O futuro nas companhias não será de
líderes escolhidos somente por um grande número de diplomas, mas
principalmente, pela capacidade em lidar com situações e pessoas.” Os
profissionais serão avaliados para o trabalho através de seus comportamentos e
relacionamentos”, afirma o professor da FGV Management e da Esic Internacional,
Luciano Salamacha. O professor explica que para alguém chegar nessa referência
de conduta, deve domar um costume praticado pela maioria das pessoas, a mania
de querer que o outro pense e aja como a si próprio. Salamacha conceitualiza: é
o efeito IRMÃO GÊMEO. Querer como parceiro de trabalho alguém, exatamente igual
a nós mesmos. “Nesse momento da humanidade em que a palavra diversidade toma
força, ela deve ser pensada em todos os sentidos para uma relação profissional.
Ter companheiros de projetos diferentes é somar qualidades e consequentemente,
resultados mais criativos”, afirma o professor que também é especialista em
gestão de empresas e carreira.
Para Salamacha, quando projetamos no
outro uma expectativa do próprio comportamento é em primeiro lugar, se frustrar
porque não somos iguais. O professor recorre ao latim e explica que a palavra
frustração vem de frustrari e significa que a recompensa não é
compatível com aquilo que se desejava. Então, além de ter que lidar com um
sentimento negativo que é a frustração, a pessoa terá que lidar com a situação
que saiu de uma forma inesperada e até mesmo fora de controle. Afinal, quando
esperamos que o outro faça como faríamos temos a tranquilidade de lidar com
aquilo que já conhecemos. Mas, quando o outro faz exatamente o inesperado,
temos também que criar estratégia para a situação inusitada. São várias
demandas, simplesmente porque projetamos no colega o que somos.
Segundo, querer que alguém pense como
eu, pode ser uma questão de amizade ou de muita intimidade o que faz com muitas
pessoas acreditem que podem mandar no pensar da outra. Que, por amizade, se tem
domínio sobre a outra. No ambiente corporativo a amizade deve ser um sentimento
controlado e nunca acima das relações profissionais que vêm em primeiro plano.
Terceiro, a falta de entendimento
sobre o pensamento diferenciado do outro e, pior, a não aceitação de ideias
opostas às nossas. O especialista explica “ o que se debate aqui não são os
princípios de ética, honestidade e solidariedade, estes sim, devem estar sempre
alinhados dentro de uma equipe.”
Como lidar com o efeito Irmão Gêmeo no
mundo corporativo?
Já sabemos que os irmãos gêmeos,
embora as vezes idênticos, criados numa mesma casa e num mesmo tempo,
desenvolverão características diferentes. Ainda assim, há pessoas que preferem
o irmão gêmeo dentro da empresa para não sair do conforto de ouvir
um posicionamento diferente do seu. E se a sua verdade não for a única
verdade? Essa é a máxima que se deve lutar diariamente para romper a barreira
em querer no grupo apenas pessoas que pensem como eu.
Salamacha explica que temos que baixar
a expectativa, não esperar do outro e ter a mente e principalmente saber ouvir.
Exercícios difíceis, mas hábitos possíveis.
Ter a mente aberta a novas verdades
podem colocar abaixo falsas crenças, velhas ideias ou ainda inovar certos
conceitos.
A minha reflexão sobre a outra parte
pode também ajudar no crescimento de uma terceira pessoa que nem esteja
envolvida no processo. “A democracia de ideia é contaminante”, afirma
Luciano Salamacha.
E ainda, para o especialista em
carreiras, o maior crescimento de uma pessoa dentro de uma empresa é aceitar o direito
que cada um pensar como quiser, isso tem a ver com boa liderança.
Num momento de tanto radicalismo, o
pensar sobre o pensar do outro pode nos abrir portas e janelas para o
crescimento na carreira e pessoal. “ Não espere do outro, pense mais leve e seja
um integrador de equipes “, aconselha Salamacha.
Luciano
Salamacha - doutor em Administração e mestre em Engenharia de Produção. Preside
e integra conselhos de administração de empresas brasileiras e multinacionais,
Atua como consultor e palestrante internacional. É professor da Fundação
Getúlio Vargas em programas de pós-graduação. Recebeu da FGV o prêmio de melhor
professor em Estratégia de Empresas nos MBA’s, por sete anos seguidos. É um dos
raros professores que fazem parte do “Quadro de Honra de Docentes”, da FGV
Management. Também é professor de mestrado e doutorado no Brasil, na Argentina
e nos EUA. Salamacha é coordenador de MBA de neurociências na ESIC
Internacional, uma das mais importantes escolas de negócios da Europa. Luciano
Salamacha é autor de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no
exterior. Foi pioneiro na América Latina em pesquisas sobre neuroestratégia e
neurociência aplicada ao mundo empresarial.
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