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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Dependência Química tem Cura?



De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, mais de 3,5 milhões de brasileiros consumiram algum tipo de droga ilícita recentemente. Dados como esse são preocupantes, visto que o uso dessas substâncias traz inúmeras consequências graves à saúde, e revelam a necessidade de ajuda para que essas pessoas possam ser inseridas socialmente e sigam uma vida normal. Mas será que a dependência química tem cura?

O problema abrange uma discussão ampla e complexa, requer uma completa transformação no cotidiano do usuário e, principalmente, que ele acredite na possibilidade de livrar-se desse mal. Por esse motivo, neste post vamos esclarecer em detalhes essa questão, além de abordar outros pontos importantes sobre o tema. Então, se você quer saber se é possível deixar definitivamente de ser um dependente químico, continue a leitura do conteúdo e entenda!


 Dependência química tem cura?

A psiquiatra Suele Serra explica que a dependência química é considerada uma doença crônica, progressiva, sem cura, porém, tratável. Apesar da possibilidade de tratamento, a recaída durante o período de recuperação atinge de 40 a 60% dos pacientes, o que se equipara às recidivas da diabetes e hipertensão arterial sistêmica, que ocorre em 50 a 60% dos pacientes.

Desse modo, o dependente químico precisa de uma fase terapêutica contínua, a qual proporcionará resultados a longo prazo. Quanto antes medidas forem tomadas para reverter o quadro, melhor, pois o vício tende a tornar-se irreversível com o passar do tempo. 

Como é o tratamento para cura da dependência química?


O vício em drogas provoca alterações comportamentais, cognitivas, afetivas e sociais. Por isso, durante o tratamento, todas essas esferas são trabalhadas, para que o indivíduo possa se recuperar integralmente. Inicialmente é realizada uma entrevista motivacional, com o intuito de fazer ações coercitivas, que ajudarão na adesão ao processo de reabilitação, a partir de estímulos internos e externos do próprio paciente.

Essa etapa envolve algumas fases referentes à decisão de mudar o hábito de usar substâncias químicas. Saiba quais são elas!

Pré-contemplação

Nesse momento, o paciente nega que tem um problema, desconhece a necessidade de mudança e acredita que não precisa de um tratamento. Assim, resiste a qualquer tipo de ajuda e também não cogita a adoção de medidas que o levariam a deixar de ser um dependente químico — procurar um profissional especializado, por exemplo.

 

Contemplação

Aqui, o paciente já começa a aceitar o seu problema, porém, ainda tem dúvidas se de fato a dependência existe e acredita que terá capacidade para superá-la sozinho. Além disso, tenta encontrar razões que justifiquem o contexto em que se encontra inserido.

 

Preparação

Nesse estágio o paciente assume que realmente sofre com a dependência química, começa a planejar e pensar nas possibilidades de lidar com a doença e viver melhor.

 

Ação 

Dura de 3 a 6 meses e compreende o período em que o dependente químico inicia um plano de ação voltado ao tratamento, com o intuito de evitar recaídas, mudar seu ambiente social e afastar-se de pessoas que também usam drogas e podem contribuir para que ele volte ao vício.

 

Manutenção

A fase de manutenção começa após o indivíduo alcançar o seu objetivo de estar longe das drogas. No entanto, ele não está livre de enfrentar recaídas, mas entende isso e sabe que deve se manter firme e continuar o seu tratamento.

"É necessário que o paciente saia de um ciclo vicioso e de sentimentos que cria e fantasia em relação a ele mesmo. Muitas vezes, tem-se um sentimento de onipotência, autossuficiência", aponta a especialista. Adotar uma postura negativa, no sentido de não respeitar os profissionais que estão à disposição para ajudá-lo e querer que tudo seja feito a seu favor também são pontos que atrapalham a obtenção de bons resultados. 
Outro empecilho é a fase da mentira, na qual há uma tentativa de manipular as pessoas a sua volta. Após essas etapas, ele ainda pode se vitimizar e culpar outros problemas pela sua dependência. Assim, cria ferramentas para desestruturar o seu tratamento até interrompê-lo, o que torna fundamental o apoio familiar e psiquiátrico para estabilizar o humor, regular os níveis de depressão, ansiedade e síndrome motivacional.
 
