Mais conhecida por se desenvolver ao longo da
terceira idade, as doenças neurodegenerativas são provocadas por fatores
genéticos e podem atingir também crianças
Com cerca de 10 milhões de novos casos a cada ano,
a demência afeta 50 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo (SBGG)6. Nos
idosos, esse problema é comumente causado devido à doença de Alzheimer1.
Nas crianças, os distúrbios neurodegenerativos incluem um grupo de doenças graves que determinam perda gradual de
funções motoras, sensoriais e cognitivas previamente adquiridas2.
“Uma das doenças neurodegenerativas raras e de rápida progressão, a CLN2 (do
inglês: ceroid lipofuscinosis neuronal type 2, ou Lipofuscinose Ceroide
Neuronal do tipo 2), é uma das maiores causadoras desta condição” diz a
neurologista infantil Dra. Maria Luiza Manreza.
A CLN2 é uma das 14 formas da Lipofuscinose
Ceroide Neuronal (LCN) – também conhecida como Doença de Batten – e,
mesmo sendo uma doença rara, com cerca de uma a cada 50 mil crianças com esse
diagnóstico no mundo3, ela ainda é a principal causa de
neurodegeneração na infância, tornando importante alertar a população sobre a
existência desse tipo de doença e seus principais sintomas nos primeiros anos
de vida.
“A neurodegeneração causada pela CLN2 é diferente
da observada em idosos, principalmente pela forma em que acontece”. A Dra. Mara
Lucia Schmitz explica que, “enquanto em idosos o avanço da idade e uma vida
desregrada possam ser fatores para o desenvolvimento da demência, as crianças
com CLN2 nascem com uma mutação genética que impossibilita a eliminação correta
de algumas substancias indesejáveis das células, causando acúmulo de um
material anormal que
prejudica o funcionamento cerebral, ocasionando uma involução do
desenvolvimento neuropsicomotor”, completa a médica.
Sintomas
Uma das maiores diferenças está, com certeza, em
como a neurodegeneração se manifesta entre pacientes mais novos e mais velhos.
Em idosos, a degeneração começa com sinais sutis de falta de memória,
normalmente ignorados pelo avanço da idade. Já em crianças, os primeiros
sintomas da CLN2 são o atraso da linguagem e as crises epilépticas a partir dos
dois anos de idade seguidos por perda de habilidades motoras e cognitivas já
adquiridas 5.
Por sua raridade, o diagnóstico da CLN2 é sempre
tardio, uma vez que os médicos não estão acostumados a ver essa doença com
frequência. “Crises epiléticas em associação com atraso no desenvolvimento da
fala deveriam ser uma bandeira vermelha para os médicos, levando-os a
investigar se aquela criança apresenta CLN”, explica a médica.
Diagnóstico
O teste laboratorial para identificar a CLN2 é
simples e pode ser feito por meio de amostra de sangue. A demência em idosos
não tem um exame especifico para identificar, seja o Alzheimer ou qualquer
outra doença que leve à degeneração cerebral, e os médicos utilizam diferentes
exames e avaliações para determinar se os sintomas se encaixam em certos
critérios.
Apesar das diferenças entre os fatores que resultam
nessa condição em crianças e idosos, a neurodegeneração e sua rápida progressão
afetam aspectos fisiológicos, sociais e econômicos de toda a família do
paciente.
Em todo o caso, o diagnóstico precoce de ambas as
condições proporciona uma melhor qualidade de vida para grandes ou pequenos
pacientes e são recebidos como uma sentença de cuidados específicos para
sempre. No caso da CLN2, a doença se desenvolve devido a um distúrbio genético
e, portanto, quando uma criança é diagnosticada com a doença, a família é
aconselhada a realizar o teste genético para entender se o gene mutado está
presente nos pais.
Referências
1.
MATIOLI, Maria Niures P.S. et al. Worries about
memory loss and knowledge on Alzheimer's disease in community-dwelling elderly
from Brazil. Dement. neuropsychol., São Paulo , v. 5, n.
2, p. 108-113, June 2011 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980
57642011000200108&lng=en&nrm=iso>.
2.
Mastrangelo M. Clinical approach to
neurodegenerative disorders in childhood: an updated overview. Acta Neurol Belg. 2019 Jun 3.
3.
Mole SE, Williams RE. Neuronal ceroid-lipofuscinoses. 2001 Oct 10 [Updated 2013
Aug 1]. In: Pagon RA, Adam MP, Ardinger HH, et al., editors. GeneReviews®
[internet]. Seattle, WA: University of Washington; 1993-2016.
4.
(CLN2 disease): Expert recommendations for early
detection and laboratory diagnosis. Mol Genet Metab. 2016;119(1-2):160-167.
5.
Schulz
A, Kohlschütter A, Mink J, Simonati A, Williams R. LCN diseases – clinical
perspectives. Biochim Biophys Acta. 2013;1832:1801-1806.
6.
Who Guidelines. Risk Reduction of Cognitive Decline and Dementia. Disponível
em: https://www.who.int/mental_health/neurology/dementia/Dementia_Guidelines_Evidence_Profiles.pdf?ua=1.
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