Hélio Magalhães comanda a maior Câmara
Americana, entre 114 existentes fora dos EUA, comenta a declaração de Trump
sobre o Brasil ser um país ‘duro’ com empresas americanas
Assim como presidente Donald
Trump, os empresários brasileiros enxergam dificuldade em fazer negócios
globalmente a partir do país. Em pesquisa Amcham com 130 diretores de
multinacionais e empresas brasileiras, sobre a principal barreira à
integração e inserção do Brasil nas cadeias globais de valor, 31% apontaram a
insegurança jurídica e normativa para investimentos
como principal obstáculo. Em seguida, vieram os custos poucos
competitivos (27%), falta de acordos comerciais ou de investimento (25%),
ausência de estímulos à internacionalização de empresas e financiamento e
garantia às exportações (13%).
“Precisamos escolher um líder
que priorize a inserção do Brasil nas cadeias globais
de valor como uma estratégia para o médio e longo prazo, além da
desburocratização do comércio. Observamos que, apesar dos riscos evidentes e
crescentes, esses temas ainda aparecem de forma tímida nas discussões da nossa
politica interna”, argumenta Hélio Magalhães, presidente do Conselho da Amcham Brasil, a maior Câmara
Americana, entre 114 existentes fora dos EUA.
Ainda na pesquisa da Amcham
realizada em junho deste ano, 56% dos empresários gostariam de observar um
governo brasileiro com uma postura mais ativa de diálogo na relação bilateral
Brasil-EUA, se comprometendo com um horizonte de negociação mais concreto com
os Estados Unidos. Para 33%, o diálogo já deveria ser intensificado no curto
prazo, de forma a evitar possíveis novas sobretaxas.
Na visão da Amcham, a eleição
de outubro é a chance de reverter este cenário de baixa participação brasileira
no comércio internacional. A entidade vem realizando um trabalho de influência
na agenda dos principais candidatos à presidência. As propostas recebidas pelos candidatos foram dividas em quatro
pilares de atuação: Segurança Jurídica e Atração de Investimentos, Modernização
do Sistema Tributário, Integração do Brasil nas Cadeias Globais de Valor e
Fortalecimento da Relação Bilateral Brasil – Estados Unidos.
Hélio Magalhães destaca como
“positivo” o comentário de Trump sobre o fato de nenhum presidente americano
tentar negociar com o Brasil. “O ponto positivo é esse aceno para uma conversa.
E não estou discutindo se ele está certo ou errado”, reitera. Um papel mais
forte nas negociações globais depende do país melhorar a competitividade aqui
dentro, afirma o executivo. “Seria ótimo se o
novo governo pudesse iniciar a discussão sobre um acordo comercial. Se Trump
estiver disponível, a Amcham fará todo esforço para facilitar essa conversa
entre o governo americano e o brasileiro.”
Mercado
interno super protegido
O presidente do conselho da Amcham (Câmara
Americana de Comércio), Hélio Magalhães, discorda de Trump sobre o Brasil ser
difícil nas negociações. “Não é que nós negociamos de uma forma mais dura. A
questão é que o Brasil é um país que sempre protegeu
a produção interna. Isso, que não é nenhuma novidade, afeta igualmente todos
que produzem em solo brasileiro.”
O anúncio nos EUA de um novo acordo de
livre-comércio entre EUA, Canadá e México acabou servindo de oportunidade para
o presidente americano, Donald Trump, alfinetar o Brasil e sua política comercial. Ao dizer a um jornalista que a Índia cobra "tarifas
tremendas" dos EUA, Trump acrescentou que "o
Brasil é outro caso. Eles cobram de nós o que querem. Se você perguntar a
algumas empresas, elas dirão que o Brasil está entre os mais duros do mundo (em
comércio exterior), talvez o mais duro".
Para Hélio Magalhães, entre
os principais problemas do ambiente de negócio brasileiro estão a elevada carga
tributária e o excesso de burocracia, impactando não somente as empresas
americanas. "É um ambiente muito
complexo, pouco favorável aos negócios, com alta carga tributária,
instabilidade jurídica, corrupção que encarece (as transações), ineficiência da
mão de obra e baixa qualidade dos serviços públicos. Além disso, temos poucos
acordos comerciais. Mas não faz sentido dizer
que o Brasil trata mal as empresas americanas. Todas são tratadas da mesma
maneira", comenta o presidente do Conselho da Amcham Brasil, que reúne mais de 5 mil empresas, sendo 85% delas brasileiras.
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