Novo relatório do Fórum Econômico Mundial aponta que economistas e
investidores continuam preocupados com ameaças relacionadas a meio ambiente e
mudança do clima à economia global, que podem afetar o crescimento econômico
negativamente em 2019
Riscos associados à mudança do clima e meio
ambiente continuam liderando o ranking de preocupações para a economia global,
aponta a nova edição do Relatório sobre Riscos Globais produzido pelo Fórum
Econômico Mundial e publicado hoje (16/1). O relatório incorpora os
resultados da Pesquisa Global de Percepção de Riscos, que ouviu aproximadamente
mil especialistas e tomadores de decisão. Para eles, os riscos ambientais
continuam dominando suas preocupações de médio e longo prazos: todos os riscos
ambientais que o relatório aponta estão novamente na categoria de alto impacto
e alta probabilidade - perda de biodiversidade; eventos climáticos extremos;
falha na mitigação e adaptação às mudanças climáticas; desastres provocados
pelo homem; e desastres naturais.
"O ano passado foi marcado por incêndios
históricos, inundações contínuas e aumento das emissões de gases de efeito
estufa. Não é surpresa que, em 2019, os riscos ambientais dominem mais uma vez
a lista das principais preocupações", aponta Alison Martin, diretora de
risco do Zurich Insurance Group. "Para responder
efetivamente às mudanças climáticas, é necessário um aumento significativo da
infraestrutura para se adaptar a esse novo ambiente e passar para uma economia
de baixo carbono”.
De acordo com Martin, até 2040, a lacuna de
investimento em infraestrutura global está estimada em US$ 18 trilhões contra
uma necessidade projetada de US$ 97 trilhões. "Nesse contexto,
recomendamos fortemente que as empresas desenvolvam uma estratégia de adaptação
e resiliência climática e que trabalhem nisso o quanto antes".
Os riscos ambientais também apresentam problemas
para a infraestrutura urbana e seu desenvolvimento. Com a elevação do nível do
mar, muitas cidades precisam encarar soluções extremamente caras para problemas
que vão desde a extração limpa de água subterrânea até barreiras contra
super-tempestades. A escassez de investimento em infraestruturas críticas, como
transporte, pode levar a falhas em todo o sistema, bem como exacerbar os riscos
sociais, ambientais e os relacionados à saúde humana.
"O subfinanciamento persistente de
infraestrutura crítica em todo o mundo está dificultando o progresso econômico,
deixando empresas e comunidades mais vulneráveis tanto a ataques cibernéticos
quanto a catástrofes naturais, incapazes de aproveitar ao máximo a inovação
tecnológica", argumenta John Drzik, presidente de risco global e digital
da Marsh. "A alocação de recursos para o investimento em infraestrutura,
em parte por meio de novos incentivos para parcerias público-privadas, é vital
para a construção e o fortalecimento de fundações físicas e redes digitais que
permitirão às sociedades crescer e prosperar".
O relatório aponta ainda para uma deterioração
das condições econômicas e geopolíticas globais em 2019, resultado das
dificuldades enfrentadas pela cooperação internacional para promover ação
coletiva para enfrentar as principais urgências atuais do mundo, como a mudança
do clima. Essa piora na qualidade das relações internacionais também afeta as
trocas comerciais, algo que foi bastante sensível em 2018, com a intensificação
das "guerras comerciais" entre as grandes potências, especialmente
entre Estados Unidos e China.
"Com o comércio global e o crescimento
econômico em risco em 2019, existe uma necessidade mais urgente de renovar a
arquitetura da cooperação internacional", disse Børge Brende, presidente
do Fórum Econômico Mundial.
"Não temos condições para lidar com o tipo de
desaceleração que a dinâmica atual pode nos levar. Precisamos de ação
coordenada e concertada para sustentar o crescimento e enfrentar as graves
ameaças que o nosso mundo enfrenta hoje".
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