Pesquisar no Blog

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

O efeito irmão gêmeo nas relações de trabalho



O futuro nas companhias não será de líderes escolhidos somente por um grande número de diplomas, mas principalmente, pela capacidade em lidar com situações e pessoas.” Os profissionais serão avaliados para o trabalho através de seus comportamentos e relacionamentos”, afirma o professor da FGV Management e da Esic Internacional, Luciano Salamacha. O professor explica que para alguém chegar nessa referência de conduta, deve domar um costume praticado pela maioria das pessoas, a mania de querer que o outro pense e aja como a si próprio. Salamacha conceitualiza: é o efeito IRMÃO GÊMEO. Querer como parceiro de trabalho alguém, exatamente igual a nós mesmos. “Nesse momento da humanidade em que a palavra diversidade toma força, ela deve ser pensada em todos os sentidos para uma relação profissional. Ter companheiros de projetos diferentes é somar qualidades e consequentemente, resultados mais criativos”, afirma o professor que também é especialista em gestão de empresas e carreira.

Para Salamacha, quando projetamos no outro uma expectativa do próprio comportamento é em primeiro lugar, se frustrar porque não somos iguais. O professor recorre ao latim e explica que a palavra frustração vem de frustrari e significa que a recompensa não é compatível com aquilo que se desejava. Então, além de ter que lidar com um sentimento negativo que é a frustração, a pessoa terá que lidar com a situação que saiu de uma forma inesperada e até mesmo fora de controle. Afinal, quando esperamos que o outro faça como faríamos temos a tranquilidade de lidar com aquilo que já conhecemos. Mas, quando o outro faz exatamente o inesperado, temos também que criar estratégia para a situação inusitada. São várias demandas, simplesmente porque projetamos no colega o que somos.

Segundo, querer que alguém pense como eu, pode ser uma questão de amizade ou de muita intimidade o que faz com muitas pessoas acreditem que podem mandar no pensar da outra. Que, por amizade, se tem domínio sobre a outra. No ambiente corporativo a amizade deve ser um sentimento controlado e nunca acima das relações profissionais que vêm em primeiro plano.

Terceiro, a falta de entendimento sobre o pensamento diferenciado do outro e, pior, a não aceitação de ideias opostas às nossas. O especialista explica “ o que se debate aqui não são os princípios de ética, honestidade e solidariedade, estes sim, devem estar sempre alinhados dentro de uma equipe.”

Como lidar com o efeito Irmão Gêmeo no mundo corporativo?

Já sabemos que os irmãos gêmeos, embora as vezes idênticos, criados numa mesma casa e num mesmo tempo, desenvolverão características diferentes. Ainda assim, há pessoas que preferem o irmão gêmeo dentro da empresa para não sair do conforto de ouvir um posicionamento diferente do seu. E se a sua verdade não for a única verdade? Essa é a máxima que se deve lutar diariamente para romper a barreira em querer no grupo apenas pessoas que pensem como eu.

Salamacha explica que temos que baixar a expectativa, não esperar do outro e ter a mente e principalmente saber ouvir. Exercícios difíceis, mas hábitos possíveis.

Ter a mente aberta a novas verdades podem colocar abaixo falsas crenças, velhas ideias ou ainda inovar certos conceitos.

A minha reflexão sobre a outra parte pode também ajudar no crescimento de uma terceira pessoa que nem esteja envolvida no processo. “A democracia de ideia é contaminante”, afirma Luciano Salamacha.

E ainda, para o especialista em carreiras, o maior crescimento de uma pessoa dentro de uma empresa é aceitar o direito que cada um pensar como quiser, isso tem a ver com boa liderança.

Num momento de tanto radicalismo, o pensar sobre o pensar do outro pode nos abrir portas e janelas para o crescimento na carreira e pessoal. “ Não espere do outro, pense mais leve e seja um integrador de equipes “, aconselha Salamacha.

 


Luciano Salamacha - doutor em Administração e mestre em Engenharia de Produção. Preside e integra conselhos de administração de empresas brasileiras e multinacionais, Atua como consultor e palestrante internacional. É professor da Fundação Getúlio Vargas em programas de pós-graduação. Recebeu da FGV o prêmio de melhor professor em Estratégia de Empresas nos MBA’s, por sete anos seguidos. É um dos raros professores que fazem parte do “Quadro de Honra de Docentes”, da FGV Management. Também é professor de mestrado e doutorado no Brasil, na Argentina e nos EUA. Salamacha é coordenador de MBA de neurociências na ESIC Internacional, uma das mais importantes escolas de negócios da Europa. Luciano Salamacha é autor de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no exterior. Foi pioneiro na América Latina em pesquisas sobre neuroestratégia e neurociência aplicada ao mundo empresarial.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados