Na Semana de Combate ao Alcoolismo,
oncologista alerta sobre o limite aceitável e seguro de consumo para evitar a
doença
Dados
da Organização Mundial da Saúde mostram que em todo o mundo, três milhões de
mortes por ano resultam do uso nocivo do álcool, representando 5,3% de todas as
mortes. Na faixa etária de 20 a 39 anos, aproximadamente 13,5% do total de
mortes são atribuíveis ao consumo excessivo de bebida alcoólica. Afinal, qual a
relação do hábito com o câncer? Segundo Adolfo Scherr, oncologista do Grupo
SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, a analogia entre consumo do álcool e
desenvolvimento de câncer já é bem estabelecida. “Em 2018, a Associação
Americana de Oncologia Clínica (ASCO) situou que 5% de todos os novos casos de
câncer estavam relacionados ao consumo de álcool. Os principais tumores
associados com o etilismo são os de cabeça e pescoço (boca, língua, garganta,
laringe), esôfago, estômago, fígado, intestino (cólon, reto) e mama”, apontou o
médico.
De
acordo com ele, a forma exata de como o álcool aumenta o risco de câncer não é
totalmente conhecida. “O que se sabe é que há mais de um mecanismo
carcinogênico envolvido como, por exemplo: a produção de acetaldeído, um
produto químico tóxico proveniente da metabolização do álcool etílico no
organismo e que tem o potencial de danificar o DNA e proteínas; geração de
radicais livres de oxigênio que também podem danificar o DNA, proteínas e
lipídios do corpo por meio do processo de oxidação; no intestino, o álcool pode
funcionar como solvente, facilitando a entrada de outras substâncias
carcinogênicas para dentro das células saudáveis; aumentando os
níveis sanguíneos de estrogênio, hormônio feminino associado ao risco de câncer
de mama”, explica.
Na
Semana de Combate ao Alcoolismo, celebrado em todo país a partir do
dia 18 de fevereiro, a pergunta que fica é: existe uma quantidade segura de
ingestão de álcool para evitar o câncer? “Quantificar uma dose segura para
consumo de bebida alcoólica não é tão simples. Vários fatores precisam ser
levados em conta como, por exemplo, o gênero (mulheres são mais suscetíveis aos
efeitos danosos do álcool) e raça (asiáticos têm maior chance de possuírem
alterações genéticas que levam a alterações enzimáticas e, consequentemente,
maior produção de acetaldeído no organismo após consumo de álcool). Além disso,
se uma pessoa sofre de alcoolismo é muito difícil falar em dose segura de
álcool, pois uma pequena quantidade como a encontrada em alguns chocolates já
pode desencadear uma recaída e levar o indivíduo a consumir doses excessivas”,
afirma Adolfo.
De
acordo com o especialista, atualmente, o limite máximo diário para consumo de
bebida alcoólica é de uma dose para mulheres e duas doses para os homens. Uma
dose corresponde a aproximadamente 30g de álcool etílico o que equivale a 350ml
de cerveja (uma lata ou garrafa long neck), 180ml de vinho (uma taça) ou 50ml
de destilados (como uísque, vodca, gin). “Vale ressaltar que a concentração
alcoólica pode variar bastante entre uma bebida destilada e outra assim como
entre estilos diferentes de cerveja, o que mais uma vez torna essa
quantificação de limite diário bastante difícil”, explica o médico.
O
fato é que o consumo de bebidas alcoólicas aumenta o risco global de
desenvolvimento de câncer ao longo do tempo. “Não há consenso na literatura
médica sobre o limite aceitável e seguro de consumo. Não há nenhum dado
científico que comprove que o consumo de alguma bebida alcoólica, o vinho, por
exemplo, pode prevenir o surgimento de um determinado tipo de câncer. Pessoas
que por algum motivo já tem risco elevado de desenvolver alguma neoplasia como
mulheres com história familiar positiva para câncer de mama, principalmente as
que têm alterações em alguns tipos determinados de genes, devem evitar o
consumo de bebida alcoólica, em qualquer quantidade”, conclui o oncologista.
Adolfo
Scherr - graduado em medicina pela Escola Superior
de Ciências da Santa Casa de Misericórdia
de Vitória (EMESCAM). Fez
residência em Clínica Médica pelo Conjunto Hospitalar do Mandaqui-SP. Possui
residência em Oncologia Clínica pela Unicamp e Mestrado em Clínica Médica pela
FCM-Unicamp. É membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC) com título de Especialista em Cancerologia Clínica pela Associação
Medica Brasileira – AMB/SBOC. Adolfo faz parte do corpo clínico de oncologistas
do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e atua no Instituto Radium de
Campinas e no Hospital Santa Tereza. E é também oncologista clínico do Hospital
Municipal Mario Gatti em Campinas.
Grupo
SOnHe - Sasse Oncologia e Hematologia
Redes
Sociais @gruposonhe
Nenhum comentário:
Postar um comentário