As
discussões sobre as novas regras para a Telemedicina no Brasil ganharam mais um
capítulo. O Conselho Federal de Medicina (CFM) reabriu, por mais 60 dias,
o debate público sobre a Resolução nº 2.227/18, que determina uma série de
regras para consultas online, telecirurgias e telediagnóstico, entre outras
formas de atendimento à distância. O texto estabelece a telemedicina como
exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência,
educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde, podendo
ser realizada em tempo real ou offline.
Sandra
Franco, consultora jurídica e presidente da Academia Brasileira de Direito
Médico e da Saúde, explica que a norma permite a médicos
atenderem pacientes em áreas de difícil acesso, por exemplo, usando um
computador ou smartphone. Entretanto, diversos conselhos regionais de saúde,
sindicatos e sociedades de especialidades estão criticando publicamente a nova
legislação.
“Diversas
entidades estão protestando contra as novas regras da Telemedicina, com o
discurso de que não participaram da confecção da resolução. Entretanto, o
argumento é questionável. Há muito tempo o CFM abriu o debate para todos se
manifestarem sobre a telemedicina, inclusive havendo várias críticas por partes
dos médicos em razão de a antiga resolução ser de 2002. Quantos médicos já
fazem hoje o atendimento remoto, sem regulamentação? Uma orientação pelo
whatsapp, por telefone, é atendimento não presencial. Agora, os conselhos terão
mais 60 dias para enviarem suas contribuições”, afirma Sandra Franco.
A
especialista, doutoranda em Telemedicina, defende que o avanço da tecnologia no
setor de saúde e inevitável. “Não podemos ser contrários ao uso da tecnologia
responsável na saúde, em especial em um país com a nossa realidade. Esse não é
o momento de se insurgir em críticas e tentar evitar o inevitável : o avanço da
Tecnologia na Medicina. Em outros países, a Telemedicina já é uma
realidade há muito tempo. Assim, devemos canalizar as energias para buscar as
ferramentas necessárias para instrumentalizar a resolução da maneira mais
ética, juridicamente segura e favorável aos pacientes e profissionais da
saúde”, ressalta.
Sandra
Franco também destaca que, ao regulamentar a Telemedicina no Brasil, o CFM abre
oportunidades para que os médicos tenham a possibilidade de crescer
profissional e financeiramente – abrem-se oportunidades aos especialistas, que,
inclusive, poderão ajudar a mais pessoas, à distância.
Agora,
ele poderá atender mais pacientes e também ganhar mais tempo, pois poderá
atender remotamente, pacientes em lugares distantes”, afirma.
A
Telemedicina, segundo a especialista, já possui resultados positivos em
outros países. “A Telemedicina (em um conceito amplo) existe há muito tempo em
hospitais e planos de saúde de outros países do mundo como, por exemplo, EUA e
Inglaterra. Estudos locais apontam que para resultados positivos e diminuição
de custos. O uso da Telemedicina de forma adequada e regulamentada será
favorável para os médicos e para a sociedade”, conclui.
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