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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Vá com calma no carnaval!


Consumir álcool, fumar, manter relações sexuais sem camisinha, entre outros hábitos comuns na adolescência, podem atrapalhar quando chega o desejo de se formar uma família


Se, para muitos casais, as dificuldades para engravidar e a infertilidade causam dor de cabeça, aos dezoito ou vinte poucos anos de idade, a realidade de se constituir uma família parece bem distante para outros tantos. Porém, mais hora ou menos hora, o desejo de formar uma família pode chegar e, então, surge um questionamento: você cuidou bem da sua saúde para que não tenha problemas ao tentar engravidar? O descuido em relação ao uso de preservativos, rotinas com noites sem dormir, dietas pobres, ingestão de álcool e tabagismo, mesmo que esporádico, são comuns nessa faixa etária e podem resultar em infertilidade mais tarde.

Ao negligenciar o uso de preservativos, o jovem pode contrair doenças sexualmente transmissíveis (DST) com consequências à fertilidade. “A gonorreia e a clamídia, se não tratadas, podem levar a inflamações na região pélvica e, posteriormente, à infertilidade ou gravidez ectópica - quando a gestação se inicia fora do útero”, explica o diretor do Centro de Medicina Reprodutiva SantaFértil, Ricardo Leão. Ele acrescenta que é muito comum a doença ocorrer de forma assintomática, o que atrasa o diagnóstico e, consequentemente, o início do tratamento. 

A bactéria Chlamídia, por exemplo, pode agir silenciosamente por anos causando inflamações e lesões que comprometem o bom funcionamento dos órgãos reprodutivos femininos, em especial as Trompas de Falópio. De acordo com Ricardo Leão, nesse caso, a mulher pode ter dificuldade de engravidar ou uma gravidez nas trompas por perder os mecanismos tanto de captação do óvulo como o de fertilização e posterior condução do embrião formado até o útero. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 90 milhões de novos casos de infecções por clamídia ocorram por ano em todo o mundo, sendo que em 50% dos homens e 70% das mulheres, ela é assintomática.

Já a alimentação errada pode levar o jovem à obesidade, outro fator que aumenta as chances de infertilidade. Segundo estudo do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Biologia Reprodutiva da Universidade de Michigan, a chance de mulheres obesas engravidarem e conseguirem levar a gestação até o fim é 28% menor em relação às que estão no peso ideal.  “Os quilos extras normalmente abalam a saúde cardiovascular, o equilíbrio hormonal e a estrutura anatômica, podendo causar também um distúrbio de transmissão de sinais hormonais, afetando seriamente a fertilidade”, afirma Ricardo. 

Ele defende que gravidez é algo a ser pensado em longo prazo e acrescenta que consumo de álcool e tabagismo também podem trazer consequências futuras. Segundo o especialista em reprodução assistida, nos homens, o cigarro piora os parâmetros de análise do sêmen e as provas funcionais dos espermatozoides, assim como o álcool. Na mulher, o fumo faz crescer o risco de abortamento e gravidez ectópica, enquanto a ingestão de bebidas alcoólicas provoca alterações hormonais. “O tabaco ainda diminui a motilidade tubária, dificultando a movimentação e a passagem do espermatozoide na hora da fecundação. Além disso, o fumo também pode levar à antecipação de até quatro anos da menopausa”, esclarece Ricardo. 


Tratamento

Segundo o médico, os tratamentos para as conseqüências causadas por doenças sexualmente transmissíveis variam de acordo com cada caso. Ele explica que, quando detectadas logo no início, o uso de medicamentos traz bons resultados. Porém, se constatada em estágio mais avançado, o prognóstico vai depender da extensão ou da localização da lesão. “Se for pequena e de fácil acesso, pode ser eliminada com uma intervenção cirúrgica para recuperar a trompa, devolvendo sua funcionalidade. Se for uma lesão de maiores proporções, não é aconselhável operar. Então, o processo de Fertilização in Vitro é recomendado para que a mulher consiga engravidar”, resume o especialista.

Ricardo Leão aponta a prevenção como melhor opção, seja para jovens ou pessoas mais maduras. “Não importa se você tem 20 ou 50 anos, você pode contrair uma DST, assim, o uso de preservativos é a melhor medida. Também é importante ser sincero com seu médico a respeito de sua vida sexual para que ele possa identificar qualquer doença o quanto antes”, frisa. Ele fala ainda da importância desse rastreamento na detecção de alterações que não interferem na fertilidade, mas na vida, como HPV, câncer de colo de útero e HIV.


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