
olhar para o eu e ressignificando relações com pessoas e marcas. A roupa
de ficar em casa não é a velha e surrada, ela precisa ser confortável, mas pode
ser dentro dos padrões que estão habituados.
Em relação aos novos
hábitos, 64%
já possuem o hábito digital para muitas aquisições, 58% gostam de ir ao
shopping de sua preferência para comprar das suas marcas favoritas, o consumo
no bairro já não fazia parte dessa rotina e fica de fora no desenho pós
confinamento. 42% deles será cada vez mais omnichannel em sua nova rotina, e
não descartam incluir nas etapas digitais a participação dos eushopper de
confiança,a experiência continua sendo importante.
27% delas quer manter
o hábito antigo de compras nas lojas, mas para isso precisam sentir que estão
seguras. Sair menos para locais
públicos será uma premissa nos próximos meses, mas se deslocar para ambientes
controlados como casa de amigas ou ambientes de rua que possuam um fluxo menor
de pessoas tende a ser a escolha inicial. 71% das pessoas que programavam uma
comemoração "externa" no segundo semestre já consideram realizá-la
para um grupo um pouco menor dentro da sua casa.
"A marca de luxo
deve ficar de olho em eventos petit comité na casa dos clientes (sendo eles
embaixadores). Isso pode ser um novo modelo para ter o pertencimento com
segurança. O ir e vir é fundamental. Claro que lojas de rua se bem trabalhadas
podem ter uma resposta positiva. Menos fluxo de pessoas, ambiente 100%
controlado pela marca.", avalia Ligia.
A grande herança da
quarentena é a distinção clara do que é essencial do que é prescindível.
Biossegurança é o protocolo da vez . Para 91% delas, ser transparente com os
procedimentos de higiene dos espaços-principalmente nos shoppings, peças e
cuidado com equipe-farão marcas permanecerem na lista de favoritas ou não. E
claro, responsabilidade social será um fator de desempate entre as marcas
preferidas. 74% quer algo das marcas que ama além do "nome", e 64%
pretende optar dentre as suas favoritas na que mais colaborou ou colabora
gerando empregos e ajudando pessoas em grupo de risco.
Hibou
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