As
manifestações gastrointestinais afetam cerca de 90% dos pacientes com o
diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Uma nova pesquisa, publicada na revista científica Autism Research, mostrou que a conexão entre o cérebro e o intestino é mais importante do que se imaginava.
Os pesquisadores descobriram que as mesmas mutações genéticas - encontradas tanto no cérebro quanto no intestino - podem ser a causa das complicações gastrointestinais, na população com TEA.
A descoberta confirma a ligação do sistema nervoso com o intestino, abrindo uma nova direção para a busca de tratamentos mais efetivos.
Segundo a neuropediatra Dra. Andrea Weinmann, o Sistema Nervoso Central (SNC) controla quase todas as funções do corpo humano, menos a digestão que é realizada pelo Sistema Nervoso Entérico (SNE).
“Os neurônicos do SNE, cerca de 500 milhões, atuam no estômago produzindo ácidos durante a mastigação, controlam os processos digestivos e fazem com que os músculos intestinais funcionem. A maioria dos neurônios do SNE está localizada nas paredes intestinais. São eles que coordenam todos os movimentos do órgão até a evacuação, momento em que o cérebro retoma o comando”, explica Dra. Andrea.
Os pesquisadores analisaram uma mutação genética específica, chamada de R451C e descobriram que ela afeta a função do intestino delgado e do cólon, altera a quantidade de células neuronais no intestino delgado, assim como leva ao desequilíbrio da microbiota intestinal.
Enquanto essa mutação nas células do cérebro é responsável pelas manifestações comportamentais e da comunicação do autismo, no intestino leva aos sintomas gastrointestinais, altamente prevalente nas crianças com esse diagnóstico.
Outra descoberta importante foi que essa mesma mutação aumenta a sensibilidade à modulação do receptor do GABA (ácido gama-aminobutírico), um dos mais importantes neurotransmissores inibitórios do organismo. A principal função do GABA é inibir ou desacelerar a atividade cerebral e está presente tanto dentro quanto fora do SNC, como por exemplo nos intestinos.
Dieta pode ajudar no controle dos sintomas?
“Em geral, é o neuropediatra que acompanha a criança com TEA que irá encaminhá-la para um nutricionista, que se possível deve ter experiência em autismo. Além desse encaminhamento, é importante fazer exames e avaliar se a criança possui alguma alergia alimentar ou intolerância a certos alimentos, como a intolerância ao glúten à lactose”, comenta Dra. Andrea.
Porém, quando for preciso restringir certos grupos alimentares pelos motivos citados acima, é imprescindível o acompanhamento por um nutricionista em parceria com o neuropediatra, já que as crianças precisam de todos os nutrientes para um bom desenvolvimento.
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