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quinta-feira, 30 de julho de 2020

Automedicação: saiba os riscos de tomar remédios por conta própria

Especialista fala sobre os malefícios a médio e longo prazo para a saúde de quem toma remédios sem prescrição


Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedicação é um hábito comum entre 77% dos brasileiros. A mesma pesquisa apontou que 32% dos pacientes têm o hábito de aumentar as doses prescritas por médicos para potencializar os efeitos terapêuticos. Segundo a infectologista e professora da Estácio, Dra Karis Rodrigues, essa prática pode ter consequências inesperadas e graves.

De acordo com a especialista, durante o inverno, com o aumento das infecções respiratórias, além do surgimento da Covid 19, a procura pela automedicação sempre aumenta, principalmente com relação às infecções virais respiratórias mais brandas que são eventos que se repetem anualmente, com alguma frequência.

- É comum que as pessoas usem medicamentos que já utilizaram anteriormente. A propaganda de medicamentos para sintomas respiratórios, vinculadas nos meios de comunicação, também contribui para automedicação, bem como reforça a autonomia do paciente, dizendo que o médico deverá ser consultado apenas se os sintomas persistirem - comenta a infectologista.

A automedicação também pode ser uma forte aliada dos diagnósticos mais tardios, como pneumonias, otites, meningites, sinusites, entre outros, pois as pessoas insistem no uso de alguns remédios aguardando uma melhora, daí acabam não percebendo um quadro um pouco mais grave. Na visão da Dra Karis Rodrigues, essa situação se torna ainda mais preocupante, quando se incluem nesses medicamentos, os antimicrobianos. Porque além dos efeitos adversos que podem ocorrer, o impacto no aumento da circulação de microrganismos resistentes aos antimicrobianos também é um dano relacionado à tal prática. Para ela, felizmente, o maior controle da compra destes remédios, realizado por meio da exigência das receitas médicas, diminui esse risco. A equação é bem simples: quanto mais se cumprir a norma, exigindo as receitas, menor deverá ser a automedicação.

Segundo alguns especialistas, o uso desenfreado por antibióticos e os tratamentos interrompidos por conta própria trouxe consequência drástica e contribuiu para que as bactérias criassem resistências aos antibióticos e hoje então temos as superbactérias.

- É importante ressaltar que o uso de antimicrobianos em si contribui para a seleção de bactérias mais resistentes a esses medicamentos. Dessa forma, devemos restringir ao máximo seu uso, para minimizar esse problema. Quanto mais antimicrobianos usarmos, maior será o impacto na seleção das bactérias e, portanto, maior a chance de surgimento das chamadas "superbactérias, que são microrganismos para os quais há pouca ou nenhuma opção para tratamento. O uso inadequado, exagerado, contribui para esse efeito, sem trazer absolutamente nenhum benefício - afirma a especialista da Estácio.

Outro alerta importante é evitar a compra, por conta própria, de anticoagulantes nas farmácias, acreditando que poderá tratar a Covid-19 sem nenhum acompanhamento médico. A Dra Karis Rodrigues enfatiza que os anticoagulantes são medicamentos usados em situações clínicas muito específicas, sob supervisão médica e que em nenhuma hipótese podem ser utilizados como automedicação. Hemorragias são efeitos adversos desses medicamentos, mesmo quando são indicados nas situações clínicas específicas.


Riscos iminentes à saúde

Os principais riscos da automedicação são a intoxicação, afetando principalmente o aparelho digestivo; a interação medicamentosa, cujo efeito se dá devido ao consumo simultâneo de medicamentos ou medicamento e alimento, causando a potencialização ou atenuação do mesmo; a criação de resistência de microrganismos aos antibióticos, e a dependência física e psíquica de remédios, levando a crises de abstinência e tolerância ao medicamento.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 18% das mortes por envenenamento no Brasil podem ser atribuídas à automedicação, e 23% dos casos de intoxicação infantil estão ligados à ingestão acidental de medicamentos armazenados em casa de forma incorreta. Os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios estão entre os que mais intoxicam.


Automedicação em tempos de Covid-19

Em tempos de pandemia, há uma busca desenfreada por medicamentos contra a COVID-19, alimentada por uma avalanche de "fake news" nas redes sociais que geram no paciente um estímulo para a prática da automedicação e uso abusivo e irracional de medicamentos. Mesmo antes de sólidas comprovações científicas de drogas eficazes contra a doença, remédios como ivermectina e hidroxicloroquina desapareceram das prateleiras das farmácias, prejudicando pacientes com indicações precisas para tais medicamentos, como doenças reumáticas graves e verminoses.


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