Doença passou a
fazer parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória, do Ministério da
Saúde brasileiro. A organização Médicos Sem Fronteiras celebra a
obrigatoriedade.
A partir desta semana, a forma crônica da doença de
Chagas passou a ser incluída na Lista
Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e
eventos de saúde pública nos serviços de saúde em todo o território nacional. A
portaria do Ministério da Saúde de nº
264 foi publicada nesta segunda-feira (19/02) no Diário Oficial da
União. Anteriormente, a notificação era obrigatória apenas para casos
agudos da doença.
Estima-se que pelo menos 1 milhão de pessoas sofra
de Chagas no Brasil na fase crônica. Apesar de haver cura, há 8 milhões de
pessoas infectadas no mundo. Somente 1 a cada 10 portadores da doença teve
diagnóstico. O desconhecimento e a escassez de informações sobre o assunto têm
sido entraves para a adoção de medidas mais efetivas contra esta doença
negligenciada. Sem tratamento adequado, a doença de Chagas causa graves
problemas cardíacos e no sistema digestivo.
Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma das organizações que trabalha para que sejam
adotadas medidas mais efetivas de combate à doença, priorizando o cuidado e o
fim da invisibilidade de milhões de pacientes.
“Este é um avanço importantíssimo para tirar da
invisibilidade milhões de pessoas que vivem com a Doença de Chagas no Brasil. A
obrigatoriedade da notificação abre caminho para que informações sobre esta
doença negligenciada passem a ser registradas de maneira mais efetiva,
permitindo a formulação e adoção de políticas mais eficientes de prevenção e
combate”, declarou Ana de Lemos, diretora-executiva
de MSF no Brasil.
A lista é uma ferramenta importante para que
profissionais de saúde, pesquisadores e gestores públicos e privados acompanhem
a evolução da ocorrência de doenças no Brasil e ajuda a orientar políticas de
saúde.
A notificação compulsória imediata deve ser
realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial
que prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 horas.
Sobre Doença de Chagas
A doença de Chagas é uma doença infecciosa causada
pelo protozoário Trypanosoma Cruzi. Conhecida por ser causada pela picada
do inseto “barbeiro” nas Américas, na verdade ela é transmitida pelas fezes
contaminadas desse inseto, que pode entrar em contato com os humanos após sua
picada, ou pela ingestão de alimentos contaminados. Porém, poucos sabem que a
doença de Chagas também pode ser transmitida da mãe infectada para o bebê.
A enfermidade é endêmica em toda a América Latina.
Ela não está ultrapassada e nem foi superada – mais de 65 milhões de
pessoas ainda correm o risco de serem infectadas no mundo e 12 mil pessoas
morrem por ano de causas associadas a ela.
Atualmente, a maioria das pessoas que vive com a
doença reside em áreas urbanas e muitas vivem em países não endêmicos. O lugar
onde elas se encontram mudou e a transmissão foi significativamente reduzida,
mas os desafios de acesso ao diagnóstico e tratamento ainda permanecem.
MSF desenvolve projetos de atenção a pessoas com a
doença de Chagas desde 1999 em diversos países da América Latina, como
Honduras, Nicarágua, Guatemala, Brasil, Colômbia, Paraguai, México e Bolívia. A
organização desenvolveu atividades também em países considerados não endêmicos
como na Itália, para oferecer atenção médica a imigrantes infectados. Em quase
20 anos de atividades médicas com a doença de Chagas, MSF deu oportunidade
de diagnóstico a cerca de 115 mil pessoas.
Sobre Médicos Sem Fronteiras
Médicos Sem Fronteiras é uma organização
humanitária internacional criada em 1971 na França por médicos e jornalistas
para levar cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados,
desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum acesso à assistência
médica. Oferece ajuda exclusivamente com base na necessidade das populações
atendidas, sem discriminação de raça, religião ou convicção política e de forma
independente de poderes políticos e econômicos. Também é missão da MSF chamar a
atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus
projetos.
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