Janeiro é o mês de
conscientização deste tipo de tumor que tem o HPV como causador de 70% dos
casos
Para cada 100 mil mulheres, 14 terão câncer colo do
útero no mundo. Em países menos desenvolvidos esse número cresce para 15,7
casos a cada 100 mil mulheres e, nos mais desenvolvidos, 9,9. De acordo com o
relatório estatístico do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil possui
uma taxa de 15,43 casos, bem próxima aos países menos desenvolvidos no mundo.
“A situação no Brasil é ainda mais preocupante
quando analisamos os dados da Região Norte (25,62/100 mil), Nordeste (20,47/100
mil) e Centro-Oeste (18,32/100 mil), locais em que o aumento é significativo”,
afirma o oncologista clínico de Campinas/SP David Pinheiro Cunha, do Grupo
SOnHe - Sasse Oncologia e Hematologia.
O vírus Papiloma Vírus Humano, conhecido por HPV, é
o responsável por cerca de 630.000 casos deste tipo de câncer por ano no mundo.
Desde o lançamento da vacina contra o HPV, em 2006, mais de 200 milhões de
doses foram aplicadas no mundo e diversos estudos – que monitoraram durante
anos centenas de milhares de pessoas vacinadas na Austrália, Europa e América
do Norte – excluíram a ocorrência de eventos adversos graves ou permanentes.
“Mesmo com todas as campanhas de vacinação
realizadas nos EUA, em 2017 apenas 49% dos adolescentes receberam vacinação
integral. Percentual ainda baixo quando comparado com outras vacinas para a
mesma faixa etária. Sendo assim, no final de dezembro, foi enviado à Casa
Branca, pela presidente do “Cancer Panel”, um relatório sobre a
prevenção de câncer e o uso da vacina HPV, com ações de continuidade de
campanhas direcionadas aos pais para fortalecer a vacinação. O objetivo é que,
em 2020, 80% dos adolescentes estejam vacinados”, comenta o médico.
O cenário no Brasil é alarmante. Em 2017, somente
41,8% das meninas elegíveis à vacinação tomaram a segunda dose e este número é
ainda pior nos meninos, chegando somente a 13%. Por isso, o Ministério da Saúde está convocando
frequentemente os adolescentes para a vacinação.
“Importante destacar que para uma proteção eficaz é
necessário receber duas doses da vacina. E, ainda, reforçar que a vacina utilizada no país é capaz de
prevenir 70% cânceres do colo útero,
90% de cânceres anal, 63% do câncer de pênis, 70% dos cânceres de vagina, 72%
dos cânceres de orofaringe e 90% das verrugas genitais. Além disso, as vacinas
HPV protegem contra o pré-câncer cervical em mulheres de 15 a 26 anos,
associados ao HPV16 /18. São vacinas seguras e não aumentam o risco de
eventos adversos graves, aborto ou interrupção da gravidez”, explica Dr.
David.
Prevenção
Janeiro é o mês de conscientização do câncer de
colo do útero, que dentre os tipos de tumor, é a neoplasia com altíssimo
potencial de prevenção, atingindo a cura em mais de 80% dos casos quando
diagnosticado em fases iniciais. Para o rastreamento e diagnóstico precoce é
recomendado o exame citopatológico, conhecido popularmente como exame de
Papanicolau. “Este exame permite a detecção das lesões precursoras da doença em
estágios iniciais, antes mesmo do aparecimento dos sintomas. Deve ser feito em
toda mulher que tem ou já teve atividade sexual, especialmente entre 25 e 64
anos. A prevenção também deve ser realizada com o uso de preservativos durante
a relação sexual, uma vez que a prática de sexo seguro é uma das formas de
evitar o contágio do HPV”, afirma o oncologista.
Outra forma de prevenção é a vacinação contra o HPV
recomendada para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos.
Mulheres e homens fora dessa faixa etária também podem tomar a vacina no
sistema privado, apesar da eficácia ser reduzida em caso de exposição prévia ao
vírus.
David
Pinheiro Cunha - formado em oncologia clínica pela Unicamp,
realizou estágio no serviço de oncologia e pesquisa clínica em Northwestern
Medicine Developmental Therapeutics Institute, Chicago, Illinois, EUA; membro
titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO). Oncologista no
Hospital da PUC- Campinas, onde desenvolve supervisão dos residentes.
Como membro do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, David é oncologista
do Hospital Vera Cruz, no Instituto Radium de Campinas e do Hospital Santa
Tereza.
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