Para a engenheira química do Freitag Laboratórios, Grace Jenske,
além dos consumidores, o uso de agrotóxicos também prejudica agricultores e as comunidades
próximas às plantações
A
discussão em torno do Projeto de Lei 6299/2002,
que flexibiliza a regulação de agrotóxicos no país, tem ganhado cada vez mais
projeção. O projeto, que avança rapidamente no plenário da Câmara, tem sido
motivo de diversos debates e movimentações, inclusive, de petições contra a
emenda na internet.
Os principais pontos
levantados contra o projeto é que a nova lei flexibilizaria as regras de
aplicação e fiscalização dos agrotóxicos, o que poderia tornar os critérios de
aprovação menos rigorosos e, ainda, facilitar a entrada de substâncias nocivas
à saúde. Além disso, a fiscalização seria centralizada no Ministério da
Agricultura, diminuindo assim a interferência de órgãos de saúde e meio
ambiente - a saber, Anvisa e Ibama.
Segundo informações
divulgadas pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), o brasileiro
consome em média 7 litros de agrotóxicos por ano. De acordo com a engenheira
química do Freitag Laboratórios, Grace Jenske, mesmo que esse consumo não ocorra de forma
direta, os agrotóxicos utilizados nas plantações não somem do nosso planeta,
ficam no meio ambiente contaminando solos, águas e ar.
Um dado divulgado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que entre os países em
desenvolvimento, os agrotóxicos são responsáveis por cerca de 70.000 casos de
intoxicações por ano. Um dado ainda mais impressionante, divulgado em 2016 pela
organização, relacionou casos de intoxicações por agrotóxicos no Brasil com
tentativas de suicídio - o país é um dos líderes no consumo de agrotóxicos.
Para Grace, a pauta
que segue em tramitação na Câmara é uma questão ética que envolve saúde pública
e preservação do meio ambiente. “O debate vigente e o aumento do consumo de
produtos orgânicos nos últimos anos mostra que a população está preocupada com
os impactos que os agrotóxicos causam e que vêm buscando alternativas para
fugir do consumo dessas substâncias”.
A
engenheira química do Freitag Laboratórios enfatiza que, caso a lei seja
aprovada, o país estará indo na contramão dos países desenvolvidos que, em sua
maioria, buscam reduzir a utilização desses produtos. A especialista defende
ainda que outras alternativas devem ser incentivadas na Agricultura, como
exemplo, a prática da Agroecologia que visa uma agricultura ambientalmente
sustentável e economicamente viável. Atualmente aguarda-se a aprovação do
Projeto de Lei 6670/2016 que institui a Política Nacional de Redução de
Agrotóxicos (PNaRA), ainda sem data para votação.
“A
emenda negligencia questões como a quantidade, o local e o modo de aplicar o
produto e leva em consideração características de outros países para avaliar os
riscos de um agrotóxico que será utilizado aqui”, diz a especialista que
salienta a possibilidade de liberação de produtos que não estão previstos
nas nossas legislações de águas, solos e alimentos.
Segundo
dados do Ministério da Saúde sobre o monitoramento de agrotóxicos em água de
consumo humano, apenas 13% dos municípios fazem esse controle regularmente. Ou
seja, em aproximadamente 87% dos municípios do país, a população não possui
conhecimento do que está ingerindo na água que consome.
Para Grace, não é
apenas o consumidor final que tem sua qualidade de vida prejudicada pelo uso de
agrotóxicos, mas também agricultores e as comunidades próximas às plantações
que utilizam esses produtos químicos. “Além disso, os efeitos da
exposição contínua são tão grandes que a ciência ainda não conhece a dimensão
das consequências que os agrotóxicos causam à saúde humana”, completa a
engenheira química.
Laboratório Weingärtner
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