Atualmente, além do atendimento com psiquiatras, é possível utilizar uma psicoterapia baseada na terapia cognitiva e comportamental, visando a criação de um cronograma diário para definir o que o dependente químico precisa fazer. O uso de estratégias para que ele possa reconhecer a doença e a necessidade de se tratar também mostra-se muito importante, tanto quanto o acompanhamento com um educador físico e nutricionista, pois o vício altera a estrutura do organismo como um todo, fator que poderá favorecer o desenvolvimento de outras doenças, como a pancreatite.
 

Como encarar as recaídas no tratamento da dependência química?

Suele usou a seguinte metáfora para retratar como o paciente deve encarar as recaídas: "eu faço hipismo, cada vez que eu caio do cavalo, dá um medo, mas eu tenho que subir de novo, continuar galopando e saltando os obstáculos". A psiquiatra acrescenta ainda que ele estará sujeito às recidivas, porém, precisa entender que isso não significa ausência de conquistas, e sim que é o momento de começar novamente de onde parou. 
Com o tratamento, o indivíduo já tem ganhos e uma estrutura para lidar com esse tipo de situação, que faz parte do processo e não deve ser um motivo para interromper a recuperação.
 
 

Qual o papel da família na cura da dependência química?

Os familiares têm o papel de dar apoio, sem julgamentos, e ajudar o paciente na sua reabilitação. No entanto, há casos em que a família pode facilitar o tratamento ou prejudicá-lo — se for conivente com as ideias do dependente de burlar nesse processo, por exemplo. Também é fundamental que as pessoas saibam lidar com a co-dependência, ou seja, o desenvolvimento dos mesmos sintomas de quem sofre com o vício — depressão, ansiedade e sentimento de responsabilidade pelas atitudes geradas pela dependência. 
Desse modo, os entes queridos precisam ser bem orientados para não adoecerem, necessitam de psicoterapia, um trabalho de psicoterapeuta holístico, entender bem o que é a dependência química e ter pulso firme para ajudar na evolução do tratamento.
 
 

Como um hospital especializado pode ajudar na cura da dependência química?

Infelizmente, quando em estado de dependência química, o paciente não consegue entrar em abstinência sozinho. Então, o tratamento em regime de internação fechada possibilita que ele não entre em contato com a droga, pois está em um ambiente protegido e com total suporte, o que facilitará a continuidade da reabilitação. No hospital, ele passará pelo processo de desintoxicação e poderá ter uma crise causada pela falta da substância química em seu organismo, que é a parte mais dolorosa do tratamento, visto que gera alterações físicas, psicológicas, sudorese e até convulsões.
Nesse caso, a instituição consegue ajudá-lo a superar esse momento. Primeiramente, há uma remissão inicial — até um ano, pois nesse período as chances de recaída são maiores — e depois a remissão permanente.
 

Como escolher o melhor hospital para o tratamento?

A instituição precisa contar com profissionais especializados na área, que atuem na recuperação do dependente químico e diante de qualquer intercorrência, ser formada por uma equipe bem estruturada, oferecer avaliação nutricional para proporcionar suporte a pacientes subnutridos e ter diversas atividades terapêuticas, como o Hospital Santa Mônica, que é completo. Além disso, a instituição deve fornecer suporte 24 horas e contemplar todos os passos necessários para um tratamento eficaz.
 
Agora que você descobriu se a dependência química tem cura ou não, e compreendeu diversos fatores relevantes que envolvem o processo de reabilitação, é muito importante que reflita sobre os ganhos que serão proporcionados a partir de um tratamento adequado e veja que vale a pena procurar profissionais capacitados para auxiliar no processo. Tenha em mente que embora seja um problema crônico, tratar-se permitirá que a vida ganhe um novo sentido.
 

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